por Josy Antunes
Uma família reunida ao redor de uma mesa repleta de frutas, leite, café, manteiga e uma enorme bisnaga de pão, numa manhã que precede as atividades diárias de pais e filhos. A cena, que hoje em dia parece utópica devido aos horários corridos, ainda se mantém viva na mente do padeiro Carlos Faria.
Há 42 anos responsável pela Padaria Flor de Iguaçu, localizada na esquina em frente ao túnel Getulio de Moura, o simpático senhor vivenciou o ápice das vendas de artigos para o tradicional café da manhã, quando os compridos pães vinham embrulhados com papel e barbante.
Por mês, eram encomendados dez “fardos” de papel, que continha 500 folhas cada. Hoje, a compra é de apenas um fardo mensal. “Não se usa mais a bisnaga, é mais o pãozinho francês de 50 gramas”, diz Carlos.
Devido a isso, o grande fornecedor de materiais para as brincadeiras da garotada aderiu às práticas embalagens de papel e às sacolas plásticas. A única economia gerada é a de tempo, pois os funcionários são poupados de embrulhar e amarrar os colossais pães. Porém, financeiramente, o resultado foi diferente. “Só trouxe prejuízo. O custo do plástico é bem maior que o do papel”, avalia o padeiro, acrescentando a queda das vendas.
Essa mudança de hábitos, segundo Carlos, iniciou-se entre os anos 80 e 90. Até então, era comum ver nas ruas os papeis de embrulho em uma nova forma – a de bola improvisada – entre os pés agitados da criançada. Com as pipas, os barbantes ganhavam o céu.
“Hoje em dia as crianças só querem saber de amarelão”, lamenta Faria, referindo-se aos biscoitos do tipo Elma Chips. Para ele, a troca das brincadeiras populares e do contato familiar pelos games e computadores é prejudicial para o desenvolvimento infantil. “Já esqueceram as padarias. Isso tudo acabou”, finaliza.
Interatividade:
Como as famílias podem incentivar a nova geração no resgate de jogos e brincadeiras, feitos de materiais simples como os reutilizados do café da manhã?
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