quarta-feira, 25 de março de 2009

Fantasias animadas

População ainda trata cosplayers com deboche e preconceito
por Wanderson Duke / fotos de Wanderson Duke

A riqueza de detalhes das roupas usadas pelos super-heróis dos desenhos animados japoneses desperta a cobiça de pessoas de todas as idades, em todas as partes do mundo. Essa legião de admiradores é chamada de cosplayers, uma junção das palavras inglesas customize e player. Os cosplayers fazem tudo o que estão ao seu alcance para se vestir como seus personagens favoritos.

Essa paixão tem um preço duplamente alto. A confecção dessas fantasias, além de demandar tempo e dinheiro, faz com que os cosplayers sejam vistos como seres vindos de outro planeta, tal como os super-heróis em que se inspiram. Mas nada disso abala a disposição com que um cosplayer se prepara para participar de um evento dedicado à cultura japonesa, os animes. “Adoro brincar de me fantasiar”, resume Fernando Pereira, de 16 anos.

As fantasias são feitas de diversas maneiras. Umas são feitas em casa, na base do improviso, mas alguns cosplayers recorrem aos serviços de costureiras profissionais. “Usei até papel celofane na minha roupa”, conta o estudante Douglas Lacerda, de 18 anos. O estudante sabe que a fantasia do herói “Seya de Pégasus”, um dos “Cavaleiros do Zodíaco”, não o levará ao Concurso Mundial de Cosplayers. Mas ele se diverte nos encontros de otakus que superlotam o Espaço Cultural Sylvio Monteiro nas manhãs do último domingo de cada mês.

Já Rodrigo “Vingaard” não poupa nem tempo nem dinheiro para confeccionar suas fantasias. “Acho que minha namorada eu e eu não gastamos menos de R$ 80 mil em todos esses anos competindo”, contabiliza “Vingaard”, que é tido como o segundo melhor cosplayer do Brasil. O convite para participar de alguns concursos mundiais justifica plenamente os dias em que têm que conviver com a bagunça da casa. Sua namorada, Yu-ki Jussim, é tida como a melhor cosplayer do Brasil.

Conflito de geração
Os cosplayers vivem verdadeiros conflitos de geração até que sua paixão seja aceita e assimilada pelos pais. Mas com o tempo eles não apenas cedem à loucura dos filhos, como se tornam seus torcedores mais entusiasmados. “No começo, minha mãe achava que eu estava ficando maluco”, conta o estudante de letras Carlos Eduardo, de 19 anos. De tanto insistir, o estudante de letras conseguiu fazer com que a mãe costurasse sua fantasia de Sayaman.

Quase todos os cosplayers têm uma história de constrangimento para contar por causa do seu hobby. “Muita gente acha que, por nos vestirmos de super-heróis, temos algum distúrbio mental”, lamenta Douglas Lacerda. Na maioria das vezes, esse tipo de loucura é alvo de provocações no meio da rua. Mas não são raros os casos em que os detratores dos cosplayers se exaltam e passam a hostilizá-los. “Uma vez, quase nos expulsaram de um shopping, porque fomos lá ainda vestidos com a fantasia, depois de um evento de que participamos”, conta o técnico em telecomunicações Agenor Vinicius, de 26 anos.

Como qualquer minoria, os cosplayers militam para que o seu hobby seja aceito socialmente. É por isso que estão sempre promovendo eventos de anime, por intermédio dos quais acreditam que as pessoas vão entender a cultura otaku e vencer o preconceito. “Quando as pessoas veem como nos relacionamos, como somos amigos do nosso grupo, elas percebem que o preconceito contra nós não tem o menor fundamento”, afirma Fernando Pereira.

4 comentários:

  1. A matéria tah perfeita Duke...
    Nota10..

    Acho q não tem como ficar melhor..Parabens mesmo.

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  2. Pessoalmente, eu ADOOORO cosplays =) maas, gostos a parte, adorei a matéria Duke! Mandou mto bem maninhoo (;

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  3. adoro cosplayers sem fla que eu tambem partecipo desses eventos mas como vk.

    cra e muito legal varerem materias para monstrar a cultura japonessa que essiste no mundo todo...

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  4. Gente, sempre achei que as pessoas que gostam de se vestir como seus personagens favoritos de animes sofriam preconceitos, mas não tanto, como foi o exemplo daquele jovem que quase foi obrigado a sair do shopping apenas pelo fato de estar fantasiado! Infelizmente, ainda vivemos numa sociedade que vê o diferente como insano, o que é lamentável. Eu acho que todos somos iguais em nossas diferenças e que, se não há compreenção ou mesmo apoio, que haja ao menos respeito!
    Particularmente, eu adoro cosplayers e mais uma vez dou os parabéns ao duke pela excelente matéria!

    <"Dignidade já!", como diria Leão Lobo!
    Rsrs.

    Beijos

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