quinta-feira, 13 de agosto de 2009

O grande irmão

AUDIOVISUAL


Câmeras de vigilância transformam o cotidiano em reality show
por Robert Tavares

As câmeras de seguranças dos ônibus surgiram como elemento protetor, com a função de intimidar e identificar vândalos e possíveis assaltantes. Mas nem sempre é isso o que acontece. Muitos passageiros sentem a sua intimidade invadida. "As câmeras não mudam nada", protesta o motorista Ed Salles, da Niturvia. Para ele, os dispositivos parecem ter sido instalados para filmar os profissionais que trabalham nos ônibus. "Bandido não tem medo disso, não".

Já a passageira Rosana de Almeida, moradora do centro de Nova Iguaçu, se sente protegida quando entra num ônibus pedindo para que sorria, pois está sendo filmada. "Claro que nenhum trombadinha vai deixar de assaltar por causa da câmera, mas ela nos dá mais segurança, passa aquela certeza, mesmo que falsa, que nada acontecerá".

Débora Rodrigues, que mora em Nova Iguaçu e pega o ônibus Salutran três vezes por semana, também acredita que o equipamento tecnológico veio para somar. "Eu me sinto muito mais segura, sei que com a câmera filmando a movimentação no ônibus fica muito mais fácil de identificar o assaltante e, logo, de recuperar os bens roubados, mesmo que para isso seja necessário invadir a minha privacidade e a de outras pessoas".

Já a moradora de Juscelino Gislaine dos Santos, que pega ônibus diariamente e não se sente segura, não confia "nessas câmeras pequenininhas". "Eu acho uma palhaçada", desabafa. "Tenho certeza de que elas não ficam ligadas o dia todo, eles devem ligar só na hora de maior movimentação nos ônibus".

O dançarino Daison Gonçalves se sente incomodado ao ser filmado. "Não curto essa gente me filmando. Acho que a galera ‘viaja’ ao falar que ‘filmadora é boa porque evita os assaltos’. Quem anda de ônibus sabe que não é bem assim", diz o dançarino. Por sua vez, Rosângela Xavier diz que até esquece das câmeras. “Ela não interfere muito na minha vida, só lembro quando vejo algum estudante ou idoso mostrando os documentos em direção a ela".

O motivo alegado pelas empresas de transporte é que as câmeras trazem segurança e inibem a criminalidade. Mas o curioso é que muitas vezes o "Monitoramento Via-Satélite" só serve mesmo para vigiar as pessoas que trabalham dentro dos ônibus. "Elas servem para inibir o motorista e o cobrador de dar carona", afirma a cobradora Fátima Sales, da Niturvia, que se sente incomodada em ser vigiada em seu ambiente de trabalho.

Algumas pessoas se sentem invadidas, outras protegidas e outras indiferentes. Essa forma de segurança dentro dos ônibus é um assunto polêmico, principalmente quando alguns motoristas se recusam a falar durante a nossa conversa. "As câmeras não só filmam", diz o despachante Francisco Jacinto de Oliveira, da Alto Minho. Figura conhecida no Centro de Nova Iguaçu, ele diz que algumas câmeras têm compartimento de áudio também. "Aí vai acabar ficando feio para mim ficar criticando elas aqui".

Interatividade:
E você, como lida com câmeras de segurança?

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