sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Periferia


Nova Iguaçu, uma cidade independente
Por Flávia Ferreira

Rio de Janeiro. Baixada Fluminense. Nova Iguaçu. Vista por muitos como uma das tantas periferias que existem no Rio de Janeiro e por outros como uma cidade independente. Existem diversas realidades dentro da própria cidade, ora moderna, ora arcaica, áreas urbanas e áreas rurais. Assim é Nova Iguaçu, assim é o Rio de Janeiro, cidades em transformação. “Dizer que Nova Iguaçu é uma favela ou uma periferia é o mesma coisa que dizer que o Brasil é uma grande selva, uma grande Amazônia.. Nova Iguaçu tem favelas e tem periferias, mas tem áreas nobres, talvez mais caras do que muitos bairros de grandes cidades. Têm núcleos urbanos, onde se vive e respira cultura. Alguns núcleos podem ser considerados até entre os maiores do país”, disse o jovem Luiz Felipe Garcez, 18 anos.

Favela ou Periferia?
Entre os teóricos a explicação é clara. Favela é um aglomerado constituído de habitações construídas de modo precário, resultado de invasão de terreno público ou privado, e desprovidas de mínimas condições de saneamento.. Periferia é uma região distante do centro urbano, com pouca, ou nenhuma, estrutura e serviços, onde vive a população de baixa renda, considerados “pobres”. Existem outras visões, aquelas que muitos chamariam de idealistas e utópicas, mas que existem. “Nova Iguaçu, não é nem Periferia nem Favela, dizer que aqui é periferia, é uma discriminação com as cidades da Baixada. A população tem com que se orgulhar, porque essa cidade tem um potencial muito grande. Vai se tornar referência para todo estado”, afirmou orgulhoso Bruno Marinho, 18 anos.

Opiniões divergentes formam a visão que se tem desta cidade, a qual Luis Carlos Dumontt, da ONG Movimento Enraizados, considera uma “Zona”. Segundo ele, o que se vive atualmente nos bairros, é um completo vazio. Onde os moradores não se identificam com o que ocorre no poder dominante. “Ainda continuamos sendo o quintal dos fundos da periferia da capital do RJ. Quem mora no centro desta "Zona" urbanizada tem menos status do que quem mora em uma favela do Rio de Janeiro”, fala Luiz se referindo às Ongs que constantemente são formada nos morros cariocas.


Opiniões são divergentes
Comunidade, Favela, Periferia, enfim, os nomes são muitos, mas, para o funcionário publico Nadimo Espindola, são iguais pelo sentimento. “A Favela e a Periferia tem em comum total falta de investimentos e descaso, pelo poder público, além da grande violência existente”, falou Nadimo. Acrescentou também que, normalmente, as pessoas que moram em favelas não cobram do governo uma iniciativa e as pessoas da periferia cobram, e cobram muito.

Discordando de Nadimo, William Nunes da Silva, disse que os moradores das comunidades, como ele chamou, cobram do governo e são muito integrados ao seu lugar. Conhecem seus problemas e pedem melhorias. Ele mora há 22 anos no Complexo da Maré, na micro área Baixa do Sapateiro. É funcionário da ONG, “Ação Comunitária do Brasil”, que funciona na Cidade Alta e na Favela da Maré. “As pessoas quando pensam em comunidade, pensam em pessoas miseráveis e passando fome. Isso não é verdade”, afirmou William com indignação...

A Favela é encarada preconceituosamente por muitos, como símbolo de pobreza, violência e descaso. No entanto, as exceções existem. Como afirma William, nos morros, assim como em qualquer outro, existe intenso comércio, pessoas com bastante poder financeiro, dinheiro sobrando, andando em automóveis de luxo. “As pessoas não tem essa visão, porque tem a cultura do preconceito, cristalizada em seu pensamento. Quando uma cultura enraíza dentro de uma pessoa é muito difícil de rompê-la”, diz ele. Sua esperança é que as futuras gerações mudem a visão que se tem hoje da Favela e da Periferia, e as autoridades consigam melhores condições de vida e melhores oportunidades para os moradores destas localidades.

Um comentário:

  1. Muito bom a matéria, e eu acho que o desejo do Willian Nunes é o desejo de todos... Quem não quer melhores condições de vida para todos?
    Afinal somos semelhantes, todos humanos, todos irmãos.

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