MIGUEL COUTO
Cine Tela Brasil e Escola Livre de Cinema mostram os bastidores de um filme
por Robert Tavares
No período de 1 a 8 de julho, Duque de Caxias será ponto de encontro para participação da oficina itinerante Tela Brasil, que acontece paralelamente com o projeto Cine Tela Brasil. Esse projeto conta com o apoio da Lei de Incentivo à Cultura e com o patrocínio do Sistema CCR. Definido por alguns como "a primeira sala de cinema que anda", o evento conta com a ajuda da Casa Brasil, que cede o espaço para a realização.
"A troca sempre é um ponto positivo, seja em que projeto for", avalia Aline Alli, moradora de Miguel Couto. "Esse projeto é uma coisa maravilhosa. Estou gostando demais", diz Jaqueline Santos, que recebeu indicação de uma amiga no ano anterior e fez a oficina de áudio e vídeo na Escola Livre de Cinema, também em Miguel Couto.
Sendo um dos alunos da oficina, pude perceber o clima de agitação presente. De igual forma, os bastidores se mostravam eufóricos. O grupo que promove essas atividades é de São Paulo e viabilizam produções de curtas-metragens por todo o Brasil. Por volta de três anos esse trabalho é feito com moradores da Baixada Fluminense. Nesse período, mais de 530 mil espectadores já participaram das exibições gratuitas de filmes. A grande maioria deles pela primeira vez, já que, segundo IBGE, 92% dos municípios brasileiros não têm nenhuma sala de cinema.
Em muitas cidades, a temporada do Cine Tela Brasil representa o único contato com o cinema durante todo o ano. Nós passamos por um ciclo de aulas e essas acontecem diariamente, em período integral. Aprendemos a operar câmera, decupagem de roteiro, noções de produção e direção de atores. Em seguida saímos para filmar, sendo dois dias para isso e três para editar o filme. "O diferencial é que aqui nós não ficamos só na teoria", diz Fábio Menezes, morador de Jardim Pernambuco.
A conta é simples. Com cinco ministradores, vinte e quatro alunos e oito dias, resultam em três curta-metragens, dois documentários e uma ficção. Laís Bodansky, cineasta e aclamada diretora do filme O Bicho de Sete Cabeças, e Luis Bolognesi perceberam, há mais ou menos dez anos atrás, uma carência no cinema nacional e que o público tinha vontade de saber o quê acontecia por trás das câmeras, sendo assim resolveram atuar em lugares ermos de cultura. E, de lá pra cá, muita coisa mudou, como lembra Marina Sartoniere, coordenadora pedagógica do projeto. Ao apontar para Van que eles usam hoje em dia, para locomoção dos alunos, ela lembra da Saveiro vermelha que eles colocavam os equipamentos antigamente para levar o cinema até as pessoas.
O Projeto Cine Tela Brasil, que circula de cidade em cidade levando o cinema de graça a quem não tem acesso às salas de exibição, arma a sua sala itinerante em locais de fácil acesso. "Para as pessoas, essa magia do cinema é encantadora. Os benefícios para cada um deles são muito grandes. Ajudam na socialização, estimulam a imaginação e proporcionam lazer e entretenimento. São coisas simples para a maioria das pessoas. Mas que para essas, são especiais, fazem toda a diferença", comenta a psicóloga Josimari Stanki, que já é velha conhecida do Cine tela.
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