segunda-feira, 1 de junho de 2009

Pipoca em família

Mãe e filha levam sintonia fina de casa para Escola Livre de Cinema
por Josy Antunes
Na sexta-feira, numa casa na rua Cecília, no centro de Miguel Couto, a programação para o final da tarde estava planejada: um bom filme, uma bacia de pipoca e cobertas para esquentar o friozinho que parecia apropriado para o momento. A sessão caseira preencheria o dia de Laíze e Karina Aparecida de Souza, mãe e filha, ambas alunas da Escola Livre de Cinema.

No ano passado, sentiu curiosidade ao passar pela chamativa fachada vermelha da escola e entrou para pedir informações sobre os cursos oferecidos. Foi nesse momento que ela foi apresentada ao Programa Bairro-Escola, do qual a ELC é parceira. As salas de aula recebiam crianças das Escolas Municipais Ana Maria Ramalho e Janir Clementino, que pouco tempo depois passou a ter Karina como uma de suas alunas. A menina, de 10 anos, sempre estudou em colégios particulares, mas, por motivos financeiros, está cursando a 6ª série na rede municipal. “Eu já fiz muitos amigos”, conta ela, já adaptada à nova escola. No instante da matrícula, sua mãe lembrou das informações recebidas na escola de cinema e propôs o curso à filha. “Ela logo quis, porque a Karina tem essa vontade de aprender as coisas, ela parece muito comigo”, ressalta Laíze.

Desde que Laíze deixou de trabalhar numa financeira, as duas tornaram-se fieis companheiras, de domingo a domingo. O fato é comemorado por Karina que, saindo dos cuidados da avó, passou a ter uma agenda agitada, sempre incentivada pela mãe. “Ela prefere que eu fique dura em casa, do que com dinheiro no bolso na rua”, brinca a mãe. A menina não deixa por menos. “É, porque assim você fica mais do meu lado.” Natação, coral, grupo de coroinhas, reforço de português e matemática e aulas de desenho fazem parte, junto com a animação, das atividades complementares, incluídas na rotina de Karina, sempre acompanhada da mãe. “Estou ficando de perna fina de tanto subir e descer ladeira com Karina”, brinca.

A parceria da dupla ficou ainda mais forte quando Laíze, que é professora particular, resolveu mais uma vez pedir informações na recepção da ELC. Dessa vez, o interesse era próprio e a pergunta foi “vai ter algum curso pra mães?”, que foi feita em uma ida para levar Karina a uma de suas duas aulas semanais. A resposta, imediata, a deixou animada, pois a seleção para o ingresso na escola estava marcada para o sábado daquela mesma semana. Escolhida entre os mais de duzentos candidatos, Laíze agora pertence à turma dos 20 alunos, de terça e quinta-feira, que produzirá um longa-metragem em Nova Iguaçu.

Futura cineasta
Durante as aulas, ela já se deparou por diversas vezes com assuntos já comentados pela filha. E momentos em frente à TV, analisando os tipos de planos – close, americano, inteiro – tornaram-se frequentes. “Minha mãe fica brincando, ela fala pra mim que eu vou ser uma cineasta”, comenta Karina. Caçula da família, ela desde cedo se diferenciou dos irmãos, de 16 e 21 anos - ambos mais ligados à área musical – pelo interesse que mantém por literatura e artes. “Ela gosta muito de ler, dos meus filhos ela é a única que sempre pediu pra comprar livros”, diz a mãe, ressaltando a semelhança entre as duas.

Mediador das aulas de Karina na ELC, Diego Bion aponta resultados positivos das influências que a menina possui: “Ela é uma das alunas mais legais que a gente tem. Uma das que mais embarcam nas brincadeiras, jogos e atividades propostas”, afirma o professor. “A imaginação e o lúdico estão bem fortes na cabeça dela”, acrescenta ele, para quem isso é muito raro de acontecer com crianças da sua idade. “Já deram uma banana pra amigo imaginário”, lembra Bion.

Em casa, Karina põe em prática suas novas descobertas num dos dois computadores que a família possui. “Ela tem um programa e até já criou um vídeo sozinha”, conta Laíze orgulhosa, lembrando o dia em que a filha a chamou para ver o vídeo que criara. Tendo que dividir os computadores com os irmãos e os pais, a menina reclama aos risos: “Só falta um computador no meu quarto.”

Além da sessão de filmes na sala de casa, mãe e filha, inseparáveis, têm como programas preferidos idas ao cinema, peças teatrais no Sylvio Monteiro e óperas no Theatro Municipal, que já renderam uma semana musical às duas. “Foi muito engraçado, a gente ficou se comunicando em ópera”, lembra Karina. Quando o pai está viajando, a trabalho, elas dormem juntas na cama de casal, e ficam horas e horas conversando sobre livros, filmes, aulas da ELC e sobre a vida.

O único motivo que faz com que se desentendam – por pouco tempo – chama-se preguiça, como conta Laíze: “A Karina é muito lenta pra comer. Se bobear leva duas horas”, entrega a mãe, descrevendo as vezes em que a menina se distrai com a TV, enquanto o garfo está vazio e a comida esfriando no prato. “A única coisa que eu implico com ela é isso.”

Se depender de empolgação, a permanência de Karina nas aulas de animação é certa. “No meu caso, se der, também vou ficar um bom tempo”, garante Laíze, já fazendo planos para o futuro: “De repente, nós vamos trabalhar juntas”.

O link a seguir contém um texto produzido por Laíze, contando um pouco sobre a relação com a filha, no blog da Escola Livre de Cinema:
http://escolalivredecinema.blogspot.com/2009/05/este-ano-matriculei-minha-filha-karina.html
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Interatividade:
Qual interesse você tem em comum com seus pais?

Um comentário:

  1. I'm your fan Josy!

    Quanto a interatividade:

    Pow..Tenho mtos interesses em comum, cataloga-los aqui seria meio que irrelevante, mas a matéria ta excelente *,*

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