Quartinho da bagunça vira biblioteca comunitária em Morro Agudo
por Brenner de Oliveira
Esqueça as bibliotecas acolhedoras onde o clima de montanha é um convite para a leitura. Esqueça as livrarias luxuosas onde o conforto faz dos mais desinteressados, leitores viciados.
Em Comendador Soares, próxima à Igreja Imaculada Conceição, há uma biblioteca que nos mostra que simplicidade e cultura também andam de mãos, olhos, mentes e cabeças dados.
O que era um quartinho de costura em 2002, hoje é o universo de muitos astronautas da leitura. “Depois que minha esposa faleceu, o quartinho de costura caiu em desuso”, revelou Ailton de Oliveira, 42 anos, idealizador do quartinho do saber. Tudo começou com a bagunça dos filhos e sobrinhos, que começaram a amontoar livros no quartinho. "Foi aí que tive esta idéia de transformá-lo em uma biblioteca comunitária”, afirmou.
Formadores de opinião
O Quartinho do Saber não passaria de uma ideia sem o auxílio de parentes e amigos de Ailton. Eles quem doavam livros e ajudavam na organização. “Quando meu irmão me contou esta idéia, eu fiquei fascinada”, contou Márcia de Oliveira, 45 anos, moradora de Morro Agudo. “Sempre fui amante da leitura e agora posso emprestar meus livros, que em muitas ocasiões foram meu refúgio, para outras pessoas ou para nossos pequenos formadores de opinião”, orgulhou-se.
Esta biblioteca é muito simples: ela tem 18m², a iluminação é precária, não tem cadeiras, nem sofás. São só estantes. Você entra pela garagem da casa de Ailton, vira a primeira à direita, faz um cadastro muito simples e é só escolher um livro. Esta simplicidade, no entanto, não é problema algum para Joanna dos Anjos, 16 anos, que visita o quartinho toda semana. “Eu gostei mais do Caçador de Pipas, Quem tem Medo de Escuro?, Pai, me compra um amigo?, Anjos no Aquário, Dom Casmurro”, enumerou ela. “Leio clássicos e contemporâneos, é difícil sair daqui”, brincou ela.
Ailton não precisou de grana para montar o Quartinho do Saber: força de vontade, determinação e solidariedade foram as peças-chave para a concretização deste projeto. Ailton e seus amigos fizeram do esquecido quartinho de costura, um lugar rico em palavras e rico em saber.
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Gostei da materia e de saber que ainda existem pessoas que se importam com um munod melhor, que tem solidariedade como Ailton.
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