quinta-feira, 20 de agosto de 2009

O homem que ama o cinema

O IGUACINE VEM AÍ

Operador cinematográfico de 72 anos fala com paixão da profissão que exerce há 50 anos
por Dariana Nogueira

Quem nunca foi ao cinema e em algum momento olhou com curiosidade para aquela cabine que fica lá no fundo da sala às costas da platéia? Lá dentro, durante a sessão, está quem tem o total controle de tudo o que irá acontecer na telona pelas próximas horas: o operador cinematográfico.
O Jovem Repórter conversou com Cidemoide Silva, que há mais de 50 dos seus 72 anos de idade, exerce esta magnífica profissão. Cidemoide começou a operar ainda menino, em 1942. Seu gosto pelo cinema, como espectador, acabou despertando a atenção do operador de um cinema no Centro do Rio de Janeiro, que costumava frequentar.

“Eu gostava muito de assistir aos filmes de faroeste, ia com muita frequência. Aí acabei me tornando amigo do operador cinematográfico desse cinema que eu costumava ir. Além de me deixar entrar de graça às vezes, ele começou a me ensinar muitas coisas sobre a cabine de projeção”, diz Cid, como prefere ser chamado.

Em 1957, Cid recebeu o diploma de operação cinematográfica, após frequentar um curso profissionalizante durante um ano. Seu primeiro emprego foi numa pequena sala situada em Nilópolis, a qual já não existe mais. Cid veio para Nova Iguaçu em 1969, para trabalhar no cinema da Rua Governador Amaral Peixoto, próximo à Igreja de Santo Antônio, cuja sala também foi desativada há tempos.

Desde esta época, Cid não saiu mais de Nova Iguaçu, e sua maior atuação foi no Cine Center, localizado próximo à estação de trem, onde trabalha até hoje, mesmo depois de se aposentar. “Este era o cinema mais badalado da cidade. Vinha gente de todos os lugares da Baixada e as sessões eram sempre lotadas.”

Uma sala do Cine Center continua funcionando até hoje, mas agora com a exibição de filmes pornográficos. Seu Cid afirma que depois que deixou de ser social, a frequência do cinema caiu bastante, principalmente pela restrição do público. “O grosso da nossa plateia era de menores de idade”, lembra. Contudo, isto não foi motivo para que o aposentado abandonasse a carreira que tanto ama. Seu Cid trabalha todos os dias operando a cabine de projeção e auxiliando na portaria.
Mas a experiência pessoal mostra a seu Cid que a queda do público do cinema vai muito além da programação pornô. “O ato de ir ao cinema tem decaído bastante não porque deixou de ser interessante, mas porque uma série de transformações tem facilitado isso”, afirma, lembrando que os netos raramente saem de casa para assistir a um filme na sala escura. “Para algumas pessoas é muito mais cômodo assistir filmes em casa, muitos dos quais são baixados pela internet ou comprados em camelôs. Contudo, acredito que o cinema é a arte mais bonita que já inventaram, e serei sempre seu admirador.”

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