Por Angélica Fernandes e Jéssica Silveira
Todas as segundas-feiras, cerca de cem pessoas se reúnem no teatro do Espaço Cultural Sylvio Monteiro. Todas elas estão direta ou indiretamente ligadas às oficinas culturais por meio das quais o Programa Bairro-Escola está revolucionando a educação brasileira. À frente desse grupo, estão o secretário adjunto de Cultura e Turismo, César Migliorin, e o coordenador das oficinas culturais, Rômulo Sales.
Todas as segundas-feiras, cerca de cem pessoas se reúnem no teatro do Espaço Cultural Sylvio Monteiro. Todas elas estão direta ou indiretamente ligadas às oficinas culturais por meio das quais o Programa Bairro-Escola está revolucionando a educação brasileira. À frente desse grupo, estão o secretário adjunto de Cultura e Turismo, César Migliorin, e o coordenador das oficinas culturais, Rômulo Sales.
Atualmente, esse grupo atende as 40 escolas municipais que aderiram ao programa. “Mas o objetivo é trabalhar com todas as 105 escolas municipais de Nova Iguaçu”, explica César Migliorin, responsável pelas mudanças em curso no programa.
As oficinas culturais atendem ao que se chama contraturno, permitindo que as crianças do ensino básico tenham educação em horário integral. Depois do conturbado período de implantação, que foi praticamente imposta às escolas municipais de Nova Iguaçu, as oficinas estão procurando um maior diálogo com o corpo docente. “Queremos que a direção e os professores tenham uma maior participação no horário integral”, revela César Migliorin.
Além de promover a integração entre arte e educação, as oficinas culturais têm o objetivo de potencializar as características e manifestações locais. “Procuramos nos adaptar à realidade de cada bairro”, diz o coordenador Rômulo Sales, que está no projeto desde a sua implantação. “Para isso, criamos a função de coordenadora geral do horário integral”, acrescenta o coordenador. Segundo ele, a coordenadora do horário integral faz a interface entre a escola, a comunidade e as oficinas oferecidas pelo Bairro-Escola.
As oficinas culturais são tocadas por um grupo de cerca de cem estagiários, chamados de oficineiros. Esses jovens, todos eles universitários, passam por um período de formação coordenado pela secretaria municipal de cultura e turismo e só então são mandados para o campo de batalha. As oficinas, realizadas duas vezes por semana, são feitas nas escolas ou em espaços culturais oferecidos pela comunidade. “A principal característica do nosso trabalho é a liberdade de experimentação”, diz Rômulo Sales.
As oficinas estão diante de grandes desafios, a começar pela própria percepção de cultura da população. “Temos que esclarecer para a população que a cultura não está restrita às manifestações artísticas”, explica Rômulo Sales. “É também, mas é muito mais.” Essa percepção é importante porque as oficinas atendem a um público de seis a onze anos. “As crianças não podem ficar tensas enquanto desenvolvem atividades artísticas.”
Também não tem sido fácil administrar o diálogo com as arte-educadoras, que em geral trabalham com um formato de oficina cultural voltado só para arte educação. “Essas oficinas são muito previsíveis”, alerta César Migliorin. Para propor oficinas mais contemporâneas, os coordenadores das oficinas culturais não se restringem a aperfeiçoar o processo de formação dos estagiários. “Temos que estar dialogando constantemente com a escola.”
Outro grande desafio das oficinas está na manutenção de um grupo sólido e coeso. “Como trabalhamos com estagiários, a rotatividade é muito grande”, confessa Rômulo Sales. Isso é bom porque mostra que as propostas do Bairro-Escola estão se tornando uma referência para o mercado de trabalho, que está absorvendo os profissionais que passam pelas oficinas culturais do horário integral. “No entanto, isso é ruim porque nós e as crianças ficamos sem muitos deles.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário