segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Peitos e piadas

II IGUACINE

Notas sobre a exibição de "Um lobisomem na Amazônia"
por Josy Antunes

Você precisa conversar com o Ivan Cardoso”. Na sexta-feira - enquanto parte da equipe do Jovem Repórter estava concentrada na biblioteca do Sylvio Monteiro, e outra parte, junto com o público, assistia à Mostra Competitiva de Curtas – ouvi a frase, quase que imperativa, de diversas pessoas.

Minutos depois, encontrei-o sendo filmado pela produção do II Iguacine, se expressando com seu jeito carregado de performances e portando um inconfundível chapéu preto. Imaginei, pelas extremas recomendações, que o contato com ele seria complicado. Me enganei!

Elaine Cristina acompanhava o artista, oferecendo companhia até o carro. Ele se desvencilhava dos cuidados, mostrando-se à vontade com a organização do Festival. Dos minutos em que conversamos, destaco a definição que Ivan fez, sobre sua relação com o cinema: “Visceral”. Palavra dita com a mesma intensidade com que declarou dormir com seus filmes.

A paixão inflamada pelo cinema é o que move o diretor, que criticou aqueles que fazem a arte por dinheiro. “Tem gente que só sai pra filmar com R$ 5 milhões no bolso”, comparou ele. Segundo Ivan, seus filmes são feitos com seu próprio sangue. Enquanto isso, no telão era exibido “Um lobisomem na Amazônia”, de 2005.

Poucos instantes depois - ainda durante o filme – entre cigarros e risadas, Ivan Cardoso conversava animadamente com Matheus Topine, com quem pude falar posteriormente (ontem). Entrei na sala de exibição e me acomodei em um dos degraus, já que os assentos, como aconteceria nos próximos dias, estavam lotados. Na saída, ouvi descrições sobre o filme, como: “Combinação de peitos e piadas”. Conversei com um grupo de estudantes que tinham acabado de dedicar as únicas horas livres do dia ao Iguacine, animadíssimos. Haviam ainda os espectadores que não paravam de lembrar da cena inicial de “Um lobisomem...”, que trazia Karina Bacchi com Danielle Winits.

Voltando agora ao Matheus, fiquei surpresa ao saber de onde ele e Ivan se conheciam: “Ele pirateia os próprios filmes e vende pelo orkut”. A afirmação só confirmou que a principal preocupação do diretor é com a difusão de seu trabalho, não com os lucros.

Matheus, 20 anos, é realizador do Cine Goteira, onde filmes do diretor já foram incluídos na programação. “O Ivan é um dos mais importantes realizadores do cinema”, alegou . A cada sessão, uma vinheta feita por ele é exibida. A próxima, contará com uma fala de Ivan, gravada com uma câmera fotográfica, sobre o que os jovens devem assistir de produções cinematográficas: “Ele falou que os jovens devem parar de inventar, que a fórmula do cinema já está feita: ação, aventura e mulher pelada”.

O Goteira, que teve início em 2007, acontece uma vez por mês, na Sala Popular de Cinema Zelito Viana, que fica no auditório da Prefeitura de Mesquita. Já acompanhei uma sessão e recomendo fortemente. Algumas das vinhetas exibidas lá estão disponíveis no You Tube. Deixo a do mês de maio aqui (porque acredito que elas são o tipo de coisa impossível de se “palavrear”).




Interatividade:
Assim como Ivan Cardoso, defina, em uma palavra, sua relação com seu trabalho.

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