Jovem aluno da ELC surpreende com personalidade, histórias e desenhos
por Josy Antunes
“Era uma vez, em Nova Iguaçu, uma criança chamada Elion...”. É assim, como em contos de fadas, que se inicia um dos inúmeros episódios de uma série que tem feito sucesso entre alunos e professores da Escola Livre de Cinema, em Miguel Couto. A autoria fica por conta de um mini desenhista – “mini” na idade, não no talento – de apenas 9 anos de idade: Elion de Lima Silva, que há pouco menos de 6 meses adentrou, pra ficar de vez, no prédio das paredes vermelhas.
A vontade de ser um dos alunos da escola já perdurava por 2 anos, mas, devido à grande procura, conseguir uma vaga era muito difícil. Raquel Andrea, mãe do menino, lembra-se da vez em que uma reportagem sobre a ELC passou na televisão, deixando Elion ainda mais empolgado: “Essa é a escola em que vou estudar”, exclamou com firmeza.
Hoje, seu discurso não carrega mais o tom de expectativa, mas o de orgulho, quando conta, pra quem for possível contar: “Eu estudo na Escola Livre de Cinema, lá em Miguel Couto”. A mãe conta que todas as vezes que passavam por pela Escola ele ficava “desesperado querendo entrar”. Até que, em um desses dias de visita, por coincidência ou não, as matriculas estavam sendo realizadas. Elion, então, logo se precipitou nas apresentações, chamando a atenção de todos, inclusive a de Veruska Thaylla, coordenadora do Bairro-Escola na ELC. “Oi! Tudo bom? Eu vim aqui porque eu sou desenhista e quero ser cineasta”, afirmou.
Caroline da Costa e Diego Bion são os mediadores da turma em que Elion foi recebido e onde já chegou surpreendendo. “No inicio é tudo novo, e você está tentando conhecer as crianças e sacando quais são os dispositivos que funcionam com cada um”, explica Bion, que também afirma que, no início, os mediadores mais se atrapalhavam com o menino do que ele atrapalhava as aulas, desbancando a fama de falador concedida pelos colegas de turma.
Se, em aula, um “cof-cof” – típico de quem quer se anunciar para algum pronunciamento – for ouvido, já se sabe que vem de Elion, e que ele vai ser seguido por um “Sabe...” e por uma de suas concepções. “As frases dele sempre começam assim”, conta o mediador. O pequeno futuro cineasta alimenta uma grande curiosidade por tudo. Saber a origem das coisas é uma grande preocupação para ele, tais como: “Como era o cinema antigamente?” ou “Como é que faz para as imagens irem pro computador ?”. Esse interesse, aliado à extraordinária memória que o menino carrega, faz com que ele sempre tenha uma resposta na ponta da língua. “Teve um dia que ele contou como surgiu a luz elétrica”, relembra Carol. “Ele começou a seguir uma linha de raciocínio, que contou até a data, o nome do cara, como aconteceu da pipa e o trovão”. Os demais alunos, a princípio acharam graça, pensando que fosse pura invenção, mas logo foram alertados pela mediadora: “Não gente, presta atenção, porque o que ele está falando aconteceu mesmo”.
A dupla de mediadores já tem estratégias para lidar com Elion, caso ele resolva contar uma de suas histórias em algum momento em que a produção não possa parar. Basta lhe entregar uma folha de papel e um lápis. Dessa forma, nem ele, nem a turma deixarão de produzir. E é justamente onde ficam guardados esses objetos que Elion vai assim que chega na escola, perguntando logo se pode fazer uma historinha. “O castigo pra ele é tirar a televisão ou o desenho”, conta a mãe, sobre o fascínio de Elion por um canal de cultura.
Raquel tem que comprar, por mês, um pacote com 500 folhas de ofício para atender a demanda de novas histórias. O psicólogo de Elion, Patrick, aconselha que Raquel não impeça a produção delas, pois é a forma que o menino tem de extravasar seus sentimentos. Quando a mãe avisa que a quantidade tem que durar por dois meses, para economizar, Elion confecciona os “livretos”, que são feitos com as folhas cortadas em 2 ou 4 pedaços, utilizando todo e qualquer espaço em branco. Provas escolares, pedaços de agendas velhas e qualquer tipo de papel, são matérias primas para Elion, que também é responsável por grampear e contar as histórias posteriormente. Elas são baseadas nas ilustrações, sempre ricas em detalhes. Os textos são bem enxutos, porém os conteúdos dos episódios nunca são esquecidos pelo seu autor, que os conta exatamente da mesma forma, não importa o tempo que se passe.
Outro aspecto que também chama atenção é que grande parte das palavras não são escritas em português. “Eu gostaria que o Brasil falasse inglês”, confidencia ele. O curioso é que Elion não faz curso algum da língua, tem somente as noções básicas na escola e expressões como “The end” no final dos desenhos que assiste na TV. “Ele sempre põe em inglês. E é engraçado que ele já tem um traço que é dele, a gente nem precisa pedir pra colocar o nome, a gente já sabe que é dele”.
A presença de objetos, construções e carros antigos, além de cenários em outros países, como Inglaterra e Egito, também são marcantes. “Ele fala que queria ter nascido por volta de 1800. Aí pergunta como era Nova Iguaçu naquela época”, explica a mãe, que não sabe de onde o filho tira tais interesses. “Ele fala que não gosta de modernidades”. Essa ligação com a beleza do passado e as tradições, influencia a forma com que Elion se expressa verbalmente. Basta conversar com ele por cinco minutos para perceber o vocabulário impecável do menino. “Meus colegas ficam fazendo pegadinhas, ficam falando errado. Eu queria ter nascido antigamente”, lamenta. “Eu sempre falei com carinho, mas nunca falei “nana” pra banana, “cocó” pra galinha”, justifica Raquel. Quanto às gírias e a linguagem dos amigos, Elion já planeja uma solução: também quer ser prefeito, para criar as leis da linguagem.
Mãe e filho têm um relacionamento de amigos. Raquel leva até bronca quando algum dos desenhos se perde. “Alguns eu não entendo, então penso que é lixo”, confessa, “Eu jogo fora algumas histórias quando ele está dormindo ou na escola”, conta ela, reclamando da falta de espaço para guardar as tantas páginas. Nas ilustrações, os personagens são facilmente reconhecidos. Os mais comuns, os primos Quenái e Guilherme, a mãe Raquel, Letícia (a menina com quem diz que vai se casar) e o próprio Elion, recebem sempre os mesmos traços e características. A auto-reprodução do menino traz sempre um grande topete. “Quando ele não está muito de bem com a vida demonstra logo na historia”, conta Raquel, mostrando algumas das expressões carrancudas desenhadas no personagem que representa Elion.
“Teve uma vez que ele já tava terminando um desenho, só faltava ele terminar, daí eu fui e rabisquei tudo”, confessa Thalia da Silva Soares, de 11 anos, dizendo ter agido por impulso. O caso fez com que Elion desatasse a chorar, tamanho o apego por suas criações. Porém, muito carinhoso, ele não pensou duas vezes ao perdoar a menina, que logo pediu desculpas, terminando o assunto com um aperto de mão. Thalia –que o conheceu no primeiro dia de aula, quando ele desenhava, e logo o pediu para que desenhasse um passarinho – conta que gosta dos assuntos trazidos por Elion. “Ele conta sobre os desenhos, sobre as verduras, sobre filmes e planos de filmagem usados neles”.
As “verduras” citadas pela menina são da animação “Os vegetais”, que, numa temática evangélica, transmite lições de cidadania em seus episódios musicados. O dvd da série, entre outros, é levado por Elion para a ELC, e predomina nos minutos que antecedem as aulas. “Uma vez, eu estava na ilha de edição, e ouvi o desenho dos Vegetais e uma criança cantando. Quando eu fui lá fora ver, ele estava “de patrão” deitado nas almofadas, com as mãos na cabeça e pernas cruzadas, vendo o desenho e cantando”, lembra Bion, divertido.
Os próximos planos de Elion incluem a compra de uma filmadora, para fazer suas histórias em vídeo – projeto para o qual moedas já estão sendo guardadas num porquinho – e levar seus desenhos do papel para as telas. “Agora ele cismou que vai fazer quadros”, conta a mãe. Elion já promete: “Eu vou fazer uma tela e você vai ver como vai ficar bonita, vai ficar igual da Tarsila do Amaral”.
Após seu primeiro desenho – uma reprodução da arca de Noé – na escola, aos 2 anos e meio de idade, Raquel escutou da professora de seu filho: “Isso aqui, na idade que ele tem, é um tesouro que vai ficar pro resto da vida”. E é como um tesouro que o talento do menino é diariamente recebido. “A gente dá muita atenção aos desenhos dele, porque realmente são muito especiais. Ele tem uma criatividade imensa”, garante a mediadora Carol, que atua na ELC há 1 ano e 6 meses.
Quanto aos filmes que vinham sendo produzido pelos alunos do Bairro-Escola, sobre os contos de Câmara Cascudo, é Elion quem garante: “Vocês precisam saber que esse dvd vai ser muito bom, todos vão gostar”, diz o desenhista mirim, que participou ativamente de todas as áreas da produção. “Bom, essa é a minha fala de hoje”, encerra ele.
Interatividade:
Conte uma história que você gostaria de ver ilustrada por Elion.
Estou muito orgulhosa por ver esta reportagem, sobre meu sobrinho Elion Ele realmente é uma criança especial e que tem muito talento.Ale´m de ser muito criativo também e muito curioso e inteligente, nos surpreendendo a cada dia
ResponderExcluirestou orgulhoso por conhecer o Elion ele é demais!!!!
ResponderExcluirO elion e o meu primo todos os dias eu tento aprendre a desenhar e escutra as historias dele eu amos muito ele e elion o primeiro autografo e meu temao muito e comtenue assim vc vai longe
ResponderExcluirass:guilherme seu primo
Elion não te conço muito bem mas vi vc pequeno pois sou aluno da sua tia a nove anos essa reportagem mostra que vc é uma pessoa boa e de carater nunca desista de seus sonhos abraço do jerry gabriel
ResponderExcluirEsse é meu orgulho!!!
ResponderExcluirKaramba esse menino é fera!!!!
ResponderExcluirEle merece ser ajudado!!
olá meu nome é aline e eu tenho aulas com a tia do Elion e varia vezes parei pra ouvir ele contando suas historias...
ResponderExcluircom ele eu aprendi quem inventou a lâmpada, quando isso aconteceu e como aconteceu ...
também aprendi sobre os carros antigos,ouvi como se formam as chuvas , e os terremotos ...
ouvir o elion falar e algo fascinate e sei que ele tem um futuro brilhante ...
adorei a reportagem parabéns.
Oi meu nome é Andreia conheço o Elion e ele merece muito ser admirado por que é uma criança que se interessa por coisas que muitos adultos não dãõ valor.
ResponderExcluirAmei a reportagem vcs estão de parabens!!!!!!
MEU PRIMOOO : )
ResponderExcluirSUCESSO MLKK :D
ABÇ . Do seo Primo JR :D
Adorei a reportagem,pois eladá esperanças para quem tem talentos em geral.Ele serácom certeza,uma fonte,para pessoas poder continuar buscar os seus sonhos e realizações!!!
ResponderExcluirBoa sorte na carreira!!!!
Abraços,João Paulo Rodriuges :D
Elion vc seria capaz de escrever e desenhar a historia da arca de Noé? Faço questão de pessoalmente de levar uma tela na sua casa,vou ficar muito felizz de ter sua obra na parede nova do meu quarto novo,quero pedir um detalhe da sua caricatura com a franja..Nicole!!!........
ResponderExcluirEu conheço esse anjinho! Fui professora dele e sei do talento e da capacidade dele...
ResponderExcluirEstou muito orgulhosa de saber que fui professora de um grande artista!!!
Oi sou terezinha a avó do Elion Fico muito orgulhosa em saber dessa reportagem, é uma grande esperança para que os sonhos dele se tornem realidade!!!!
ResponderExcluirEliooon meu lindo!! Arrasando! Parabens raquelzinha <3
ResponderExcluirSeus contos e desenhos são de mais!!!
ResponderExcluirUma linda lembrança! Hoje Elion está com 17 anos e continua desenhando e criando suas histórias. Uma pena que eu como mãe não tenho recursos para cursos e o município não tem mais esse tipo de atividades 😐 #ficotriste
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