segunda-feira, 29 de junho de 2009

Nós não amamos todo mundo

VILA DE CAVA

Psicóloga social abre ciclo de palestra na Orestes dizendo que professores precisam se aproximar dos alunos.
por André Batisti e Julliane Mello

Na última quarta feira, a Escola Municipal Orestes Bernardo Cabral recebeu a visita da mestre em psicologia social Deborah Pinto, 37 anos. Ela foi até a escola de Vila de Cava a fim de participar do grupo de estudos organizado mensalmente pela instituição. É ali que todos os professores discutem os diversos assuntos relacionados à educação em sala de aula.

O tema do dia era a indisciplina dos alunos, que Deborah Pinto estudou por intermédio das fábulas. “Trabalho com a ética e a moral”, diz a mestre, que também é professora do ensino fundamental e língua estrangeira, com uma experiência de 17 anos. “Meu objetivo é fazer com que os professores relacionem esses assuntos com a indisciplina dos alunos.”

“Por que meu aluno é indisciplinado?”, perguntou ela. A resposta dos 18 professores presentes, condenando a educação que recebem em casa, foi mais uma prova de que o senso comum dificulta a real compreensão do problema. Para Deborah Pinto, grande parte da indisciplina se deve à barreira existente entre os mundos dos professores e dos alunos. “Vamos tentar conectar as duas realidades, pois somos seres humanos.”

Evitando o lugar comum de depositar o problema tão-somente na conta dos alunos,
Deborah Pinto pediu para que os professores avaliassem a si próprios, vendo até que ponto a indisciplina em sala de aula não começaria com eles. “Nós não amamos todo mundo”, lembra a mestre. No entanto, os alunos rejeitados pelos professores também fazem parte da turma.

Uma das questões centrais para se manter a disciplina na turma é ensinar as crianças a serem mais éticas e a terem mais moral. “Ética é tudo aquilo que praticamos quando fazemos o que nossa moral induz”, explica. “Criar um equilíbrio entre os dois é difícil, mas não impossível.”

A professora Regina de Souza, 29 anos e seis lecionando, saiu da palestra disposta a repensar seu papel diante da turma. “Trabalharei mais os valores ouvindo e também fazendo com que me ouçam, porém de uma maneira melhor, pois sei que nem sempre minha realidade é a realidade do aluno.”

A diretora Renata Neves, 30 anos, ficou satisfeita com o grupo de estudos. “Esse tipo de reunião é fundamental para que os professores possam compartilhar suas idéias e aprender uns com os outros”, afirma, que pretende levar a mestre à escola mais uma vez. “Esta só foi a primeira parte, iremos recebê-la novamente com o maior prazer.”


Interatividade:
Conte uma indisciplina que você fez em sala de aula.


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