sexta-feira, 20 de março de 2009

No couro

por Giselle Reis

O aposentado Jorge Luiz de Araújo, 54 anos, é catador de lixo há dois anos, e mora nas ruas de Nova Iguaçu. Para ele, a vida só é bela pra quem sabe viver.

Sentiu muita vergonha no começo de sua nova vida, quando andava se escondendo dos outros pelas ruas. “É que tive bons empregos”, justifica.

Mais do que se acostumar com a vida na rua, hoje se orgulha de ter criado duas filhas com o dinheiro do lixo. “Tenho duas casas próprias e uma pequena aposentadoria, mas prefiro morar na rua”, garante.

Jorge Luiz tem duas explicações para ter feito uma opção tão radical. Uma delas é a sensação de liberdade que passou a experimentar desde que optou viver sem endereço. “A outra é a falta de vergonha na cara”, diz, fazendo uma autocrítica.

O catador percebeu o peso dos anos quando procurou novos empregos depois da sua aposentadoria e se viu preterido por candidatos mais jovens. Mas sua vida sexual é uma prova de que ainda tem muito o que fazer antes de desencarnar. “Minha namorada é muito bonita e só tem 19 anos”, diz. “Eu ainda dou no coro.”

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