quinta-feira, 19 de março de 2009

Amores de Calçadão

Vendedores e ambulantes organizaram "torneio da pegação" no Calçadão
por Wanderson Santos

O Calçadão é o point de Nova Iguaçu. É lá que os feirantes, camelôs e locutores anunciam seus produtos, procurando incrementar as vendas. Mas no meio daquela babel de bordões se podem ouvir as cantadas proferidas durante o inusitado “torneio da pegação”.

O vaivém de pessoas é incessante, colocando o Calçadão como o terceiro maior polo de vendas do Estado, atrás apenas do Saara, no Centro do Rio, e do Mercadão de Madureira. É também o palco de muitas histórias engraçadas, e de reações inesperadas.

O bilheteiro Alex Souza, 26 anos, resolveu dar em cima de uma jovem com a qual tinha pelo menos uma coisa em comum: ela também era bilheteira. “Dava em cima dela e depois de muito custo consegui marcar um cinema com ela”, conta ele. Para sua surpresa, deu de cara com o namorado da pretendente. “Não esperava uma confusão daquelas”, conta Alex. Depois desse episódio, o pegador passou a ser mais prevenido a respeitar um “não”.

Em vez de impedir o relacionamento entre as pessoas, a agitação do Calçadão é um pretexto para novas amizades. A convivência na maioria das vezes diária induz a relacionamentos diversos, que vão da amizade sincera a um namoro eventual. Foi nesse clima que surgiu o “Torneio da Pegação”, cujo vencedor é aquele que conseguir “ficar” com mais mulheres. A corrida atrás da “mulherada” não distingue as que trabalham na área das eventuais compradoras.Vale tudo.

Sniper
O vencedor do mês de fevereiro, o vendedor de bilhetes João Fagner, de 27 anos, explica a fórmula do sucesso. “Para mim é fácil”, diz ele. “É só tomar cuidado, e “atirar” na certa.” O sniper do Calçadão de Nova Iguaçu foi recompensado com uma rodada de chope.

Mas não é só de histórias de “pegação” e brincadeiras exóticas que vive o Calçadão. Paulo Santiago, de 30 anos, e Jaqueline Duarte, de 29 anos, são uma prova de que ali também surgem amores verdadeiros. “Eu via Jaqueline distribuindo panfletos, e passei a me interessar por ela”, conta Paulo. “Tomei coragem e resolvi dar uma cantada para ver se colava.” Atualmente, o casal possui uma barraca de bijuterias.

Ele admite que no começo Jaqueline não dava nenhuma importância às suas abordagens. Mesmo assim, ele continuou insistindo, convidando-a para um filme no Top Shopping. “Fiquei muito feliz quando Jaqueline disse sim”, revela Paulo. “Talvez até hoje eu esteja meio em êxtase.” Um eterno apaixonado, ele está sempre levando Jaqueline para almoços românticos, sempre acompanhados de roupas ou joias. “Gosto mesmo é de vê-la feliz.”

O pegador Vanderson Roberto é um grande pegador, que gosta de se “divertir com as meninas”. Mas não é todo dia que consegue um tempo para azaração. “Há dias em que o movimento não permite nem mesmo um minuto de descanso, quanto mais uma paquera”, diz ele, para quem o trabalho vem antes do sexo. “Não procuro uma namorada, mas acontece. Azarar é bom, mas não é regra. A responsabilidade vem em primeiro lugar”, diz.

Um comentário:

  1. KKK¹ mto boa a matéria...
    Grande Duke! parabens pelo texto, super bem construido e bem divertido.

    Uma das melhores matérias atuais.
    (Na minha opinião claro ^^')

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