Bagunceiros da Orestes Bernardo Cabral ajudam a manter a ordem
por Josy Antunes
A Escola Municipal Orestes Bernardo Cabral tem um método inusitado de lidar com os alunos "bagunceiros". Na escola, localizada em Vila de Cava, os educadores são instruídos a reverter toda a agitação desses alunos em atividades que os levem a refletir sobre suas atitudes, além de beneficiar a própria escola. Como no caso de Matheus Mendonça, que teve seu dia de juiz de futebol ao ser escolhido para ajudar no controle do recreio. Funciona da seguinte forma: a coordenadora de turno - no caso a professora Janaína Cavalcanti Mendonça - escolhe um aluno para auxiliá-la durante o momento mais eufórico do dia, no qual, além da merenda, recreações diferenciadas são realizadas conforme o dia da semana. O mini-coordenador de turno auxilia batendo a corda para as outras crianças pularem, ajudando a controlar as filas, as partidas no Totó, entre outros.
Matheus, aos 10 anos, demonstra um empenho de gente grande. "Senão, eles não deixam os outros jogarem", alega ele, sem desgrudar os olhos da bolinha que corre entre os pés dos pequenos bonecos/jogadores. "Sempre escolho os mais agitados, pra eles sentirem que tem que ter responsabilidade", explica Janaína. No jogo, "roletar" é proibido. Matheus, a qualquer suspeita do ato, logo avisa: "Oh, não roleta, hein?". Quando na caixa de som foi anunciada a hora de ir ao banheiro e beber água, porque o regresso à aula estava próximo, o menino educadamente e sem perder a autoridade que lhe foi concedida, afirma: "Acabou a hora de brincar, dá licença", diz recolhendo a bolinha branca. "Acabou o Totó, vai pra fila", ordena a um aluno que insiste em continuar a brincadeira.
É desse jeito, "sentindo na pele" o que os profissionais da escola sentem ao pedirem um bom comportamento, que os alunos podem desenvolver uma reflexão sobre o assunto. O método pode trazer melhores resultados do que castigos, por exemplo. "Se não tiver reflexão, se só tiver punição, não tem como a gente avançar", garante Mônica Paulucio, professora de incentivo à palavra do Orestes.
Além de cuidar biblioteca do Orestes e das oficinas de incentivo, Mônica é responsável pelo uso do método com os alunos que frequentam o espaço. Ela explica que saber ouvir é essencial. "Eu ouço o que cada um tem a dizer e depois eu pergunto: você acha que isso foi resolvido da melhor maneira?", conta ela. Para Mônica, muitas vezes a criança não tem necessariamente um problema de conduta, só precisa ter suas energia de sobra direcionadas. "A gente tem que dar conflito pra que nossos alunos sejam capazes de estar resolvendo sozinhos", afirma.
Foi justamente diante de um conflito que Lucas dos Santos e Thiago de Souza, respectivamente com 9 e 10 anos de idade, se depararam ao receber o dever de carimbarem 100 livros, recentemente chegados à escola. Os livros precisam passar pela catalogação antes de poderem ser emprestados. A tarefa, além de ajudar Mônica, fez com que os dois trabalhassem juntos, pois havia um único carimbo. "Eles trabalharam direitinho, não teve briga e eles mesmos se organizaram", admira a incentivadora.
A dupla estava na secretaria do Orestes, prestes a iniciar a cópia de algumas páginas de um livro de ciências - consequência de indisciplina em sala de aula - quando Mônica solucionou o caso. Ambos são agitados e têm um baixo grau de concentração. Porém, quando souberam que iam ajudar na organização dos livros, logo se animaram. "Eles adoram ajudar na biblioteca", conta, "Isso faz com que eles se sintam importantes", diz a educadora, referindo-se aos elogios concedidos a eles pelos próprios colegas. "Estamos brincando de carimbação", exclama Lucas, satisfeito em colaborar.
Interatividade:
Que recursos você já utilizou para ajudar no desenvolvimento da disciplina das crianças?
parabéns pela reportagem...muito mais que um trabalho é um estimulo para nossos colegas professores que convivem diariamente com os alunos agitados. parabéns!!!!!!!!!!
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