MIGUEL COUTO
Fundadora do Centro de Formação Nossa Senhora das Graças dá o que não teve para as crianças do Bairro-Escola
por Carina Caitano
O Centro de Formação Nossa Senhora das Graças é um dos parceiros da Escola Municipal Ayrton Senna, localizada em Miguel Couto, já há 6 meses. É para lá que as crianças se deslocam três vezes por semana para participar das atividades do horário integral do Bairro Escola. Mas não é de hoje que o local está aberto para as crianças da comunidade.
Gilberto Felizardo Ramos, um morador de Três Corações de 61 anos, cuida do centro há oito anos: “Comecei a fazer trabalho voluntário por influência da minha esposa. Começamos na nossa rua, depois no nosso bairro, até nos firmarmos aqui”. Sua esposa, Teresinha Lomius Ramos, teve uma infância carente e auxiliou na educação de muitos irmãos. Por isso, quando teve oportunidade, tratou de ajudar quem mais necessitava.
Enquanto capina o terreno, Gilberto conta sua história de vida: “Sou do Rio de Janeiro, mas vim do interior. Sempre fui soldador de metais e foi nesse ofício que conheci Teresinha. Ela já faz esse trabalho, de ajudar, há mais de 35 anos, porque começou bem nova.” Quando o assunto é Bairro-escola, ele diz adorar o projeto que, para ele, funciona como reforço: “Acho muito bom essa iniciativa porque a escola pode contar com a gente e a comunidade pode contar com a escola para tirar as crianças da rua. É uma troca que só traz melhorias para que mais crianças aprendam mais coisas.”
Dona Teresinha resgata a infância para falar da importância do Bairro-Escola. “Eu não tinha muita oportunidade porque não era boa nas aulas e só queria saber de brincar. Mas eu tive quem chegasse pra mim e me mostrasse que oportunidade é a gente quem faz. Eu tento mostrar isso pra todas as crianças que aparecem por aqui.”
Almoço aos domingos
Em um passeio pelas salas do centro, Teresinha conta um pouco mais sobre a história do seu projeto: “Esse terreno pertence à Paróquia Nossa Senhora das Graças. Quando pequena, vinha aqui com meus irmãos, almoçar aos domingos. Era sopa, carne assada e de sobremesa, suspiro... lembro de gostar muito daqui. Depois, mais moça, trabalhei aqui mesmo, servindo outras crianças, cerca de 30 ou 40 porque não tínhamos dinheiro para muitas. Aos poucos, o trabalho foi crescendo e hoje servimos almoço para mais de 150 crianças.”
O casal, que tem duas filhas, ambas professoras, mobilizam a comunidade para várias campanhas: a do agasalho, a do quilo e até de moedas. A parceria com o Bairro Escola só fez crescer a vontade de ajudar de Felizardo e Teresinha. Sem parar o serviço – no momento, está empilhando as cadeiras - ela conclui: “O Bairro-Escola só fez acrescentar porque nós temos a força de vontade, mas não temos o estudo necessário pra fazer tantas atividades com tantas crianças. Sem falar que elas divulgam nosso trabalho e aparecem mais colaboradores. Pra quem ajuda, a recompensa emocional é enorme.”
Interatividade:
Que comida ou sobremesa lembra a sua infância?
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