Crise de vocação leva Igreja católica a abrir espaços para a mulher
por Breno Marques e Tatiana Sant’Anna
Nascida em Sergipe, Maria Xavier Pinto, 87 anos, veio para o Rio de Janeiro com 20 anos. Insatisfeita com a vida que levava em sua cidade natal, resolveu vir morar com o irmão. “Minha mãe queria que eu ficasse em Sergipe, para casar. Minha família era muito pequena e ela não gostava da idéia de eu ir parar em um convento”, conta.
Nascida e criada na igreja católica, Maria participou de vários “estágios religiosos”, como a primeira comunhão e o crisma. “Minha mãe era uma verdadeira devota de Cristo, que fazia questão que eu e meu irmão fôssemos com ela para todas as missas.” Na sua cidade, todas as crianças iam à igreja.
Ela, cuja vida religiosa teve início há 67 anos, trabalha na Igreja Catedral de Santo Antônio, localizada no Centro da Cidade Nova Iguaçu, há exatamente 43 anos. Ministra da eucaristia, Maria Xavier ajuda o padre na hora da comunhão, distribuindo as hóstias para os fiéis que assistem à missa.
Embora tenha morado durante dois anos no convento, Maria Xavier casou-se duas vezes. “Depois de ficar viúva duas vezes, resolvi não casar mais”, conta a simpática senhora, com um belo sorriso no rosto. Nenhum dos dois maridos gostava de missas, mas isso nunca foi um problema para ela. “Nunca faltei uma missa por causa de deles”, lembra ela, que vai à igreja pelo menos quatro dias da semana.
Poucos padres
Com 41 anos e casada há 18 anos, a psicóloga Selma Sardinha é tão fervorosa quanto Maria Xavier, mas sua devoção é facilitada pelo fato de sempre estar acompanhada pelo marido Roberto Sardinha, 42 anos, quando vai à igreja. Dessa união, nasceram Pedro Henrique, 12 anos, e João Victor, 9 anos, que seguem os passos dos pais na mesma igreja onde trabalham. Os meninos concluíram há pouco tempo o curso de primeira comunhão, deixando os pais orgulhosos.
Depois de seis meses de curso, hoje ela exerce a função de ministra do matrimônio na Igreja São Sebastião de Austin, onde realiza casamentos. “Como a igreja tem poucos padres, fiz o curso de testemunha qualificada do matrimônio”, conta Selma, que exerce essa função com o esposo.
A ministra, que participa de todas as atividades propostas na igreja, tem como lema servir a Deus. É por isso que não dá importância ao preconceito de que às vezes ela e o marido são vítimas. “Alguns casais estranham, mas não é nada demais”, contemporiza Selma, que está adorando o seu mandato.
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