quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Inspetor virtual

O IGUACINE VEM AÍ

Câmeras de segurança em escolas e salas de aulas dividem opiniões
por Lucas Lima

Estamos totalmente vulneráveis ao controle das câmeras. Facilmente encontradas em locais públicos e privados, elas acompanham cada passo nosso nos elevadores, portarias de prédios, bancos, lojas, ruas, etc. “Às vezes, a sensação é a de que estamos vivendo em um grande Big Brother, onde sua vida fica exposta para todo mundo”, diz o professor Leandro Almeida, 34 anos.
O último reduto que elas invadiram foi as escolas, tanto as particulares quanto as públicas. “Acho válido, porque, de certa forma, faz com que os alunos tenham respeito pelos professores e por eles mesmos. Se não respeito, temor”, diz o bancário Lucimerio Santos, 49 anos, pai de um aluno de uma escola privada no bairro de Santa Eugênia.

Diretora da escola em questão, Shirley Teixeira diz que a medida não tem o intuito de privar a liberdade de alunos e professores. “Elas evitam que funcionários tenham que tomar conta dos alunos na ausência dos professores. Além da bagunça na troca dos mesmos”, explica a diretora. “A função não é tirar a privacidade de ninguém. Pelo contrário, é auxiliar. Elas ajudam muito porque servem como um inspetor virtual”, conclui.

Alunos e professores têm opiniões diferentes sobre as câmeras. “Acho que tira totalmente a privacidade da gente. Eles poderiam investir esse dinheiro em outros benefícios”, diz a aluna Camila Guimarães, 17. O jovem Igor Oliveira, de 16 anos, tem a mesma opnião. “Acho desnecessário, até porque na maioria dos casos quando alguém faz algo de errado, eles não levam suspensão da diretoria”, afirma o aluno.

Já a professora Joseli Lima, 28, é totalmente a favor da tecnologia. “Acho as câmeras muito boas, pois ajudam muito em relação a prestar relatório de cada aluno quando preciso. Por exemplo, quando temos que mostrar algo de errado para os pais”.

Muitos colégios vão mais além e até permitem que as imagens captadas pelas câmeras sejam vistas em tempo real pelos pais, o que chama atenção de muitos deles. Se antigamente uma babá eletrônica era suficiente, hoje pais satisfeitos são aqueles que vigiam e acompanham seus filhos quando desejam. Um outro fator a favor dos pais é que as câmeras têm o poder de capturar absurdos e abusos com seus filhos, como babás e/ou professores que maltratam as crianças.

A dona de casa Alda Lima, 43, diz que se sente mais segura em deixar seu filho na escola por conta das câmeras. “Acho ótimo para pegar os alunos indisciplinados, como aqueles que mexem na bolsa dos outros, que namoram escondido, enfim, os que fazem coisas erradas”.

Para muitos psicólogos e educadores, esse acompanhamento gera uma ilusão de bom comportamento e desenvolve duplo comportamento. Frente às câmeras, as crianças e jovens se portam perfeitamente bem. Entretanto, alguns mudam radicalmente quando estão longe delas.

Professora de Inglês e Língua Portuguesa, Celeste Aida não gosta muito da ideia, mas entende a importância da tecnologia. “É um pouco constrangedor, mas necessário. Em relação aos professores, a vigilância ajuda bastante, já que vários alunos fazem certas coisas que não conseguimos ver, até porque não dá para controlar a sala toda enquanto se dá aula”, explica. “De um modo geral, é um mal necessário”.

Interatividade:
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