MIGUEL COUTO
Estética gótica conquista garotada da Janir Clementino
por Dariana Nogueira
Quando ouvimos a palavra gótico, o que nos vem à mente... Morbidez? Cemitérios? Pessoas vestidas de preto? Pois a Escola Municipal Janir Clementino, em Miguel Couto, irá demonstrar como esta palavra que caiu no senso comum de forma tão simplista, representa coisas muito mais interessantes do que imaginamos.
Com o horário integral funcionando na escola, houve a necessidade cada vez maior de se implantar atividades que despertassem o interesse dos alunos. É nesse momento que a presença das mediadoras Ana Paula e Débora se torna essencial na escola.
Ana Paula, que é desenhista profissional, teve a idéia de incrementar as oficinas culturais que ocorrem semanalmente no colégio com o ensino da técnica de caligrafia gótica para os alunos. “A caligrafia gótica, apesar de muito bonita, caiu em desuso, sendo encontrada apenas em fachadas de igrejas, e muito raramente em convites de casamento. Sendo assim, eu me propus a resgatar a importância do estilo gótico, como uma forma de enriquecer o conhecimento dos alunos sobre culturas e realidades até então desconhecidas pra eles”, conta Ana Paula.
As aulas são práticas, mas vêm sempre acompanhadas de alguma teoria sobre o assunto, onde numa linguagem simples e descontraída Ana Paula e Débora - que também abraçou o projeto - conversam com as crianças sobre as origens do movimento na Europa durante a Idade Média, sua participação no Brasil, seus significados e práticas.
As oficinas também são integradas às demais atividades da escola. A decoração da festa julina, por exemplo, será incrementada com cartazes confeccionados pelas crianças, que além do gótico também aprendem outros estilos de letras manuscritas. Essa estética também foi aplicada nos cartazes que as crianças fizeram depois da visita feita aos pais, durante a pesquisa de antigas brincadeiras da comunidade. “É muito satisfatória a maneira como eles se envolvem”, lembra Débora com entusiasmo. “No Dia dos Namorados, por exemplo, isso aqui ficou uma loucura, era cartão que não acabava mais!”
As duas jovens acreditam no trabalho que estão desenvolvendo e são otimistas quanto aos resultados. “Tenho certeza de que estamos proporcionando uma experiência única pra eles. Um novo tipo de conhecimento ao qual eles talvez nunca teriam acesso. Além de ajudar a desconstruir a ideia de que gótico se trata apenas do movimento subcultural darkwave que toma conta de muitos jovens, mas nada tem a ver com a produção cultural desenvolvida na Idade Média”, conclui Ana Paula.
Interatividade:
Saiba mais sobre todas as variações do termo gótico ao longo do tempo:
http://www.spectrumgothic.com.br/gothic/subcultura/subcultura.htm
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