quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Luz, câmera e educação

AUDIOVISUAL

Alunos da Universidade Rural de Nova Iguaçu utilizam o cinema como fonte de educação.
por Camilla Medeiros e Dariana Nogueira

O Instituto Multidisciplinar do campus de Nova Iguaçu da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro possui um grupo de pesquisa denominado Filosofia e Educação: Ensino e Desafios Contemporâneos. Criado em 2006 sob a coordenação da professora Roberta Maria Lobo, o trabalho do grupo consiste em relacionar filosofia e educação a partir de dois movimentos distintos, porém relacionados: o primeiro analisa as matrizes filosóficas que embasam as transformações históricas da Educação; já o segundo pretende analisar os processos de ensino de filosofia que se expandem no interior dos espaços escolares, em especial no ensino médio.

Desde 2006, o grupo já rendeu bons resultados, considerando diferentes objetivos. Um deles foi o projeto de pesquisa “As Classes Populares no Cinema Brasileiro dos anos de 1960”. Nele, nove alunos-pesquisadores do curso de história do Instituto Multidisciplinar participaram ativamente da produção de um curta-metragem denominado Horário Obrigatório, onde foram reunidas e editadas quatro obras do grande cineasta Glauber Rocha (Terra em transe, Deus e o Diabo na Terra do Sol, Di e Maranhão 66), com o intuito de dinamizar - através do recurso pedagógico que o filme se torna - as aulas com temáticas políticas, como ditadura militar e populismo.

O filme, produzido na improvisada ilha de edição da universidade, mais conhecida pelos alunos como “sala do projeto”, foi passado para alunos do ensino médio do Centro Federal Tecnológico de Nova Iguaçu, o CEFET, acompanhado de uma oficina ministrada pelos próprios alunos sob a orientação da professora Roberta.

“Ver aqueles adolescentes discutindo temas tão importantes através de obras históricas foi maravilhoso, e o melhor de tudo é que fomos nós que apresentamos isso a eles. Foi uma grande sensação de crescimento, pois não faz tanto tempo que cursamos o Ensino médio, e agora voltamos à escola para mostrar o que estamos aprendendo nessa nova etapa da nossa vida”, diz Suellen Isidoro, ex-aluna do CEFET e atual integrante do grupo universitário.

O grupo terminou recentemente sua segunda obra, que ainda nem foi apresentada ao público. Trata-se do documentário Para que não se repita, que ao longo de meia hora mescla educação, filosofia e violência com fotografias, música, textos e entrevistas. Há também uma entrevista exclusiva com o sobrevivente do Holocausto Aleksander Lacks. O filme está sendo aguardado por todo Instituto desde o Colóquio Holocausto: História e Testemunho, que aconteceu ano passado no prédio onde provisoriamente funciona a Universidade. “É um dos filmes mais aguardados do ano”, diz a professora Roberta Lobo.

O grupo também pretende levar o novo filme às escolas. “Ficar restrito à comunidade acadêmica não é interessante, não para o nosso objetivo inicial, que é o de pensar uma educação mais crítica, mais consciente e mais plena”, conclui a orientadora do grupo.

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