por Carine Caitano
“Tornar o bairro uma escola e a escola um bairro”, diz Bernadete Triunfo, Subsecretária de Educação de Nova Iguaçu, ao tentar resumir as intenções do Bairro Escola. Para isso, é necessário sintonia nas várias células que compõem o processo educacional.

Pelas experiências relatadas, fica claro que o trabalho das mães é essencial. O que as diferencia é a percepção delas sobre o universo infantil. “Com as mães na escola, as crianças começaram a comer mais” – exemplifica Bernadete, frisando que, apesar de não ser difícil, a minoria das professoras acompanharia o almoço e, mais ainda, perceberia que falta amassar a carne. Detalhes como esse estreitam o diálogo entre escola e famílias. “Muitas vezes, o professor chama os pais para uma reunião, mas não os atinge pelo excesso de jargão pedagógico”, completa Bernadete. Estando ativas na escola, as questões são verificadas e discutidas com as mães diariamente, o que acelera soluções.
A Secretaria Municipal de Educação é responsável pela capacitação das mães, reunindo-as três dias por mês em oficinas de cultura, esporte e aplicação. “O compromisso não era só o horário integral, mas sim o Bairro-Escola como um todo: bairro e escola, ambos recheados de pessoas”, afirma a subsecretária.

Além de viabilizar avanços notáveis nas crianças, as mães educadoras assumem a responsabilidade de trabalhar na construção do saber. Nas oficinas, elas têm a chance de avaliar e discutir sobre família, professores e vizinhos, além de ser um momento de descontração.
Todas essas atividades ajudam a remodelar não apenas o modelo de educação proposto pelo Bairro-Escola, mas o próprio estilo de vida das mães. “Percebemos que a relação com a escola criasse nelas o desejo de aprender”, conta a responsável pelas mães educadoras. Por isso, virou pré-requisito: para ser uma mãe educadora, a mesma deve estar aumentando o nível de escolaridade, ação que em tudo tem a ver com a intenção Bairro Escola: transformar.
Finalizando, Bernadete faz um balanço geral da inclusão das mães no espaço escolar: “O horário integral é política de ação afirmativa de gênero. As mulheres podem trabalhar com a certeza de segurança dos filhos. Nada melhor que levantar questionamentos sobre o que ser é ser mãe e promover esse diálogo. Assim como os filhos, elas têm a chance de vivenciar que troca de saberes é necessária para aprender a ser.”
Interatividade:
Qual foi a participação da sua mãe na sua formação escolar?
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