Por Renata Manso
Fotos: Louise Teixeira
Não era filme de Hollywood, mas não faltaram lencinhos na exibição do filme "Coletores de Imagens" na tarde do último sábado, no Sesc de Nova Iguaçu. Uma das ações do Iguacine, o projeto deixou emocionadas as senhoras que viram suas histórias pessoais apresentadas para todos os presentes. “Nunca imaginei que minha história pudesse passar numa tela”, disse Diva Rodrigues, de 68 anos.
O Coletores de Imagens é uma parceria entre o Sesc do Rio de Janeiro e a ong Reperiferia. Na prática, jovens da periferia da Região Metropolitana do Rio de Janeiro entram na casa de pessoas idosas e enquanto as filmam com câmeras digitais pedem para que estas mostrem fotografias e objetos que marcaram sua história pessoal. “Trata-se de um dispositivo para aproximar jovens e idosos em um ambiente de trabalho”, explicou Marcus Vinicius Faustini, secretário de Cultura e Turismo de Nova Iguaçu e idealizador do Coletores de Imagens.
O projeto, que já foi implantado em locais remotos como Nova Iguaçu, Complexo da Maré e São Gonçalo, não é apenas uma experiência quase catártica para as senhoras que aderiram em peso. “Com o Coletores de Imagens, a gente consegue reconstruir a memória de cada bairro e repassá-la para a juventude”, disse Faustini.
Mas nem tudo são flores no projeto. Um dos jovens presentes à sessão narrou as dificuldades para transitar nas áreas em que o projeto é realizado, geralmente dominadas pelo chamado poder paralelo. Com medo de que os bandidos suspeitassem da câmera usada para registrar os depoimento, fez as entrevistas às escondidas. “Não queria prejudicar ninguém”, disse ele. “Nem o entrevistador nem o entrevistado.”
Apesar dessas dificuldades, os idosos experimentaram uma alegria incomum ao contar fatos marcantes, como um namoro de adolescência. Diva Rodrigues, por exemplo, chegou a mostrar a toalha usada no seu batizado.
“Lembrei muitas histórias da família”, disse Odenilda Santos Silva, uma moradora de 72 anos de São Gonçalo, primeira cidade em que o projeto Coletores de Imagens foi implantado. O projeto levou Maria Nazaré Rocha Ferreira, 68 anos, às lágrimas pelo menos em duas ocasiões. Quando assistiu ao filme e quando mostrou a foto dos seus três primeiros filhos.
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