quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Figueira, onde a união faz a força

Mariane Dias









Por Flávia Ferreira

No bairro da Figueira, Nova Iguaçu, trinta moradores se mobilizaram para angariar recursos que serão investidos em um campo de futebol. Esta idéia surgiu porque algumas pessoas queriam tomar o espaço para si, uma vez que o campo é uma das poucas áreas de lazer de seus moradores. Vendo isso, Edmilson Reis de Castro e seu grupo se uniram a César Valentim, o Cesinha, a fim de prover os recursos necessários para cercar o campo e fazer dele um local de lazer comunitário. "A intenção é envolver a comunidade, realizando com ela um trabalho em conjunto, onde todos colaboram" disse ele.

Trabalho Voluntário

A comunidade não fez feio, participou de todo o evento e ajudou na concretização deste sonho, seja comprando algo, ou em conjunto com os voluntários que acreditaram que seria possível este dia acontecer. Como é o caso do senhor Pedro José Novais, uma figura importante no bairro, onde expressava em seu olhar o amor que tinha pelo seu bairro. "Isso aqui é meu coração, minha terra.Nosso lazer está aqui" disse ele emocionado. Segundo Pedro o campo é tão famoso pelas redondezas que as crianças do Geneciano vão até lá para jogar. Também pudera o campo é grande o que fez com que “Seu Pedro” procurasse arrumar o campo, e construir uma pista de corrida em torno dele.
Mariane Dias
Além de Pedro, que era um dos voluntários, Josué Macedo, ex-morador de Figueira, concorda com a importância da criação de um espaço esportivo. "Figueira tem uma grande vocação para o esporte" afirma Josué. Além dele as outras pessoas iam apenas para curtir uma “onda” diferente nas tardes de domingo na Figueira.

Ao olhar para os lados era visível o grande número de pessoas presentes, algumas no perímetro do campo, outras ao seu redor,mas o mais importante era ver uma verdadeira integração entre os membros da comunidade, inclusive entre as pessoas que residiam em outros bairros. "Estou me sentindo bem, para mim este ambiente é muito familiar e divertido", disse Maria das Graças, 58, moradora de Miguel Couto.

O Bloco 18 anima a festa

Além das barraquinhas que vendiam bebidas, aperitivos, e salgadinhos dos mais variados, tivemos também o show do Bloco 18, que ajudou a arrecadar um pouco mais .. Durante as batucadas do bloco as crianças foram sempre as mais se animadas. Elas improvisaram um efeito visual jogando a areia do campo para o alto, criando uma espécie de nuvem de fumaça. Paralelo a isso um grupo de meninas da comunidade deram um show de coreografia , improvisação e beleza enquanto os voluntários”caiam no samba” no intervalo de uma para outra venda.

Mariane Dias

Graças a esse movimento comunitário que se instaurou silenciosamente em Figueira, Edmilson fez uma previsão de arrecadação. "conseguimos arrecadar cerca de quatro mil reais e isso é só o inicio" disse ele sorridente. Afirma ainda que isso só foi possível porque toda a comunidade e principalmente o Cesinha acreditaram na solidariedade dos moradores da Figueira, apostando todas as fichas para a concretização de um sonho: o campo de futebol , a grande área de lazer e ponto de encontros da comunidade.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Um lugar chamado Cacuia

Dona Diva guarda no coração as memórias do bairro em que mora há 40 anos

Por Tatiana Sant'Anna


Cacuia. Um nome nada convencional para se chamar um bairro, localizado no município de Nova Iguaçu, Baixada Fluminense. Diferentemente do seu nome, o Cacuia é um bairro movimentado, sendo tranqüilo para se viver e morar. Há 40 anos morando no Bairro, a artesã Diva de Jesus, 61 anos, diz que gosta de onde mora: "É um lugar calmo e sossegado", completa.

Dona Diva viu o seu bairro crescer e muitos acontecimentos já se passaram na história desse lugar. Morando no Parque São Tiago, que pertence ao Cacuia, ela conta que sempre sonhou com sua casa própria. "Eu tinha pouco tempo de casada e morava em uma casa alugada no bairro da Posse. Por algum tempo, morei no local, mas, por causa do aluguel, que estava ficando caro, senti necessidade de me mudar. Como sempre tive o sonho da casa própria e surgiu a oportunidade de comprar este lote, construí minha casa e mudei para cá."

Iluminação precária

Na época, foi feito um loteamento de uma fazenda e Dona Diva comprou um lote. Isto facilitou para o aumento da população da localidade. Mesmo sendo um pouco longe da sua família, Diva decidiu vir morar apenas com o seu esposo e com a sua primeira filha.
No centro do bairro, havia apenas dois comércios: uma padaria velha (que foi reformada tempos depois) e um armazém (que depois foi demolido, dando lugar a um novo comércio). Era um bairro muito precário. "Só havia luz no centro. Era uma iluminação precária, chovia e faltava luz. Naquele tempo não tinha asfalto. Se quisesse pegar ônibus, tinha que andar uns 15 minutos para chegar ao ponto, que era no centro do Cacuia".

Utensílio indispensável

Mesmo com essas precariedades, o local era bem movimentado. Segundo Dona Diva, o bairro só foi prejudicado após a Light ter passado três redes de alta tensão. Muitas casas foram demolidas, pois não pode haver construções embaixo das torres, e a população do lugar foi diminuindo. O centro do Cacuia não foi prejudicado, o que só contribuiu para o aumento da população central.
Há pouco tempo foram realizadas obras do PAC, que fizeram muitas melhorias no bairro. Muitas ruas foram asfaltadas, inclusive a da Dona Diva. "Estou muito satisfeita com a obra e mais ainda com o asfalto." Quando chovia, era impossível sair de casa. Aliás, a sacola plástica era um utensílio indispensável nos pés da população. Agora quando chove, não precisa ter mais aquela preocupação. "Foi uma melhoria muito boa. Valeu a pena as obras que fizeram aqui."

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

A garota de Jardim Palmares

A bem-humorada Roseli da Silva leva graça e cultura para Jardim Palmares

Por Priscilla Castro

Foto: Mariane Dias

Roseli da Silva, 47 anos, é uma dessas pessoas que acredita na cultura como a melhor maneira de desenvolvimento social. “Quero ajudar a comunidade a se integrar a partir da cultura”, afirma. Ela mora no bairro Jardim Palmares, onde dá aulas de teatro para as crianças da comunidade. As aulas são realizadas no centro comunitário. “Várias pessoas do bairro me perguntaram se eu queria ensinar as crianças, mas teria que ser como voluntária”, conta. Ela diz ver no Pontinho de Cultura, projeto do Ministério da Cultura e da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, que visam incentivar a cultura em todo o Brasil, uma boa oportunidade para dar continuidade aos seus trabalhos teatrais e musicais. “Tudo o que eu aprendo tento passar para eles”, diz, orgulhosa de seu trabalho com as crianças.

A atriz está sempre de bem com a vida, mesmo que ela não vá muito bem. “Você nunca me vê chorando”, filosofa. “Só me vê sorrindo.” Fora dos palcos, ela gosta de estar com seus três filhos e três netos ou então ajudando o ex-marido. Rose começou no teatro no Colégio Estadual Alvorada, onde estudava, e não parou mais. “Gosto do que eu faço, não quero parar.” Já participou do coral da igreja evangélica e hoje é uma das vocalistas da banda Afrocide. A lista de trabalhos é extensa. “Já fiz participação na novela ‘O cravo e a rosa’, da Globo, mas as eu não gosto muito de fazer novela”, diz ela. “O que eu quero mesmo é o ‘Zorra Total’”.

“Não sou passarinho”

Além de cantora, atriz e voluntária, Rose também foi radialista das rádios comunitárias Paulista FM e Iguaçu FM, do bairro onde mora. Se você pensa que não falta mais nada, está enganado. Rose também é produtora independente de filmes. Para realizar esse trabalho, ela conta com a ajuda do filho caçula, Vladi Silva, 23 anos, roteirista e ator dos curtas produzidos pelo grupo Sonho Real.O curta-metragem intitulado ‘Realidade de um sonho’ fala de preconceito e violência, e participou do Iguacine, o festival de cinema de Nova Iguaçu.

Quanto às propostas de ir para o Rio e morar mais próximo do trabalho, afirma: “Não sou passarinho para viver em gaiola e a minha comunidade me acolheu.” Os comerciais de TV, quando aparecem, lhe rendem algum dinheiro, mas pouca visibilidade no meio artístico, pois geralmente são anúncios estrangeiros. Rose está na peça ‘Parangolé Comunitário’ no Ateliê Popular, em Miguel Couto, do grupo Atua Baixada, e entrará em cartaz com a peça ‘A Magia do Amor’. A artista não desiste da arte e de sua comunidade. “As crianças vão para minha casa, até mesmo as mães. Eles fazem a maior bagunça, mas eu adoro”, confessa. “Eu acho que as pessoas têm que lutar pelos seus ideais”, finaliza.

Da lama ao asfalto

O fotógrafo Fábio Costa está registrando as mudanças deixadas pelas obras do PAC

Texto e Fotos Mariane Dias


"Foi a fotografia que escolhi para a minha vida, por ela vivi e vivo", afirma o fotógrafo Fábio Costa, morador de Itaipu e filho de nordestinos com experiências e lembranças da Rocinha. Ele está em Nova Iguaçu para registrar as transformações ocorridas depois da chegada do PAC. Veio com a equipe de urbanistas comandada por Sérgio Magalhães, com a qual trabalhou no vitorioso Favela Bairro.

"A essência desse trabalho", explica o fotógrafo, "está no simples e no rotineiro." Ela poderia ser traduzida em uma história que ouviu de viva voz de uma moradora de Cabuçu, que desde o início das obras do PAC trocou a televisão da sala por uma mesinha em frente a sua casa, onde sempre tem um café quente e um bolinho fresco para oferecer aos operários. "Ela me disse que mora ali há 40 anos e nunca viu uma obra pública em seu bairro", conta Fábio Costa. O sorriso de satisfação dessa senhora, capturado pela máquina digital à qual esse fotógrafo à moda antiga demorou a aderir, estará na exposição prevista para o final das obras.

Fábio Costa estava com a agenda cheia de trabalho quando recebeu o convite da Secretaria de Obras, mas não pensou duas vezes para aceitá-lo. "Além de achar importante o registro dessas mudanças e o resgate da memória da cidade, eu nasci em Nova Iguaçu." Por ironia do destino, as pessoas o associam à Rocinha, favela na Zona Sul do Rio de Janeiro na qual foi morar no início da década de 1970.

Caçador de imagens


Fábio Costa é um caçador de imagens, como os pioneiros da fotografia. Seu espírito quase aventureiro está presente desde as primeiras seqüências de foto que produziu em Nova Iguaçu, durante as enchentes de 2005. "Coloquei um par de botas e fui com minha máquina até o ponto em que estava colocando minha vida em risco", lembra. Essa incursão por uma Nova Iguaçu profunda, desconhecida da maioria de seus moradores, resultou em fotos dramáticas, que denunciam com eloqüência os longos anos de abandono em que se encontram os bairros da periferia iguaçuana. Foi com imensa satisfação que o fotógrafo voltou a visitar as mesmas áreas depois que as dragagens do rio as libertaram do risco de novas enchentes.

Pode-se dizer que sua carreira profissional começou durante a produção do livro 'Varal de lembranças', um trabalho coordenado pela antropóloga Lygia Segalla que é um marco na produção de memória oral das favelas cariocas. "Foi ali que tive o meu primeiro contato com uma máquina fotográfica", lembra ele, que logo em seguida ganharia uma Kodak de seu padrasto. Antes de ter a sua primeira máquina profissional, usou uma Olympus para tirar inúmeras fotos dos mutirões com que a população da Rocinha se protegeu contra as intempéries da natureza e a indiferença dos governos.

Outros pastos


Fábio já trabalhou em vários programas e projetos, mas nenhum deles se compara ao Favela Bairro. "Esse programa proporcionou uma grande possibilidade de desenvolvimento para as favelas cariocas", afirma. "Aprendi muito trabalhando para ele." Além de uma grande experiência profissional com a equipe de urbanistas comandada por Sérgio Magalhães, o Favela Bairro o remeteu à época em que morou na Rocinha.

Teoricamente, a favela que Fábio Costa conheceu era muito mais miserável que a de hoje, onde as casas de alvenaria substituíram os barracos de zinco. Mas a realidade de hoje lhe parecem mais chocantes e não é sem razão que hoje são cada vez mais raros os contatos com a comunidade que lhe deu regra e compasso. "Com o tempo, todo curral fica pequeno para um boi", compara. "O capim acaba e a gente precisa ir pastar em outro lugar." Saiu da Rocinha porque desejava ser do tamanho do mundo, não da sua comunidade. A separação da sua então companheira, com quem tem a filha que está se iniciando na fotografia, também teve importância no processo que o levou a morar na Glória.

Veio então o emprego na prefeitura do Rio, onde trabalhou por um tempo em uma assessoria na Secretaria de Cultura do município. Um tempo depois foi trabalhar no gabinete e posteriormente acompanhando como fotógrafo o então prefeito Marcelo Alencar. "Fotografei de tudo, de rainha a mendigos, ricos e pobres, do mais belo ao mais horrível, pois assim é a vida, cheia de contrastes e surpresas”.


domingo, 10 de agosto de 2008

Parabéns para nós

O primeiro aniversário do Jovem Repórter segundo sua repórter mais publicada.

Por Flávia Ferreira

Hoje faz um ano de trabalho e de luta do blog Jovem Repórter e conseqüentemente um ano de mudança na vida de muitos jovens que participaram dessa criação. Esse blog evidencia aquilo que, por muitas vezes, fica esquecido pela grande mídia e por nós mesmos. A essência de suas matérias é o povo que mesmo diante de tantas dificuldades não desiste de lutar por sua vida.

Ocorreram uma série de mudanças na rotina dos jovens repórteres no decorrer deste ano. O que no início não tinha uma forma exata, aos poucos foi se adequando às necessidades da cidade e suas particularidades, tornando-se esse espaço de desenvolvimento profissional e pessoal para as pessoas que nele se envolvem. Ouso dizer que a partir do momento que ingressaram neste local, eles conseguiram ser protagonistas de sua cidade. Sabemos o quanto é difícil criar políticas públicas para a juventude. Além de despertar o nosso interesse por uma mídia, essa forma de trabalho cria o exercício de cidadania em cada um.

Uma semana

Lembro-me agora de Letícia da Rocha, que superou seu medo de escrever, e de Bruno Marinho, que a cada dia se torna um melhor comunicador. Eles e muitos outros deixaram de ser apenas meros iguaçuanos para se tornarem jovens com uma história na cidade, construindo-a a cada nova reportagem. Muitas pessoas não enxergam as possibilidades que esse trabalho pode trazer, esquecendo-se de olhar o que mudaram em si e de perceber que o Jovem Repórter é muito mais que um mural de notícias. Ele é uma parede de vidas. Elas se transformam a cada postagem, aprendendo coisas que de outra forma não teríamos a menor chance de conhecer.

Foi através do Jovem Repórter que consegui tudo em minha vida e realmente me descobri profissionalmente. Não esperava estar hoje escrevendo para vários locais, como TC Brasil, Baixada Fácil, O Globo ou o Bloco 18, mas as coisas acontecem. Eu não nasci com o dom de escrever. Demorei uma semana para publicar minha primeira matéria, mas acredito que o esforço nos leve mais longe do que imaginamos.

Teia de comunicação

Várias vezes alguns jovens tiveram que deixar seus filhos em casa, outros cansaram de brigar com irmãs, mães – enfim, as batalhas foram muitas, mas no final sempre dávamos um jeitinho para continuar participando do processo. Não é segredo falar que muitas vezes fomos chamados de vagabundos, inúteis e uma série de outras acusações injustas. Porém, esses jovens, mesmos desanimados e chateados com a situação, não deixavam de ir às ruas batalhar pela matéria e foto de cada dia.

Hoje só existe a Flávia porque o Jovem Repórter assim permitiu. Minha história se confunde com a dele, que se confunde com a de muita gente em uma grande teia de comunicação. A cada desafio, a cada "levantada de rede", ela se entrelaça e se fortalece, trazendo mais pessoas para participar da escrita desse livro que não é só nosso, mas de toda Nova Iguaçu. Cidade essa que nos possibilitou crescer e amadurecer, não nos tratando apenas como jovens, mas como profissionais e seres humanos.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Tricotando na rede

Meninas ainda são minoria nas Lan Houses

Por Dardânia Carvalho

Pode-se dizer que as lan houses de Nova Iguaçu são mais freqüentadas por homens do que por mulheres. Qualquer pessoa que entrar numa lan verá que o número de homens lá dentro é bem maior do que o de mulheres. Para Eduardo Garrido, o servidor da lan house Connection, em Botafogo, isso acontece porque os meninos são barulhentos e bagunceiros. "As mulheres têm vergonha de estar junto dos homens", acredita Eduardo. "Pelo menos aqui na Connection, elas preferem mais sossego."


Aline Santos, que não tem computador em casa e vai às lans checar e-mails e fazer pesquisas para a faculdade, concorda em gênero, número e grau com Eduardo. "Eu não gosto quando um monte de gente fica atrás de mim, lendo minhas conversas", diz a estudante, de 22 anos. "Deveria ter mais privacidade." Apesar disso, Aline confessa que a lan house facilita sua vida. "Sempre que eu preciso usar a internet, vou à lan house. Lan house é o que não falta. Tem em todo lugar."

Mas nem todas as meninas procuram sossego. Quem prova isso é a freqüentadora Cíntia Rosário, 18 anos. Para ela, há um número expressivo de meninas que vão à lan mais interessada em arrumar namorado na rede do que em fazer trabalhos escolares. "Elas vão para fazer amigos e ficar bate-papo no MSN", afirma Cíntia. "Algumas até gostam de safadeza na lan house. As mulheres deveriam ter mais privacidade e atenção."




Jogos masculinos

Para a servidora Mônica Amora, 39 anos, que trabalha em uma lan house na Caioaba, as lans
atraem mais homens porque em sua maioria são projetadas para jogos. "As meninas procuram mais amizades. Poderiam ser proibidos certos tipos de comportamentos como xingamentos, palavrões, etc. Em compensação, depois que surgiram as lan houses, as pessoas passaram a ficar bem mais informadas", completa.

"A lan é como se fosse um clube para os homens", analisa Rodrigo Barbosa, 19 anos. "Se tem mulher, eles atacam de todos os jeitos." Para ele, as mulheres só querem saber de Orkut. Rodrigo acha que a solução seria melhorar o conforto e exigir mais respeito dentro da lan. "Isso atrairia mais mulheres", imagina.

Wanderson Oliveira, 16 anos, também dá seu palpite para aumentar o número de mulheres nas lan houses. Segundo ele, as mulheres podem ser conquistadas pelo bolso. "Poderia ter mais promoções para elas. Quem sabe, assim, elas poderiam se interessar", diz. Para Rômulo Diego, 18 anos, educação é a palavra chave para aumentar a freqüência de mulheres nas lans. "Tem muita pornografia nas lans", afirma Rômulo.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Nova Iguaçu rumo a Pequim

Capitã da seleção brasileira de handebol é de Nova Iguaçu


Por Flávia Ferreira

Nascida e criada em Nova Iguaçu, Lucila Vianna da Silva é a capitã da seleção brasileira de handebol. Em 2001, ela foi eleita, pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB), a melhor jogadora de handebol do ano, recebendo o Prêmio Brasil Olímpico 2002. Já em Atenas, foi uma das jogadoras mais importantes da campanha brasileira, consolidando-se como a terceira maior artilheira da seleção, com 24 gols em sete partidas.

Lucila representará Nova Iguaçu nas olimpíadas de Pequim comandando a equipe de handebol e, como boa filha da terrinha, conversou conosco sobre sua vitoriosa história dentro do esporte.

Como começou seu amor pelo esporte? Quem a incentivou?

De início, eu apenas gostava do esporte. Mas logo depois que comecei a jogar, com apenas 12 anos, me apaixonei de tal forma que desde então vivo para ele. Claro que o fato de minhas irmãs mais velhas já jogarem facilitou minha aproximação com o handebol. Elas jogavam na equipe da escola, onde comecei seguir seus passos. Foram sem dúvida minhas maiores incentivadoras.

Quais as suas principais conquistas?

As principais são pela seleção, apesar de ter os mais altos títulos de um clube. Sou tricampeã pan-americana, hexacampeã sul-americana, e Pequim será a terceira olimpíada de que participarei. Além disso, participei de seis mundiais e sou campeã espanhola. Enfim, são muitos títulos. Uma carreira longa...

Quais foram as maiores dificuldades?
A falta de incentivo foi o que mais me prejudicou. No início, tive que parar de jogar duas vezes porque não tinha o dinheiro da passagem para ir aos treinos. Na época, treinava em Nilópolis e morava em Nova Iguaçu. Quando saí de casa, passei por outra dificuldade, que foi ficar longe da família. Mas a vida é assim, né? Temos que abrir mão de umas coisas para ganhar outras.

Como é ser atleta da Baixada?
Para mim foi uma vitória, pois são poucos os atletas que conseguem vencer e ir longe praticando seu esporte, ainda mais na Baixada Fluminense. Aqui o apoio é precário e falta o incentivo para dar continuidade ao trabalho, para que o atleta não tenha que parar seus treinamentos a fim de trabalhar para sobreviver.

Quais as maiores dificuldades de um atleta da Baixada? A falta de investimentos ainda é o maior problema?

A falta de incentivo e do suporte para carregar um atleta com condições adequadas faz com que o esporte estacione ou até mesmo acabe a qualidade que sei que minha cidade tem e os atletas também. Mas o que fazer com tantas apostas de vencedor e não ter quem investir para que se possa dar certo? Tem alguma história engraçada de alguma competição que nunca esquece?

Na primeira vez que fui convocada para a seleção brasileira fui sem levar nada, nenhum material e sem roupa ou tênis de treino. Eu achei que a seleção fosse algo grande, mas acabei tendo que pegar roupa de cama e banho com as meninas e usar um tênis velho na viagem. Sempre lembro dessa história e caio na gargalhada.

Acha que é uma vencedora da vida?

Acho que sou. Como te disse, são poucas as pessoas que conseguem alcançar seus objetivos e sei que eu consegui chegar onde eu sonhei. Me sinto orgulhosa de estar há quinze anos com a seleção brasileira e ainda ser capitã. Com isso, consegui muita experiência de vida. Sei que sofri muito, mas hoje curto muito mais a vida.

Seus olhos estão voltados para Pequim, onde representará o país na olimpíada. Como se sente?

Me sinto orgulhosa por sair do meu país para representar toda uma nação fora dele. É um orgulho que muitos nem conseguem descrever em palavras. Tampouco eu.

Além de você, Nova Iguaçu estará representada em Pequim pelo levantador de peso Bruno Laporte. Achou algum dia que seria possível ver Nova Iguaçu em grandes competições?

Sempre imaginei ver grandes atletas nessas competições importantes, e que um dia muitos deles sairiam de Nova Iguaçu. Já vi muitos jogadores excelentes praticando esporte nas vilas e nas quadras, mas infelizmente hoje só dois estão indo - eu e Bruno. Mas sei que isso vai multiplicar a cada ano. Tenho fé e espero representar da melhor forma minha cidade, assim como tenho feito todos esses anos. O que espera dessa olimpíada para você e toda a delegação?

Esperamos fazer história. Já para mim, será a última participação na seleção e quero dar tudo. Depois de minha aposentadoria na seleção brasileira, pretendo montar uma instituição de auxílio para deficientes.

Quais são seus planos pós-olimpiada?

Está meio difícil ver o que vem depois, mas quero exercer minha profissão de professora de Educação Física, dando aulas. Mas também tenho a possibilidade de sair do país no fim do ano, porque estou sem clube desde o ano passado. Então está um pouco difícil ver minha vida pós-olimpíadas.

O que vê quando olha e lembra das coisas que passou?

Hoje, olho minhas sobrinhas e lembro do meu começo. Foi muito gostoso iniciar só por lazer, sem muito compromisso. Mas hoje amo jogar e já encaro com mais compromisso, mais exigência, mais profissionalismo. Sonho conquistar algo melhor para dar um suporte melhor para essa geração que vem aí. Fora isso, as lembranças que passei são boas, tento esquecer um pouco as ruins.
Se arrepende de algo?

Graças a Deus, não. Só sinto que perdi muita coisa, como a vida de minha família, de meus sobrinhos, dessas coisas eu sinto falta, mas não me arrependo da escolha que fiz.

Já pensou alguma vez em desistir?

Sim. Mas passou logo. Ano passado quando voltei do Pan do Rio, eu queria parar, pois operei o joelho pela quarta vez e estava sem clube. Tive uma grande desilusão com o esporte e tive vontade de parar. Mas graças a Deus apareceram pessoas fora do esporte que me ajudaram dando todo suporte para eu continuar e me tratar, para chegar hoje aqui, rumo a Pequim.

Você imaginou que algum dia teria tanto reconhecimento e tantas vitórias?

A gente nunca espera que vai ter, mas sempre sonha. Graças a Deus consegui.


Mensagem da Lu.

Deixo aqui, em especial, um grande obrigado a minha família por toda a força e toda paciência que tiveram comigo ao me ajudarem a concretizar meus sonhos. Beijos.... LU

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