quinta-feira, 5 de março de 2009

A primeira aula a gente nunca esquece

Jovem repórter conta como foi o trote do Cefet de Santa Rita
por Marina Rosa

As festas de rua acabaram com o carnaval no final de semana. Apesar de já estarmos em março, parece que o ano só começou agora. Mas o clima carnavalesco saiu das ruas para as faculdades. Quem é veterano sabe muito bem disso.

Nas faculdades públicas, o ritual dos veteranos darem trote nos calouros é quase um dever. Os antigos ficam eufóricos na expectativa dos novos alunos. Os meninos torcem para que entrem meninas bonitas e as meninas torcem para que não sejam vistas por quem não se interessam.
Em Nova Iguaçu, os alunos do Cefet – Santa Rita, passaram pela brincadeira no segundo dia de aula, na última terça.

No primeiro dia de aula (segunda), o clima entre os calouros era de receio. Todos comentavam e esperavam pelo trote tão apavorante na cabeça de alguns, em parte reforçado pelas imagens vistas na televisão. No entanto, a segunda-feira foi um dia de descontração, marcado pelo reencontro dos veteranos e conhecimento dos calouros.

Já no segundo dia foi bem diferente. Logo após o intervalo, um aluno do décimo período entrou na sala dizendo que substituiria a professora naquele dia. Ninguém desconfiou. O menino passou um trabalho que nenhum aluno resolveu, valendo um ponto. Alguns começaram a desconfiar e outros já se sentiam prejudicados, acreditando na brincadeira do veterano. Na verdade, ele só estava tirando onda enquanto todos os outros veteranos se organizavam do lado de fora da sala.
Quando saímos fomos direcionados a uma outra sala onde já se encontravam os calouros do outro curso.


Aí caiu a ficha. O trote havia começado!
Rafael A., o mais antigo, comandava deixando claro a não-obrigatoriedade da brincadeira. O diferencial estava aí. O trote da instituição não era um tipo de humilhação ou coisa parecida. “Nós fazemos isso não pra vocês sentirem que são menos que nós. É uma brincadeira de interação. Pra gente se conhecer melhor. Muitas pessoas que participam estão sempre com a gente e daqui a pouco vai estar fazendo a mesma zoação que sofreu com outra pessoa”, contou o rapaz.


Todos foram pintados com tinta guache. Uns mais, outros menos. Houve uma breve apresentação de cada um e em seguida mais brincadeiras. A caloura Mariana Barbosa, 18 anos, moradora do bairro Jardim Alvorada, foi a mulher múmia. Apesar de ter sido pintada e mumificada com papel higiênico, a jovem gostou da experiência. “Foi um trote saudável, achei divertido. Ninguém tentou forçar a gente a fazer coisas que não queria. Os veteranos foram simpáticos, com exceção de uma garota”, disse rindo.

Boquinha da garrafa
Além da mulher múmia, havia dois meninos que se transformaram em ventiladores. Os rapazes tinham que ficar em cima da cadeira girando os braços. Um deles foi Luiz Cláudio, 19 anos, que também foi escolhido para dançar em cima da mesa. “Eu gostei das brincadeiras mesmo não sabendo dançar na ‘boquinha da garrafa’. Mas deu pra conhecer alguns veteranos e ver que são gente boa.”

Dentre as pinturas, múmias e ventiladores também havia o carregador de mochilas e os homens cones. Dava até pena de ver só uma pessoa segurando a mochila de todos ao mesmo tempo. Já os homens cones tinham que ficar com um cone na cabeça sem ver o que se passava.

Uma das brincadeiras mais engraçadas para quem fez, foi o oito imaginário. Depois de eleitos cinco calouras e cinco calouros, todos dançaram em cima de uma mesa. Na vez dos meninos, todos podiam ver. Com as meninas, só os veteranos puderam ver as cinco meninas dançando o creu de costas e fazendo movimentos como se escrevessem um oito na parede, com uma garrafa na altura do umbigo.


As turmas são predominantemente masculinas e talvez por esse motivo, a corda de elefantinho foi só para os meninos, uma brincadeira que consiste em dar as mãos por baixo das pernas e andar do terceiro andar até o pátio da instituição, no térreo.

O início do trote criou um clima tanto na relação entre os calouros quanto na destes com os veteranos. Foram muitas brincadeiras, risadas e até perseguições a quem se escondia até depois das dez horas da noite.

Mas a semana apenas começou. Ainda tem muitas brincadeiras pela frente. O mais legal é ter a certeza de que todas são saudáveis, são legais de participar.


Rir dos outros é bom, mas um trote de faculdade marca a vida de um jovem. Marca o início de uma nova etapa na vida. Parece que a ficha de quem passou para a universidade pública só cai quando essa recepção dos veteranos começa. É como uma comprovação de que você está ali, que conseguiu.

6 comentários:

  1. UAHSUHAS tá, Marina. Você está no CEFET. shuas ficou ótimo !

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  2. Manutenção aqui já, por favor!
    Gostei de escrever essa materia.. mas o melhor dela são as fotos.. e cade as fotos aqui?? ¬¬'

    e obs nos erros da edição:
    "o creu 'de costas de costas' e.."

    brenner, vc é chato.. rss
    brigada por comentar.. adorei sua materia sobre a biblioteca tbm

    bjs

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  3. boa a iniciativa dos alunos da cefet
    depois de assistir na tv humilhações
    de alunos mal intecionados os alunos da cefet são um exemplo oposto,pois o que vale mesmo e a diversão.

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  4. Eu estava morrendo de medo de levar trote, até pelo que vem sido visto por ai.
    Mas a sua matéria desmistificou isso, passou toda a diversão que foi o momento!
    A cara de sofrimento de carregador de mochilas é a melhor! hahha

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  5. agora sim vc entrou pra família CEFETiana^^ parabéns marina

    ass: gustavo 1ainfo1

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  6. Boa a matéria..

    É um convite a uma leitura agradável e que não cansa.

    Ja levei trote e apoio, tanto porque hj em dia eu que do trote HAHAHAHAHAAAAA... ^^

    Os trotes tem uma função muito importante que é a socialização entre os veteranos e os calouros e porque não calouros entre calouros..

    Excelente matéria, nota 10!!

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