terça-feira, 4 de agosto de 2009

O ritmo dos campeões

VILA OLÍMPICA

Com dedicação e suor, equipe de ginástica rítmica caminha há cinco anos
por Hosana Souza

Sem patrocínio, estrutura ou divulgação. Essa é a realidade das meninas que fazem parte das equipes mirim, pré-infantil, infantil, juvenil e adulto de ginástica rítmica do município de Nova Iguaçu. O que seria, para muitos, um grande motivo para desistir, transforma-se todos os dias em motivação.

Mesmo treinando apenas com alguns arcos, bolas de outros esportes e um carpete, quando o necessário seria um tablado com amortecimento, elas participam todo ano da Copa de Caxias, da Copa ABB de Niterói, da Copa Vasco da Gama e do Campeonato Estadual, nas categorias iniciantes e estreantes.

Esse sonho começou em 1990 com a professora de educação física e ex-atleta Kátia Monteiro Nardi, de 49 anos. Nesse período ela teve a oportunidade de fazer um curso de extensão em ginástica rítmica com uma técnica da Bulgária, aqui mesmo em Nova Iguaçu, e o que antes era uma pretensão se tornou um trabalho consolidado na Vila Olímpica de Belford Roxo.

Depois disso, Kátia foi convidada a trabalhar no SESC de Nova Iguaçu. “O trabalho no SESC era muito elitizado, só participavam pessoas com poder aquisitivo”, confessa a treinadora de Nova Iguaçu, desejando que a prática desportiva seja disseminada na Baixada. Por isso a ex-atleta entrou em contato com o secretário de Esportes e Lazer para iniciar o que atualmente é a escolinha na Vila Olímpica.

E é nessa escolinha que hoje vemos 30 meninas, todas da rede municipal e estadual de ensino, lutando por um sonho. “Nós fazemos ginástica por pura paixão, nós não temos condições de treino, mas vamos levando, até o dia em que for possível ter uma estrutura melhor, quem sabe até um patrocínio”, diz Camila Amaral, 17 anos, aluna do projeto.

O trabalho de Kátia já rendeu grandes frutos. “Nós temos varias meninas em outras equipes, umas no Miécimo da Silva em Campo Grande e outras no ABB da Tijuca. Uma em especial, a Raiana, foi campeã estadual três vezes, e por ter uma grande flexibilidade hoje é contorcionista e faz testes pra o Cirque du Soleil”, diz orgulhosa. Além de grandes exemplos, a equipe possui cinco meninas federadas, entre elas Camila, que lamenta o fato de que nem todas têm essa

oportunidade. “Lutamos todos os dias, e nós sabemos que um dia vamos conseguir. Eu já estou com uma idade avançada, o desejo mesmo é que as outras meninas possam explodir nas competições, todas têm talento”.

O grupo é muito unido, e dentre tantas história de vida, uma em especial chama mais atenção. Sara Dias de Oliveira, 10 anos, portadora da síndrome de Down, está no projeto há um ano e, mais do que um esporte ou um lazer, ganhou uma nova família. As meninas auxiliam e a respeitam. Ela retribui com paciência e com muito carinho. Nilza José Dias de Oliveira, 44 anos, mãe de Sara, comenta como foi difícil chegar até ali. “No começo do ano passado eu tentei, mas não consegui uma vaga. Voltei no meio do ano e conversei com a Kátia, que aceitou trabalhar com ela. Ao contrário do que se podia imaginar, todos receberam ela com carinho e minha filha respondeu muito bem a tudo isso”.

Sara adora fazer ginástica e fala que um dia fará um solo. Ela já se apresentou três vezes, tornando-se mais um exemplo e mais um estímulo para que o trabalho continue. “Meu desejo era poder atender mais ‘Saras’, abrir as portas, esporte é inclusão. Na realidade mesmo, o meu sonho era poder formar uma grande rede com mais alunos. O trabalho não é apenas descobrir talentos, mas formar cidadãos com espírito coletivo, e, quando encontramos esses talentos, podemos investir e fazer com que despontem, levando o nome de Nova Iguaçu”, diz Kátia, emocionada.

É com o máximo de cada aluna, de cada mãe e da sonhadora técnica, que a equipe ganha força. É treinando ora na Vila Olímpica, ora na quadra da Escola Municipal Monteiro Lobato, que elas formaram a oficina esportiva mais procurada, tendo até uma fila de espera.

Com a esperança de dias melhores, elas se preparam para o próximo evento, que ocorrerá no dia 9 de agosto na própria Vila Olímpica. Impulsionadas não apenas pela paixão pela ginástica, mas pela consciência de que, graças aos grandes esforços, o esporte em Nova Iguaçu tende a crescer cada vez mais.

Interatividade:
Você acha importante a presença de grandes atletas na formação de novos campeões?

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