domingo, 30 de agosto de 2009

Sobre filmes e lágrimas

ONTEM NO II IGUACINE

Uma tentativa de descortinar o sentimentalismo cinematográfico
por Wanderson Duke Ramalho

Sabem, às vezes, quando assistimos àqueles lindos filmes românticos, muitos com um sempre esperado final feliz, lágrimas insistem em escorrer de nossos olhos. Algumas pessoas são mais discretas, seguram o máximo que conseguem, encostam a cabeça na almofada, ou, simplesmente, esfregam os olhos com a conhecida desculpa de que um cisco o incomoda. Outras, menos tímidas talvez, já trazem a caixa de lenços consigo e se declaram de imediato verdadeiras “manteigas derretidas”.

Não importam se as lágrimas são discretas ou escancaradas. O que procuro analisar aqui são os motivos por detrás das mesmas. Não sou psicólogo ou qualquer outra coisa do gênero, e nem poderia fazer um estudo científico sobre o fato; entretanto, como dizem, para tanto usarei a “enorme” experiência adquirida durante minha vida. Simplificando, é quase uma autoanálise.

Por que tamanha comoção ao assistir um filme, tantos com cenas e finais previsíveis ou mesmo filmes assistidos repetidamente?

Temos a propensão de nos derramarmos em lágrimas diante da tela do cinema ou da TV; fico pensando se o que nos impulsiona é o simples fato de, realmente, serem emocionantes as cenas e por detrás delas esconderem-se a calculada intenção do autor de tocar fundo no coração do interlocutor, ou se é apenas a nossa fértil imaginação aproveitando-se do frágil estado emocional a que fomos levados, para nos transportar para a pele das personagens e criar um mundo à parte, totalmente oposto ao monótono mundo real, o qual nos vemos obrigados a enfrentar a cada nascer do sol.

Para uma alma sensível e sonhadora, é quase impossível não envolver-se com tantos sentimentos, transportar-se para as situações tão bem apresentadas e imaginar-se vivendo cada uma daquelas emoções.

Não é segredo que muitas coisas só podem acontecer em filmes, são inimagináveis na vida real; no entanto, ainda sonhamos com a existência de uma intervenção divina e uma conspiração do universo para que se realize o encontro com a pessoa perfeita, no lugar perfeito, no dia perfeito. Fechamos os olhos e vemos aquela pessoa (a perfeita) nos surpreendendo com uma aparição espetacular em meio a uma festa, trazendo um buquê de rosas consigo e declarando seu amor perante algumas dezenas de espectadores. Suspiramos e somos capazes de sentir o acelerar do coração...

Alguns poderiam julgar-nos bobos por tais atitudes, mas será crime, por um instante, sonhar em possuir a perfeição no transcorrer da vida? Aquela existente nos filmes?

Finalmente, chego à conclusão de que são as insatisfações com a inalterabilidade da vida real, que nos impulsiona a almejar fazer parte do elenco de um perfeito enredo e possuir o papel de personagem principal. E já que ninguém se atreveu a dizer que isso é crime, então, continuamos a sonhar!

Interatividade:
Qual longa-metragem mais lhe comoveu?

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