Festa do Trabalhador marca uma nova etapa na carreira do Pimenta do Reino
por Larissa Leotério / fotos de Mariane Dias
Uma banda regional bem diversificada cujo foco é levar xaxado, baião e forró de maneira alegre e autêntica. Assim é a banda Pimenta do Reino, composta por Daniel Guerra (violão e voz), P.J. (flauta e vocal), Fernando Azevedo (sanfona) e Júnior Domingues (zabumba e vocal). A ideia que vendem é, principalmente, alegria, através da região em que vivem, Baixada Fluminense, e músicas que falam do cotidiano local. “Queremos é o resgate da identidade cultural da região”, explica o vocalista Daniel. “E acaba por ser uma afinação de ideias, de misturas”, completa o flautista P.J.
O projeto da banda surgiu em 2000, idealizado pelo vocalista pernambucano Daniel Guerra. “Vim de uma família musical. Abri mão de tocar MPB pelo trabalho da banda, da música regional. O sangue nordestino falou mais alto”, conta o recifense que começou a cantar aos dezessete anos, já na condição de morador da Baixada. E os resultados apareceram consideravelmente rápido. Em 2002, abriram o show da já consagrada banda Falamansa. “Foi o marco de uma etapa”, afirma. A segunda etapa teve início com a gravação do primeiro DVD da banda, em um grande show na RioSampa em maio de 2008. O Show do Trabalhador, evento promovido pela Rede Globo em parceria com a rádio Beat 98, a Central Única de Favelas (Cufa) e a Prefeitura de Nova Iguaçu, também entrou para a história da banda.
A diferença desse show foi a força da mídia, que deu uma público que a banda jamais teve. “Além disso, associou o nome do Pimenta do Reino a artistas consagrados como Elba Ramalho e MV Bill”. Apesar dos ganhos incontestáveis, os integrantes da banda ficaram preocupados com tanta projeção. “A televisão cria produtos e muitas vezes o grande público não está preparado para certas informações”, afirma Daniel Guerra. “A banda precisa cuidar da forma como vendem o 'produto' Pimenta do Reino.” Os integrantes da banda têm medo se tornar um produto, na imagem que passam e na sonoridade.
Empolgados com a grandiosidade do show, o Pimenta do Reino só lamenta que, pela importância que têm, eventos como a Festa do Trabalhador não aconteçam o ano inteiro. “É solidário com o ser humano”, afirma Daniel Guerra. “O trabalhador é um pouco carente da festa, da luz. É o conjunto de festa e cidadania.”
Postura do governo
O cantor também foi uma das pessoas que contribuiu para que a cultura da cidade chegasse ao ponto onde está atualmente, quando foi um dos primeiros a abrir os braços para o governo atual. “O que me levou a apoiar foi a postura que o atual governo assumiu com vários segmentos, bem como o artístico.” E, no início do quinto ano de governo, conclui que se passaram três etapas na cultura do município: primeiro, uma etapa de olhar só para dentro da cidade; segundo, uma etapa de olhar muito para fora da cidade; e esta terceira, que é a que vivemos hoje, um equilíbrio no olhar direcionado para artistas da cidade e de fora. “Equilíbrio através de editais, projetos, fóruns de cultura, festival e escolas livres”, enumera, satisfeito.
P.J. compara a atual situação cultural de Nova Iguaçu com a do próprio povo brasileiro. “Muita vezes ele é influenciado por uma cultura que não é a dele, esquecendo da cultura riquíssima que temos, e ele nem conhece.” Para o flautista do Pimenta do Reino, é preciso compromisso e respeito com o que já foi feito, e que é uma referência. Ele exemplifica com as letras da banda, antenadas com a realidade da Baixada Fluminense. “Falamos da nossa realidade, do que acontece aqui e que é diferente da realidade do povo nordestino, que foi o que originou tudo isso.” Mas a linguagem é a mesma do trabalhador, do povo sofrido, do povo que pensa no forró, na música e nas artes como uma válvula de escape. E é um povo que não sofre tanta influência de cultura externa como o povo fluminense, que “é globalizado, antenado e convive com outras culturas”.
É essa cultura fluminense que o Pimenta do Reino tenta revitalizar: “Estilos muito antigos que trazemos, como o choro e o próprio forró, e que as pessoas desconhecem por falta de acesso”, afirma P.J. Esse resgate se torna mais fácil porque é feito por artistas cada vez mais jovens e que se recusam a ouvir a música de consumo atual, buscando conviver com as raízes. “A galera não procura ouvir outros estilos e crescem contaminadas, com o ouvido viciado, ouvindo uma música 'pobre', por vezes depreciativa e muito aquém do que podemos produzir ou encontrar.“ O flautista acredita que, se ouvissem a verdadeira música brasileira, gostariam.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Uma kombi que resiste ao tempo
II IGUACINE Exibido na sessão de homenagens do II Iguacine, 'Marcelo Zona Sul' continua encantando plateias 40 anos depois de sua es...
-
Quando o sonho do lucro fácil se transforma em pesadelo por Marcos Vinícius e Wanderson Santos O sonho do lucro em um trabalho aparentement...
-
"O fim dessas salas se deu por não acompanharem o desenvolvimento das grandes industrias cinematográficas, restando somente as 'por...
-
Das grandes exportações às péssimas condições de produção Por Daniel Santos Imagens: Daniel Santos e sugadas da internet Situada entre Vila...
preciso falar que isso aqui tá "du caralho" como diz Julio Ludemir! pra mim a melhor matéria, (jamais desmerecendo meus caros amigos de trabalho). as informações foram enorme, e eu tive o prazer de está nessa hr ouvindo tudo, e registrando na minha mente, o tempo que Larissa ficou sentada no palco com os meninos foi de superar qualquer coisa, e pra se resultar justamente nisso ai. perfeito demais minha linda. parabéns mesmo.
ResponderExcluircontinue assim, "acho que agora vou prender mas meus entrevistados". parabéns a todos que ralaram bastante no dia do trabalhador.
Ficou ótima a sua matéria, muito obrigada querida pelo carinho com os meninos da Banda. Parabéns!!!!! beijos e muito sucesso. Márcia Rodrigues - Produtora da Banda Pimenta do Reino
ResponderExcluir