quarta-feira, 6 de maio de 2009

A desconstrução de Nova Iguaçu

Escola Livre de Música Eletrônica se consagra ao desconstruir hino de Nova Iguaçu
por Daniel Santos / fotos Cíntia Monsores

Faz dois anos que a Escola Livre de Música Eletrônica, cuja sede fica na Cerâmica, entrou no cenário de Nova Iguaçu. É mais uma parceria entre o Bairro-Escola e a ong Reperiferia, que tem como principio básico criar escolas de artes e tecnologia nas periferias. Coordenada pelo músico e ator mineiro Anderson Barnabé, a escola atende crianças de 10 a 17 anos do Horário Integral. “Nosso principal objetivo é levar informação para lugares onde elas não circulam”, resume Barnabé.

A escola é um braço da famosa Escola Livre de Cinema, que já atendeu mais de 2.500 pessoas em dois anos e meio de funcionamento. Foi a partir do sucesso e repercussão de suas produções que surgiu a idéia de se trabalhar com uma linguagem ainda mais popular: a música. “A mídia digital popularizou a produção do cinema, mas a música é uma linguagem muito mais acessível”, explica Barnabé. “Você não precisa de uma câmera para fazer música.”

O projeto funciona de terça a sábado, das nove da manhã às quatro da tarde. Embora seu nome dê a impressão de que só trabalhem com música eletrônica, a escola da Cerâmica oferece outras opções para a garotada do Bairro-Musical. “Temos percussão, pois a molecada precisa saber noção de ritmos.”

Além de receber os alunos do Horário Integral, o espaço oferece curso de dj para o público adulto aos sábados, com duração de três meses. O processo de seleção do curso, iniciado no mês de abril, atraiu nada menos do que 150 candidatos para 30 vagas. “Temos uma prova pra entrar, seguida de entrevista”, conta a administradora Cintia Monsores, de 22 anos. “Pra ingressar na escola, a pessoa tem que ter realmente a ver com a música, além de ser disciplinada.”

Mega-show
Um dos grandes momentos da história da escola foi a participação no mega-show do dia do trabalho, na última sexta-feira. Os alunos mais aplicados na percussão, mais alguns professores, tiveram a honra de dividir o palco com artistas consagrados como Josy, Pixote, MV Bill, Elba Ramalho, DJ Marlboro e o grupo de forró Pimenta do Reino, também de Nova Iguaçu.


Para participarem do evento realizado pela Rede Globo, em parceria com a Rádio Beat 98, a Central Única das Favelas e a Prefeitura Municipal de Nova Iguaçu, os alunos da Escola Livre de Música Eletrônica tiveram que passar algumas semanas de ensaio até a apresentação no evento. A batalha valeu a pena. “Eu não imaginava que um dia iria tocar em um evento grandioso como este”, contou, alguns minutos antes do show, Robson Rosa Rodrigues, 16 anos, um estudante da oitava série que até entrar no projeto sequer havia ouvido falar de instrumentos como chequerê, caixa ou alfaia. “Estou com vontade de chegar lá e fazer bonito. Nem dormi direito por causa desse dia.”

No show, o grupo que representou o projeto criou um repertório com cinco músicas, homenageando o povo Iguaçuano e da Baixada. “Sebastiana” e “A Ema Gemeu”, ambas de João do Valle, um músico maranhense que morou na cidade antes de morrer, causaram grande impacto na massa que superlotou o campus da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, no Aeroclube. Mas a grande surpresa da noite ficou para os arranjos do hino da cidade, executado na abertura e no encerramento da apresentação. “Descontruímos o hino composto por Pedro Navega de uma forma bem comteporanea, com arranjos de funk, marchinha e hip-hop”, disse o cantor Rafael Soares, mais conhecido como Nike.

O cantor admite que teve medo de que a experiência criassem um mal-estar na plateia, mas o pedido de bis, reforçado pelo apresentador global Serginho Groisman, mostrou que o grupo estava certo ao ousar fazer essa mistura de estilos musicas bem populares. “Gostei de brincar com o hino de Nova Iguaçu”, afirmou Nike.

Depois do show, o grupo percebeu que tinha cumprido sua missão a contento não apenas pela reação calorosa do público, mas pelo carinho com que foram recebidos pelos outros artistas nos camarins. “Cara, contagiou”, comemorou o professor Alessandro Nunes Silva, que também se apresentou com a Escola Livre de Musica Eletrônica. “Fomos reconhecidos pelo público e pelos artistas. Foi uma ótima oportunidade pra difundir a escola, mostramos que o projeto funciona. Em um dia, criamos uma aceitação para o projeto.”

Interatividade
Que música cujo arranjo você gostaria de desconstruir, colocando-a no seu estilo musical predileto?

2 comentários:

  1. aaaah! que saudade de vcês . Estão mandado super-bem nas matérias. Parabéns Daniel santos, Parabén Jovem repórter!

    interatividade:

    Eu gosto muito da música " filosofia" do Zeca Baleiro. Mas, ela é um pouco antiga,logo é de um estilo musical meio arcaico. rs
    Mas tem uma letra perfeita! eu não tenho preferência pra estilo de música não, [ simplesmente gosto de música]mas seria muito legal ouvir essa Filosofia em remix ou rap para dar um ar mais contemporâneo a essa obra do Zeca.

    Juliana Portella

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  2. Interatividade:

    Bom...N tenho estilo musical favorito, mas algo que gostaria de presenciar seria a música Through the Fire and Flames (Heavy Metal) em versão de música clássica, com direito a coral, violino, arpa e tudo *.*

    ...seria a melhor música de todas =D

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