sábado, 8 de novembro de 2008

Mãe amiga

Larissa procura na amiga Micaela a palavra que não encontra em casa
Por Luiz Felipe Garcez

A estudante Larissa Leotério tem 17 anos e é filha única. Vive apenas com a mãe, dona Cleusa, de 60 anos. Infelizmente, não conheceu o pai. Porém, inclui na familia os seus amigos: "Minha familia sou eu, Micaela, André, Pato, Márcia", afirma Larissa.

Isso acontece, segundo ela mesma, porque o diálogo dentro de casa é escasso. Para ela, a família "deveria ser a base de todas as pessoas. São as primeiras pessoas que a gente deveria contar". No entanto, ela tem que procurar isso fora de casa. "Dentro de casa, a conversa se resume a assuntos triviais."

Esses diálogos, além de superficiais, têm hora e local para acontecer. "Nossas conversas só acontecem à noite, quando a gente chega. E ou é na sala ou no quintal." Uma das poucas conversas que fugiu a essa rotina teve como pauta o cigarro que dona Cleusa descobriu na boca da filha. "Eu protestei. Ela nunca usou a palavra pra ensinar, agora queria usar pra reeprender?"

As palavras esperadas da mãe na verdade vêm de outras pessoas, como as da amiga Micaela, "Quando converso com minha mãe, meu sentimento é de vazia, de que falta algo. Já com a Micaela é um complemento, um local de fuga." É por isso que chama a amiga de Mãecaela. "Quantas Mãecaela's existem por ai criadas pela mesmice do diálogo dentro das familias?"

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