A antropóloga Marcella Camargo explica funcionamento da escola de pesquisa
por Tatiana Sant’Anna
Antropóloga, pesquisadora e paulistana. Esta é Marcella Camargo, 43 anos, coordenadora do grupo de pesquisa da Escola Agência de Comunicação. O corre-corre faz parte do cotidiano dessa super-mulher, que não teme os desafios. A apresentação do primeiro trabalho da sua equipe, sobre o projeto Minha Rua Tem História, foi uma prova disso. Jamais trabalhou em condições tão precárias e improvisadas. Mas ela e seu grupo, formado por cerca de 40 jovens, arregaçaram as mangas e foram à luta.
"Uma coisa que acredito é que trabalhar com a diferença não é fazer todo mundo ficar igual", afirmou ela depois da apresentação, na quarta-feira que antecedeu o carnaval. "Trabalhar com a diferença é saber respeitar as diferenças, isso é fundamental para qualquer processo de civilização. Não é deixar tudo igual, é saber respeitar a diferença. Se você não tem ouvido para perceber que as pessoas são diferentes, vai achar que todo mundo é igual."
Acostumada
Marcella Camargo começou a trabalhar com jovens na Escola Britânica, na Urca, Zona Sul do Rio de Janeiro. Lá, ela mistura jovens de classes sociais diferentes em torno de um projeto de pesquisa. Foi graças a esse trabalho que foi descobera pelo UNICEF no ano passado, quando esse braço das Nações Unidas estava desenvolvendo o piloto do projeto Encontros. A antropóloga paulista é a quinta pessoa do Encontros que veio trabalhar na Secretaria de Cultura e Turismo.
Nova Iguaçu era uma palavra distante do vocabulário de Marcella, que mora no Leblon. Sempre teve curiosidade de acompanhar o processo de mudança iniciado com a eleição do prefeio Lindberg Farias. Mas a grande motivação para aceitar o convite pode ser resumida em uma palavra: jovens. "Adoro trabalhar com jovens. Eu gosto de desafios e é por isso que gosto de trabalhar com eles, que por sua vez gostam sempre de um novo desafio. E eu estou nessa vibração", conta.
Para conhecer a cidade de Nova Iguaçu, ela contou com a ajuda da Caravana do Bairro Escola, que ia cobrir os grafites feitos pela cidade: “Adorei Vila de Cava, o contraste com a Zona Rural”.
Tudo certo
Já que Marcella está acostumada a trabalhar com jovens, essa não seria a dificuldade encontrada em Nova Iguaçu. Mas ela também credita o sucesso do trabalho ao desejo dos jovens da sua equipe em aprender. "Eles estavam com vontade de aprender e eu de ensinar. Estão deu tudo certo."
Todas as segundas, quartas e sextas-feiras, no horário de 9h às 13h30, o grupo se reúne para ter aulas de pesquisa. A prioridade é o trabalho em grupo: "Trabalhar em grupo não é apenas colocar um bando de gente, mas sim cada um ter a sua responsabilidade, respeito com o outro." Nessas aulas, ela mostra ao grupo que, em pesquisa, trabalhar em grupo é mais que cooperar. "É o efeito dominó. Se fizer alguma coisa errada, vai dar errado para todo mundo." A equipe tem que trabalhar em perfeita união, construindo regras para que o respeito mútuo seja mantido. "Sou a coordenadora, mas o trabalho é em equipe."
Além de unir o grupo, a antropóloga paulista incutiu um espírito guerreiro nos meninos da Escola Agência de Comunicação. Talvez o maior exemplo de determinação tenham sido as caminhadas de alguns integrantes da equipe para os locais da entrevista. "Para economizar o dinheiro da condução, alguns pesquisadores foram fazer o trabalho a pé", lembrou ela, emocionando-se. "Os meninos foram supercooperativos."A solução encontrada foi utilizar o seu carro, para que o trabalho não fosse interrompido. “A angústia é cortar alguém, todos merecem ficar. É estimulante vir para cá, isso me motiva muito”, conta às lágrimas, referindo-se ao processo de seleção na Escola Agência.
Minha Rua tem História
Marcella procurou obter todas as informações de quem tinha atuado no projeto: "Não sabia muito sobre ele. Achei muito legal o blog, mas aprendi mais com a pesquisa. Contei com a ajuda do ‘Faustini’, pai do projeto, e de alguns dos seus coordenadores", resume. Ela também disse que na pesquisa é essencial ouvir todas as informações sobre as pessoas envolvidas. Talvez esse tenha sido o sucesso do trabalho de sua pesquisa.
Ela faz uma avaliação altamente positiva do projeto Minha Rua tem História. "Tenho que admitir que o Faustini teve uma boa idéia. Valeu a pena, foi uma coisa estimulante saber que a cultura daqui acredita na transformação cultural, e eu acredito nisso", conta.
E o trabalho não termina por aqui. Marcella voltará a reunir sua equipe para terminar a pesquisa que foi feita na Feira de Emprego, no início de novembro do ano passado. Além disso, já tem uma reunião marcada com o secretário de Cultura e Turismo para o dia 6 de março da qual espera sair com uma nova encomenda. "Já estamos na expectativa de um novo projeto", anima-se.
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Achei muito interessante essa matéria. Trabalho na Agênia como jovem reporter e não conhecia as informações apresentadas aqui tanto sobre a Marcela quanto sobre o trabalho dos jovens pesquisadores.
ResponderExcluirAdmiro essa grande mulher e espero que encontremos cada vez mais pessoas como ela, pra somar!
Parabens Tatiana, pela materia.
O termo "super-mulher" foi muito bem empregado para ela. Já a admirava, e com a matéria pude conhecer mais sobre o trabalho dela com os pesquisadores.
ResponderExcluirÓtima matéria Tatiana!
Sant'ana parabéns pela matéria, ficou um texto muito gostoso de ler e deu pra ver o que é o " Furacão Marcella" rsrs. Furacão pq ela chegou e nos deu uma injeção de ânimo, experimentar algo novo é sempre bom. Eu sou uma pessoa que adora a novidade, marasmo naõ é comigo e a Marcella além de ser um pessoa maravilhosa é apaixonada pelo que faz, e isso nos motiva a dar o melhor de nos mesmos. Adoro trabalhar com ela e que essa relação dure muito tempo! Parabéns a Todos da Escola Agência de Comunicação
ResponderExcluirespero que através da marcella os nosso jovens sejam os melhores e que no futuro bem proximo não tenhamos que trazer pessoas de fora para trabalhar aqui.
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