FORMAÇÃO
Secretário de cultura quebra protocolo e realiza dinâmica de grupo usando sapatos de palhaçopor Jéssica de Oliveira
"Por favor, tirem todas as cadeiras do auditório e as coloquem em outro lugar. Tirem também os sapatos, livrem-se de bolsas e desliguem os celulares". Curioso, não? Mas foi assim que Marcus Vinicius Faustini, secretário de Cultura de Nova Iguaçu, deu início à primeira formação de mediadores culturais após as férias de julho. Na última segunda-feira, 3 de agosto, a Escola Municipal Monteiro Lobato serviu de cenário, ou melhor, de picadeiro para toda essa movimentação. Sim, picadeiro, já que o anfitrião usava um acessório, no mínino, diferente: um par de sapatos de palhaço.
Sua justificativa para o uso do adorno foi curta e grossa. "Porque sou uma autoridade, e uma autoridade deve ser desconstruída". Ele acredita que sem os sapatos de palhaço o grupo o veria como secretário de Cultura, e não como um mediador. Faustini também queria questionar a autoridade de cada um dos estagiários ali presentes. "Se eu falasse tudo o que falei sem os meus sapatos de palhaço, eles diriam: 'fala isso só porque é chefe'. Mas como estou usando, eles podem dizer: 'foi bom, fui mal, foi ruim', podendo criar uma estratégia de mediação mais direta, de igual pra igual".
Devidamente vestido, hora do espetáculo. "Formem círculos em volta de mim. Um pequeno, outro um pouco maior, e outro... e outro... e outro". Faustini lia um trecho de um livro, ou falava uma frase para o pequeno grupo em sua volta que, após ouvir com atenção, se virava para trás e recontava para o próximo círculo, criando um som crescente. Essa dinâmica trabalhou ludicamente um assunto que viria a ser repetido inúmeras vezes pelo animador: a importância do início, meio e fim em toda e qualquer atividade. "No início, alguma coisa acontece. No meio, alguma coisa deve ser feita. No fim, alguma coisa é feita", cochichava Faustini, para o primeiro círculo que logo repetia para o segundo, até que todos no auditório repetissem.
A atividade proposta instaurou a novidade, afinal, ninguém esperava que fosse assim, uma reunião para se tratar assuntos de trabalho. Eis o início.
Após a dinâmica que marcou o início do dia, Faustini dirigiu a reunião para seu segundo episódio: "o meio". Os estagiários receberam a notícia de que o Bairro-Escola está entrando numa nova fase, e com uma novidade. "Agora, as matérias de Língua Portuguesa e Matemática farão parte das oficinas culturais", revelou. Para ministrar as oficinas de Cultura e Língua Portuguesa, os mediadores usarão os contos do escritor Câmara Cascudo para trabalhar a oralidade. Já para as oficinas de Cultura e Matemática, serão usados livros como O Homem Que Calculava, de Malba Tahan.
Neste encontro, a formação foi para nortear os mediadores em relação às oficinas de Cultura e Língua Portuguesa. Ali, eles receberam o Guia de Ação das Oficinas Culturais do Bairro-Escola. "Esse guia é um mapa. Um mapa de aprendiz", disse Faustini. Ele ainda completou dizendo que, como mediadores culturais, os estagiários devem trabalhar para encorajar as crianças e provocar ações e não serem líderes disciplinadores. "Eu não posso falar de início, meio e fim, por exemplo, sem fazer algo que ilustre, sem vivenciar”.
A apostila dada aos estagiários consistia em uma fonte de referência, mostrando o começo do caminho a ser percorrido durante os meses de agosto e setembro, tempo em que esta metodologia será desenvolvida. Nela, há exemplos simples de como transportar a turma de crianças para outras dimensões, com objetos palpáveis e imaginários, músicas, histórias, dinâmicas e espaços que fazem parte da vida dos alunos.
E assim, Faustini e seu respeitável público encerraram "o meio".
Passado um breve intervalo após o almoço servido na própria escola, o grupo retornou para o auditório, onde seriam agraciados com um grupo de contação de história "Te conto umas...".
Interatividade:
Fale de um dia em que as pessoas o viram de modo diferente só porque você mudou a maneira de vestir.
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