segunda-feira, 25 de maio de 2009

Cabeça de vento

Pipa encanta a meninada desde a Antiguidade
por Mayara Freire / fotos de Antônio Resende

Papel, vareta e barbante. Esses elementos tão simples e baratos compõem uma das mais populares brincadeiras durante a mocidade: a pipa. Criada no Século II A.C. na China, elas tremulam no céu de todos os recantos do Brasil. Geralmente em terrenos baldios, campos de futebol ou lajes, jovens, principalmente os meninos, se divertem ao colocar a pipa no ar. Em diferentes regiões do território nacional têm diversos nomes como quadrado, pandorga, barrilete, pipa ou papagaio.

É a brincadeira favorita de Everton Luis da Silva, de 11 anos, morador de Jardim Pernambuco.“Desde pequeno tenho o costume de ficar na rua soltando pipa”, conta ele, que aprendeu a fazer suas próprias pipas. Posso ficar horas por dia fazendo isso.” Jefferson Amorim, 10 anos, concorda com o amigo. “Ficamos o dia todo soltando pipas, competindo entre nossos amigos. Todos os meninos do bairro vêm soltar. Compro uma pipa por dia”, diz.

Porém, não são apenas os meninos que se interessam. Quando era criança, Sabrina Ribeiro, 26 anos, também moradora de Jardim Pernambuco, sofreu muito com os próprios irmãos, que não gostavam de vê-la brincando com os seus amigos. “Eu era a única menina do grupo”, lembra, que ainda hoje não resiste ao ver um garoto conhecido soltando pipa e pede para brincar um pouco com sua linha. “Na minha época, era raro encontrar uma fazendo essas coisas que são consideradas somente para meninos.”
Figura conhecida na região, o artesão e pipeiro Cléber Nogueira, 48 anos, recebe muitas visitas de crianças na fábrica que abriu há cerca de 17 anos. “Sempre foi meu hobbie favorito”, conta ele, cuja profissão de origem era a de marceneiro. “Até eu casar e constituir família soltava pipa todo dia.” Apesar disso, só abriu o novo negócio quando o filho passou a fabricar e vender suas próprias pipas. “A procura passou a crescer muito, até que tive que largar o serviço para vender pipa”, conta Cléber.

Combate

Há praticantes de todas as idades. Entre eles, eventualmente combinam o que chamam de “combate”, quando um grupo de aproximadamente 30 amigos se encontra para empinar e cortar pipas. “É uma brincadeira que vai permanecer por muitos anos. Quero incentivar meus filhos a brincar com o que eu brincava. Quero passar para os meus filhos a criação que tive, brincando na rua, convivendo com outras crianças. Elas não podem perder essa essência”, conclui.

Marcelo Mascarenhas, 34, pai de Vitor, 8, aluno da Escola Municipal José Ribeiro Guimarães, considera saudável a brincadeira que aprendeu com o pai e ensinou ao filho. “Mas fico preocupado quando vejo as crianças correndo alucinadamente atrás das pipas voadas e as linhas cheias de cerol.” Mascarenhas também se preocupa com as descargas elétricas, que podem matar quem solta pipa próximo às redes elétricas, ou os raios, que podem atrair raios nos dias de chuva.

Aprenda a fazer sua própria pipa: http://www.trafor.com.br/labPipa.php


Interatividade:

Você conhece alguma brincadeira mais popular que soltar pipa?

Um comentário:

  1. Gostei muito da matéria, nem tinha idéia que as pipas sobrevivem como brincadeira ha tantos anos. Acho que hoje, os jogos online devem estar, junto com as pipas, no posto de mais populares.

    ResponderExcluir

Uma kombi que resiste ao tempo

II IGUACINE Exibido na sessão de homenagens do II Iguacine, 'Marcelo Zona Sul' continua encantando plateias 40 anos depois de sua es...