terça-feira, 23 de junho de 2009

Jamais será vencido

JARDIM PERNAMBUCO

Ivonete aposta na união dos dois horários
por Luiza Alves

Embora não tenha parceiros, a Escola Municipal Ivonete dos Santos Alves conseguiu colocar em prática o horário integral do Bairro-Escola, atendendo 138 crianças divididas em duas turmas de manhã e três de tarde. A razão para o sucesso da escola está na ponta da língua de todas as pessoas que participam do projeto: a integração da equipe. “Aqui na escola não há divisão”, conta a secretária Luzimar Alves. “Todos somos responsáveis pelos dois horários, tanto do integral como do normal.”

Eles têm um método muito efetivo de despertar o interesse das crianças, que ficavam tristes quando problemas com o lanche obrigavam-nas a voltar para casa mais cedo: preparar as culminâncias. A última delas, cuja preparação demandou quase um mês entre maio e junho, foi o dia do meio ambiente. Antes disso, o Ivonete fez uma grande mobilização em torno da consciência negra. Atualmente, todas as atividades da escola estão voltadas para o folclore. Essa culminância será com uma grande festa julina.

A escola trabalha com oficinas de esporte, cultura, incentivo à leitura e dança. A consolidação da oficina de dança mostra a flexibilidade da direção, que percebeu a ligação das crianças com as então voluntárias Samia Sales e Albertina Campos. “Elas não fazem parte do horário integral, mas, como as crianças tinham muito tempo ocioso, elas dividiram os alunos em dois grupos”, lembra Luzimar Alves. “Os mais velhos ficavam com a Albertina, que ensinava hip hop. Os mais novos, com a Samia, que ensinava jazz e dança do ventre.” Essas aulas ganharam o status de oficina devido à pressão das crianças, que adoravam dançar.

A oficina de esporte é ministrada por Jaqueline Coral em uma quadra ao lado da escola. Uma das estratégias da mediadora para manter a alta adesão das crianças é criar regras que impeçam a histórica divisão entre os meninos, que gostam de futebol, e as meninas, que preferem a queimada. “Às vezes, só as meninas podem fazer gols”, conta Jaqueline. “Outras vezes, só vale o gol depois que uma das meninas toca na bola.”

Sacolinha de leitura
Ronny Lima é o mediador de cultura. Atualmente, ele está fazendo um malabarismo semelhante ao do Pai Francisco da cantiga popular, que não à toa será apresentada na culminância do próximo dia 30 de junho. “Nessa culminância, estamos fazendo um esforço para mesclar o trabalho de resgate da cultura negra priorizado pela direção com o de descoberta das brincadeiras populares discutido na formação dos mediadores culturais”, conta Ronny. As crianças também estão preparando bonecos de jornal para fazer uma exposição nesta mesma culminância.

Ao contrário do que vem ocorrendo na maioria das escolas, a oficina de incentivo à leitura, coordenada pela mediadora Raquel da Costa, caiu no gosto da molecada. Um dos trunfos com que a mediadora conta é o que ela carinhosamente chama de “Sacolinha da leitura”, um sistema de empréstimo de livros do pequeno acervo do Ivonete. “Os alunos podem levar os livros para casa”, conta Raquel, que passa semanalmente pelas salas de aula distribuindo-os. O alto índice de empréstimo pode ser medido pelo fato de que as crianças já têm seus autores preferidos.

A oficina coordenada por Raquel de Souza não depende apenas da “Sacolinha de leitura”. “Também recorremos à contação de histórias e ao teatro para despertar o interesse das crianças pelos livros”, explica. Igualmente importantes nesse processo são as visitas a centros culturais, que a escola organiza depois de campanhas de arrecadação de fundos que em geral envolvem animadas gincanas. “O problema não é a entrada, geralmente franca”, conta a mediadora. “O problema é o custo do transporte.” O próximo passeio da oficina de leitura será no dia 26 de junho, para uma das concorridas sessões de contação de histórias de Bia Betran na UERJ.




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