O dom é tudo

O IGUACINE VEM AÍ

Mariane Dias acredita que o dom é mais importante que a técnica e a tecnologia
por Flávia Ferreira

Foi-se o tempo em que a fotografia em preto e branco era a única opção para recordar os momentos vividos em festas de aniversários, casamentos, ou qualquer tipo de festa. Além de caro, antigamente esse recurso não retratava fielmente o ocorrido. Com o advento das filmadoras e câmeras digitais mais baratas, ficou mais fácil qualquer pessoa filmar seu próprio aniversário. Além disto, as novas produtoras incorporaram o audiovisual dentro de seu pacote de serviços. É possível ver estas grandes produções principalmente em festas de 15 anos, festas de um ano e casamentos. Também estão se tornando famosos os vídeos de câmera digital feitos de festas de rua e shows.

Hoje em dia, uma pessoa que curta produções audiovisuais pode produzir um filme apenas com uma câmera de celular. Esse é o caso da fotógrafa Mariane Dias, de 17 anos, cujo veloz processo de profissionalização está se consolidando com um equipamento amador. “Lógico que não vai sair com resolução de cinema, mas para quem realmente gosta seria até um grande desafio”, diz ela.

A carreira de Mariane Dias teve início no ano passado, quando se inscreveu na ESPOCC (Escola Popular de Comunicação Crítica), ligada ao Observatório de Favelas. Foi nesse curso que obteve as noções que passou a fazer uso em um cotidiano em que a máquina se tornou quase uma extensão do seu corpo, mas a fotógrafa não descarta a importância do talento. “O dom é tudo que qualquer um precisa”, afirma ela. “o resto fica mole para quem sabe administrar”, conta ela.

Ao lado do surgimento de novas tecnologias, tem se tornado cada vez mais comum um discurso segundo o qual uma boa fotografia depende mais do instrumento de trabalho do que da sensibilidade do profissional. Apesar de ser filha da era digital, Mariane discorda dessa tese. “Equipamento é um auxílio, uma ponte para chegarmos ao final. Mas continuo acreditando que o dom pode ser tão útil quanto um equipamento sofisticado e de altíssimo nível”.

A jovem fotógrafa agora sonha a sequência de fotos permitida por uma filmagem, pois não consegue mais imaginar “um mundo sem filmes, sem documentários, sem cenas que podem se repetir a qualquer momento”. Depois de fazer algumas filmagens com o Bloco 18, ela se lançou no mercado e agora já trabalha para diversos grupos musicais, boates e projetos sociais. “Filmar me traz uma sensação muito gostosa”, diz ela que, embora tenha pouca experiência, já recebeu os primeiros elogios. “Acredito que a filmagem é um modo das pessoas reverem momentos e situações. Vivemos em função da visão do mundo”.

Interatividade:
Conte alguma situação em que o talento tenha sido muito mais importante do que o equipamento.