sexta-feira, 17 de julho de 2009

Nunca é tarde pra aprender a ler

SEJA


Oficina do II Fórum SEJA apresenta propostas para auxiliar na difícil e importante missão do alfabetizador de adultos.
por Dariana Nogueira

Entre as diversas oficinas que ocorreram no II Fórum de Educação de Jovens e Adultos de Nova Iguaçu, no sábado, dia 11, uma das mais destacadas foi a “Letramento e Alfabetização para Jovens e Adultos”, ministrada pelos professores Daniel Mancebo e Isabel Campos. A oficina conseguiu, de uma forma simples e descontraída, contribuir para o esclarecimento de dúvidas, além de apresentar novas questões referentes ao tema em momentos agradáveis, compartilhados tanto por educadores quanto por alunos do EJA.

Daniel e Isabel, que também lecionam na rede pública há alguns anos em turmas regulares, se propuseram a compartilhar suas experiências com a alfabetização de adultos de forma conceitual e teórica, inicialmente, com um pequeno texto, diferenciando “alfabetização” de “letramento”. Contudo, no desenrolar da oficina, os professores conseguiram despertar no público o interesse pelo tema, e a maioria dos presentes participou ativamente da aula.

De uma forma geral, o objetivo dos professores foi o de demonstrar que uma aula de alfabetização para adultos pode ser muito mais significativa e proveitosa quando se consegue articular o conteúdo da aula com a vivência cotidiana do aluno. E na prática, na concepção deles, esta é a maneira mais eficaz de ensinar. “Não adianta dizer para um chefe de família de 40 anos, semianalfabeto, que ‘o Ivo viu a uva’ porque não vai funcionar. Isto não é parte do cotidiano dele. Nós precisamos estar atentos o tempo todo e criar formas de interação entre o ensino e as experiências pessoais dos alunos.” – diz a professora Isabel.

Rosemilda dos Santos, de 40 anos, aluna da 2ª fase do EJA também participou da aula e destacou a importância do programa em sua vida. “Entrei para o programa por incentivo da minha irmã mais velha. Eu mal sabia assinar meu nome. Hoje estou muito feliz, porque finalmente consigo acompanhar minha filha nos estudos, ajudando sempre que posso”, confessa Rosemilda.

Outra história que chamou atenção dos presentes foi a de Therezinha de Jesus, de 58 anos, que atua no Brasil Alfabetizado como educadora. Ela, que dá aulas no abrigo Luz de Escol, no Bairro da Luz, para alunos especiais em sua grande maioria, demonstra o quanto é necessário adequar-se às especificidades dos alunos para obter resultados satisfatórios. “O ritmo dos meus alunos é diferente, então eu tenho que me adaptar a eles, e não o contrário.” No entanto, destaca a importância de tratá-los de igual pra igual e, quando vê o resultado, se afirma muito feliz e orgulhosa.

“É uma sensação de dever cumprido, incomparável!”, afirma Therezinha.
O professor Daniel, que leciona geografia, também compartilhou suas experiências com o EJA. “Não é porque eu ensino geografia, que tenho necessariamente que ficar restrito aos termos e conceitos geográficos”, explica Daniel. E acredita que a aula se torna muito mais dinâmica e mais produtiva quando consegue exemplificar com coisas mais corriqueiras.

Talvez, o que tenha tornado a oficina de Letramento e Alfabetização mais interessante foram as trocas simultâneas de experiências, a diversidade de casos e histórias que confirmaram, na prática, a proposta de Isabel e Daniel. Ambos concluíram satisfeitos seu trabalho no evento.

Interatividade:
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