JARDIM NOVA ERA
Orientadora pedagógica Telma Moreira faz do Bairro-Escola uma militância pela comunidade
por Edson Borges e Fernanda Bastos
Quem conhece o Programa Bairro-Escola sabe que ele busca promover a integração da comunidade escolar como seu ambiente de vida, seu lugar - o bairro. Contudo, o que se pode perceber atualmente é que ele também descobre talentos, identifica personagens que atuam na busca pela transformação do seu bairro. Uma legitimação e institucionalização de ações que já aconteciam em pequena escala e que agora são eleitas como fundamentais no cotidiano das escolas da rede municipal de Nova Iguaçu. E cabe à equipe do Projeto Jovem Repórter trazer à tona a atuação desses agentes especiais ilustra a afirmação do secretário municipal de Cultura e Turismo, Marcus Vinicius Faustini, para quem o “Bairro Escola é você quem faz”.
Uma das pessoas que fazem no Jardim Nova Era é Telma Cristina Brandão Moreira, 32 anos, orientadora pedagógica da Escola Municipal Professora Dulce Raunheitti Ribeiro. Em entrevista solicitada sem nenhuma antecedência, ela demonstrou que não mede esforços quando o assunto é dinamizar a aprendizagem de seus alunos. Fazendo questão de afirmar suas raízes - filha de negros, oriunda de escola pública e de pré-vestibular para negros e carentes (PVNC Caxias) -, disse se orgulhar por ter se formado em pedagogia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro em 2005 e ter ingressado no serviço público na Prefeitura de Nova Iguaçu no mesmo ano. “Eu consigo entender essa garotada, esse universo e procuro conhecer o bairro”, disse ela.
Telma tem grande identificação com o bairro e com a profissão. Professora desde os 15 anos (quando ingressou no curso normal), ela está na rede há cerca de cinco anos. Depois de uma passagem de um ano e meio em Austin, aceitou o convite para atuar na Professora Dulce Raunheitti Ribeiro, onde assumiu a orientação pedagógica depois de seis meses de sala de aula. A partir daí passou a vasculhar o bairro em busca de soluções para a falta de espaço da escola e a escassez de equipamentos de lazer e cultura na comunidade que preenchessem o tempo extra-escolar das crianças de suas turmas. “Quando olhávamos para esse bairro, víamos muita precariedade e pobreza. Mas, ao mesmo tempo, muita riqueza podia ser encontrada na boa vontade das pessoas que abraçavam os projetos que propúnhamos. E essa palavra – projeto – que antes era vista com indiferença passou a fazer parte do cotidiano da nossa escola e do bairro.”
Parcerias precursoras
A primeira possibilidade encontrada foi a parceria com o Centro de Integração Social Amigos de Nova Era (CISANE), que estendeu para os alunos da Professora Dulce Raunheitti Ribeiro uma série oficinas, cursos e eventos, além de divulgar na comunidade os eventos realizados pela escola. A integração bairro-escola se potencializou com a parceria com o Centro Social “Nagi”, que tornou possível o acompanhamento familiar, clínico, psicológico e fonoaudiológico da comunidade que gira em torno da escola. Um tímido início de parceria aconteceu com o Afro-Reggae através da divulgação (pelo CISANE) de oficinas de percussão na escola e da inserção de alguns alunos nas mesmas.
Mesmo não tendo grande regularidade, estas ações eram realizadas antes da adoção do Bairro-Escola e agora são confirmadas como parcerias necessárias para a implantação do programa. Outras instituições estão sendo buscadas para a ampliação da integração dos alunos tendo em vista que, a partir de então, todos os dias serão dias de interação e, com 400 alunos em dois turnos (mesmo sem levar em conta alunos fora da faixa etária contemplada), será necessário bastante esforço. É ai que entra a Igreja Batista com a qual a escola está negociando espaço para oficinas de letramento e aprendizagem matemática.
Comunicação social
Telma afirma com veemência que o Bairro-Escola já é uma realidade e por isso tem tudo pra dar certo. “O Bairro-Escola ou, na mesma lógica, o Mais Educação é a legitimação de uma coisa que já acontece em nossa escola: a busca pela integração com o bairro”, afirma. E Professora Dulce Raunheitti Ribeiro já possui as ferramentas que podem potencializar a aplicabilidade do programa e sua disseminação. Além de uma equipe e uma comunidade engajada com o propósito fundamental, a rádio e o jornal da escola são importantes ferramentas segundo a orientadora pedagógica.
A jovem e já experiente educadora entende sua atuação como contrapartida do investimento que os movimentos sociais e as instituições que apostaram em seus projetos. Por isso, deixa claro que ainda pretende correr atrás por muito tempo. “Sou daquelas que quando olham dizem; vai morrer professora! Por que amo isso.”
Interatividade:
Qual foi a professora que mais marcou sua vida?
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