sábado, 29 de agosto de 2009

Cinema à brasileira


HOJE NO II IGUACINE

Crítico de Cinema Rodrigo Fonseca fala sobre cinema nacional para o Jovem Repórter
Por Edson Borges Vicente e Fernanda Bastos da Silva

Cinema Tupiniquim
Embora não exerça competitividade significativa, se comparado com mercado norte-americano, o cinema brasileiro possui excelente qualidade. Essa é a opinião de Rodrigo Fonseca, 29 anos, crítico e amante de cinema há dez anos que trabalha para o Jornal o Globo. Segundo ele o cinema tupiniquim é muito dependente da questão das leis. “você tem um patrocínio público, isso limita um pouco uma imposta no cinema mais auto-sustentável, mais competitivo, comercial”, afirma ele.

Contudo, vale ressaltar que a competitividade do mercado do cinema é guiada pela lógica americana uma vez que lá já existe tem uma rede de investimento próprio muito forte. Por isso além de desenvolver boas produções, existe a necessidade de se exportar para a maior parte do mundo. Arrecadar quantia suficiente para zerar as contas. Sendo assim, quanto mais competitiva, quanto mais voltada pro mercado, melhor sucedida será a indústria cinematográfica.

O mercado brasileiro não segue à risca essa mesma lógica por que, de certa maneira, é um mercado muito dependente além de, é obvio, a competição com os Estados Unidos que não ser fácil. Isso modifica um pouco a natureza dos projetos.

“A gente é muito dependente desse esquema de leis e tudo mais, mas em termos de qualidade, a gente dá um show. Temos um nível de qualidade altíssimo, além de termos um investimento em cinema experimental muito forte” avalia Rodrigo.

No Brasil a busca é pela garantia de sala cheia, não necessariamente para uma análise de mercado. Um cinema formador. Por isso temos grandes realizadores. Formou-se no Brasil um time de diretores bastante variado, bastante conceituado. Segundo Rodrigo Fonseca, há um grupo de realizadores bem embasado e bem rico.

Cineperiferia
Quanto às pequenas produções, como os filmes desenvolvidos em comunidades e o trabalho desenvolvido pela Escola Livre de Cinema em Nova Iguaçu , Rodrigo que é professor da escola, acredita que ainda estão em processo de reconhecimento por parte da grande indústria de cinema. Para ele, “o mercado só vai sofrer uma mudança significativa quando o filme ‘Cinco Vezes Favela’ estrear”. Por enquanto, os profissionais que surgem dessa origem, complementam a área. São vistos como mão de obra do cinema, como possíveis nichos de mercado. “Você não tem ainda não um filme de mercado longa metragem lançado por produtor de favela que, de uma certa maneira, dê conta disso. Há filmes de curta que ganharam prêmios e construíram prestígios por outras vias, mas não por competitividade. Pro mercado ele é visto como mão de obra”, explica Rodrigo.

Nesse sentido, alguns desses participantes podem vir a ser incorporados ao cinema oficial. Todavia, o que se percebe, segundo ele, é uma redescoberta, uma re-contextualização do plano do cinema. Isso permite que atores de outra ordem, diretores de outras vertentes, se associem a esse tipo de cinema mais urbano, que muitas vezes trabalha com a temática da violência urbana. “É um processo que está em andamento e que vai ganhar uma força grande quando o filme Cinco Vezes Favela’ estrelar”, afirma ele.

Cinco Vezes Favela – agora por nós mesmos” é um projeto / filme que surgiu da parceria entre cinco organizações numa tentativa de releitura do filme que há 45 anos trouxe à tona a questão da periferia agora sob nova roupagem e por “eles" mesmos: AfroReggae, Cidadela, Cufa, Nós do Morro e Observatório de Favelas e conta com uma ex-aluna da Escola Livre de Cinema de Nova Iguaçu, Caroline da Costa Barros, 21 anos. O blog do projeto com a matéria de Rodrigo Fonseca o para o jornal o Globo no Segundo Caderno- na data de 15 de abril de 2009 pode ser acessado em
http://5xfavela.blogspot.com/2009/04/oficinas-cinco-vezes-favela-agora-por.html

O papel da Escola Livre de Cinema, de acordo com Rodrigo, é servir de espaço de aprendizagem principalmente de áreas de subúrbio. “Acho que faltava isso (...) Mais do que enriquecer, é uma forma de a cidade de Nova Iguaçu e toda a Baixada Fluminense estar se contextualizado e se posicionando para afirmar: a gente faz cinema, a gente é capaz de pensar cinema (...) O festival (Iguacine) é uma afirmação em um nível mais amplo, uma democratização do acesso pelo público”. Sendo assim, o que se percebe é que o simples fato de desafiar jovens a pensar cinema já é um diferencial, principalmente nas periferias e na Baixada. “Mais do que o acesso, o êxito da escola é desenvolver o pensamento. Uma reflexão crítica sobre o mundo do cinema”. Explica ele.

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