Quando são cinco da matina, o café feito por William “Neguinho” se torna a grande motivação dos passageiros que saem de Japeri para enfrentar mais um dia de luta. “Aqui o que mais sai é o cafezinho”, conta ele.
Há seis anos trabalhando na “Barraca do Varejo”, uma lanchonete dentro da estação de Japeri, William já viu muita coisa ali. Mas nenhuma foi mais inusitada do que a do bêbado que desembarcou do trem e deu de cara com a parede da lanchonete. “Não aconteceu nada, mas ele ficou sem graça."
Quando William começou a trabalhar na “Barraca do Varejo”, a lanchonete havia passado por uma reforma. Mas ele não tem a menor ideia do tempo que ela existe. “Essa barraca existe antes de você e eu pensarmos em nascer, já vendeu diversas coisas e nem sempre foi o mesmo dono.”
“Neguinho” tem suas queixas do local em que trabalha, que começam pela concorrência dos ambulantes, passam pela falta de um banheiro limpo e terminam na iluminação precária. Embora jamais tenha sido assaltado, a segurança faz parte das preocupações dos seus funcionários. “Quando a porrada canta, aí temos que guardar tudo e fechar a barraca rapidinho. Senão, eles usam a desculpa da briga pra saquear as nossas mercadorias.”
O produto que mais sai na “Barraca do Varejo” é o cafezinho. Mas ele é seguido de perto pelas informações. “Todo mundo que passa aqui pergunta se o trem está na hora.” Como os trens andam atrasando muito, ele não consegue passar essas informações com precisão.
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