quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Afro Baixada

BAIXADA

Grupos de afoxés disseminam cultura afro na região
por Robert Tavares

Com o intuito de difundir a cultura negra e o trabalho de resistência dos afoxés, Isabel D'Oya, que atualmente mora e atua no bairro Piam, em Belford Roxo, trabalha duramente desde muito nova. "Eu sempre tive vontade de trabalhar com a terceira idade e com crianças, fazendo esse trabalho, e para isso batalhei desde cedo", diz a fundadora e presidente do Afoxé Países Africanos, que realiza, desde o dia 8 de dezembro de 2002, atividades com 500 pessoas que vão de confecção de roupas africanas a shows. Os shows são realizados pelo grupo Afoxé Raízes Africanas.

Isabel e sua trupe resgatam adolescentes da marginalidade e aumentam autoestima dos "tios da melhor idade". Aproveitando seu notório saber, o grupo realiza oficinas culturais e mantém um bloco afro que desfila na Av. Rio Branco durante o carnaval.

Um dos grandes trunfos do grupo é o show de palco, que já somam 89 apresentações, destacando as de percussão, dança e capoeira. As músicas cantadas pelo grupo são de sua própria autoria. Geralmente, Isabel compõe e os seus "filhos" fazem adaptações. Os instrumentos mais tocados são atabaques, agogôs, xequerê, timbau e tumbadora.

Isabel faz planos para levar o jongo para as escolas de Belford Roxo. Segundo ela, essa é uma das melhores maneiras de tirar os jovens da marginalidade e da alienação. Para ela, é muito importante fugir da monotonia da sala de aula. "Além de fazer bem à saúde, isso daria mais disposição para eles e maior resistência física", diz. Mas sua prioridade é resgatar os valores do convívio social, buscando reduzir preconceitos étnicos, sociais e morais.

A forma peculiar como Isabel se veste deixa muitas jovens admiradas. É o caso de Dayanna da Silva, que tem 15 anos e também é moradora de Belford Roxo. A menina sempre via D'Oya passando na rua, adornada por tecidos e joias com traços africanos. A menina logo se interessou "por aquele visual deslumbrante" e parou D'Oya para terem uma conversa. Na semana seguinte, Dayanna estava matriculada e ensaiando junto ao grupo.

Com o grupo Afoxé, Dayanna teve a oportunidade de se apresentar em lugares como Rio Sampa, UERJ, Scala e CCBB. Foi a partir dessas experiências, que ela viu sua vida mudar. "Enquanto todas as minhas amigas estão grávidas ou com filho no colo, eu estou aqui dançando e mostrando para todo mundo meu potencial".

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Um comentário:

  1. Que matéria sensacional, fiquei feliz em saber que a cultura em Belford Roxo realmente funciona. Robert está de parabéns.

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