JARDIM NOVA ERA
Casamento de escolas de Nova Era promete solucionar questões territoriais do Bairro-Escola
por Edson Borges Vicente e Fernanda Bastos da Silva
Após assumirem a coordenação político-pedagógica (CPP) das escolas municipais Professora Leopoldina M. B. de Barros e Professora Dulce de M. Raunheitti Ribeiro, o casal André Felipe Moreira, 36 anos, e Telma Cristina Brandão Moreira, 32, começou a esboçar um projeto pedagógico que pode mudar os rumos do Bairro-Escola em comunidades de pequeno porte: o casamento de escolas. A ideia pretende integrar os parceiros e oficinas do Horário Integral, promovendo interação entre alunos de escolas diferentes e entre eles e a comunidade. Isso resolve um problema comum em bairros pequenos com número considerável de escolas: são poucos os parceiros em potencial.
Com seis anos de vivência no bairro, André adquiriu muito conhecimento e reconhecimento nas escolas e na comunidade. Foi professor do Brizolinha por 5 anos e trabalhou também no Dulce. Já sua esposa Telma, embora tenha tempo de trabalho no bairro ligeiramente menor (cerca de cinco anos), já atuou nas quatro escolas da comunidade (Além das três citadas, ela também lecionou na E. M. Milton Gonçalves).
Formado em Educação Física, o atual CPP do Leopoldina conhece de perto os problemas referentes à escassez de áreas de recreação e, até recentemente, precária infra-estrutura de Jardim Nova Era. Em entrevista, ele afirmou ter feito estudos de caso sobre o Bairro-Escola em outras comunidades e ter percebido a falta de integração entre o programa e os projetos político-pedagógicos das escolas e a própria comunidade. “Se você perguntasse na rua o que era o Bairro-Escola, alguém poderia dizer que não sabia o que era”, exemplifica André Moreira, que pretende superar esses problemas com integração do Bairro-Escola com a proposta da escola e participação popular.
Por sua vez, a CPP do Dulce é formada em pedagogia e aponta a identificação com a periferia como fator primordial para suas ações. “Sou oriunda de escola pública, filha de uma família muito pobre, de pai negro, de mãe que trabalhava como diarista, fiz pré-vestibular comunitário e cursei universidade pública”, enumera Telma Moreira, que pretende dar aos alunos da sua escola um pouco do que recebeu dos seus professores.
Bairro-Família
Outro fator que os levou a pensar na articulação entre as unidades escolares foi a preocupação com o compartilhamento territorial das mesmas. Compartilhar os parceiros, nesse sentido, é uma forma de garantir o acesso de todas as escolas (e consequentemente todos os alunos) aos espaços de grande potencial e de importantes parcerias, como o CISANE, o Afro-Reggae e o Amiguinhos da Comunidade. “Os parceiros aqui são em numero relativamente limitado”, constata André Moreira, que por essa razão se pergunta por que não integrar as escolas. “Além de não disputarmos parceiros, podemos colocar crianças de escolas e vivências diferentes para conviver, o que pode proporcionar uma troca enriquecedora.”
A proposta do casal visa promover um desenvolvimento nivelado de todas as escolas da comunidade. “Quando a gente percebe que vai ter um programa que vai beneficiar as escolas, temos que nos unir para definir uma estratégia comum para atrair um parceiro fundamental como o CISANE”, explica Telma Moreira, que pretende reproduzir no Jardim Nova Era o que aprendeu a fazer na época dos pré-vestibulares comunitários. “Naquela época, a gente não brigava por uma vaga, a gente ajudava o outro para aprender também com o outro e todos conseguirem uma vaga.”
Gestão democrática
A gestão democrática das duas escolas facilita sobremaneira o trabalho do casal. De um lado, Maximiliano Marini Melo, 41 anos, diretor do Leopoldina há oito anos, garante o suporte necessário ao CPP André. Do mesmo modo, Valeria Zabot, 41anos, diretora do Dulce há nove anos, sempre deu total apoio ao idealismo de Telma. Mas os dois CPPs também creditam o sucesso do trabalho deles à união existente entre as escolas do Jardim Nova Era. “Quando falta material em uma das escolas, a diretora procura uma das parceiras do bairro antes de acionar a Secretaria de Educação”, exemplifica Telma.
E não são apenas os alunos e os parceiros que se articularão. Os mediadores culturais terão a oportunidade de trabalhar em duas escolas e, assim, ter uma ajuda de custo mais significativa. “Os próprios monitores não tinham planejamento e percepção mais ampla do programa”, conta André. Assim, com a experiência conjunta e a boa convivência nas quatro escolas, ele e sua esposa pretendem unir-se às outras escolas do bairro para, a partir das ações propostas e realizadas, convocar a comunidade. “Aí vamos mostrar os resultados alcançados e discutir novas estratégias com a população”, finaliza o CPP.
Interatividade:
Que bairros podem fazer uma parceria semelhante à que está sendo feita pelas escolas do Jardim Nova Era?
Muito interessante o blog. Gostaria de falar com algum componente. Sou estudante de Produção Cultural da UFF e estou fazendo um trabalho sobre a dança no município de Nova Iguaçu. Se der, enviem um email pra mim: nickguimaraes@globo.com
ResponderExcluirObrigada.