Cecom cria mercado solidário para ajudar população carente de Vila de Cava
por Leonardo Oliveira e Lucas Lima
O Centro Comunitário São Sebastião de Vila de Cava – Cecom - foi criado em Vila de Cava depois de uma semana de reflexão bíblica sobre o Evangelho cujo objetivo era identificar quem eram os mais pobres do bairro. “Descobrimos então que eram as crianças”, lembra a irmã da Igreja Católica São Sebastião Regina Martins, de 69 anos. Todos os participantes da congregação saíram daquela semana com o objetivo de procurar uma saída para aquele drama.
A resposta da comunidade foi a criação do Cecom, onde hoje funcionam núcleos de alfabetização e escolas de informática, entre uma série de outras iniciativas capazes de mudar a realidade das crianças do bairro. Uma das mais recentes experiências encampadas pelo centro comunitário é o Mercadinho Solidário. “Nós nos inspiramos na chamada economia solidária, que tem por objetivo a valorização da cooperação e do trabalho humano”, lembra outra vez a irmã Regina.
O Mercadinho Solidário se alimenta dos ganhos obtidos em três áreas de atuação do Cecom. Uma delas é o grupo de reciclagem, que produz sabão a partir do óleo usado pelos moradores da região. O centro comunitário de Vila de Cava também tem uma importante atuação no campo da bioenergética, que faz uso das ervas e plantas como meio medicinal. Uma terceira fonte de renda da ong é a produção de macarrão. “Esses grupos doam os seus produtos para o Cecom, recebendo em troca a nossa moeda, chamada Cava”, conta Hellena Souza, 53 anos, uma de suas coordenadoras.
Com a moeda solidária em mãos, as pessoas que trabalham nas três frentes de produção do Cecom podem fazer compras no mercadinho uma vez por mês. “O valor que os grupos recebem é dividido igualmente entre os integrantes”, acrescenta a Hellena Souza, que tem plena consciência de que as compras não dão para o mês todo. “A função principal do mercadinho é oferecer condições para que essas pessoas recebam a recompensa pelo seu trabalho”, explica.
Por enquanto, apenas os integrantes dos grupos de produção têm acesso mensal ao mercadinho, mas seus organizadores sonham com o dia em que ele possa atender toda a região de Vila de Cava e mesmo de Nova Iguaçu. “Queremos tornar esse mercadinho diário”, sonha Hellena. No entanto, a equipe do Cecom tem consciência dos problemas que enfrentarão para alcançar esse objetivo. Um deles está em montar e manter esses grupos, uma vez que os mesmo são feitos de trabalho voluntário. “Você manter um grupo unido durante cinco anos sem salário é muito difícil”, diz o coordenador do grupo de reciclagem Darcídio Delfino, 68 anos. “Todas as pessoas que querem trabalhar desistem quando descobrem que é um trabalho por amor, que não tem salário.”
Outro grande problema do mercado solidário é o capital para a compra dos produtos. “O mercado não tem uma vida própria”, admite Darcídio Delfino. A dependência do Cecom, que financia a compra dos produtos, distancia as pessoas excluídas a ganharem meios de conseguir alguma fonte de renda, um dos objetivos do centro comunitário. “A gente sabe que esse pessoal não vai conseguir emprego”, afirma Darsídio. “Hoje o sistema é assim, os empregos exigem 2º grau e quem não tem não arruma e quem não arruma emprego não come”, conclui.
Interatividade:
Qual a erva que sua família usa quando surge algum problema de saúde na sua casa?
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