segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Onde as tribos se encontram


Praça Santos Dumont é o point da diversidade sexual
por Josy Antunes

O que começou como orkontro - encontro marcado através do orkut - agora é um grande atrativo para jovens de diversos estilos. Trata-se de um bar, localizado na praça Santos Dumont, que desde meados de 2008 tornou-se um point GLS.

No início, os encontros aconteciam na própria praça, com pequenos grupos de emos - um estilo dentro do rock – que compravam bebidas nos bares da proximidade. Quando os orkontros foram perdendo o sabor de novidade, os grupos recorreram aos bares. Além da bebida, era possível ouvir música e, claro, dançar.

Ao perceber o crescimento do público, os donos de um dos bares reservaram as noites de domingo para o público GLS. “E foi assim que virou o que é hoje, esse babado!”, explica Pedro Silva, 19 anos, assíduo frequentador do bar há cinco meses. Morador do Centro de Nova Iguaçu, ele justifica o sucesso do bar pelo fácil acesso e pela falta de opções para gays na Baixada.

Outras tribos
Aos poucos, foram se juntando aos emos jovens seguidores de outros estilos musicais, como o funk, hip hop, axé e música eletrônica. Isso logo se refletiu na pista de dança, onde o repertório das músicas ficou bastante diversificado. Mas nem todos ficaram satisfeitos, como explica Eduardo Sandre, 19 anos, morador de Belford Roxo: “Quando eu comecei a freqüentar, só tocava hip hop e eletrônica. Com a chegada dos funkeiros, passaram a tocar mais funk. Eu não me vejo dançando esse ritmo.” Antes de adotar a política de abandonar as pistas, ele tentou negociar uma mudança do repertório com o DJ. “Ele respondeu que se quiséssemos o controle da mesa de som, ele a virava para que nós mesmos manuseássemos.”

O público passou a experimentar outras noites, superlotando a praça a partir da quinta-feira. “As quintas e sextas também passaram a ser voltadas para o publico GLS e, como no domingo, acabaram dando certo”, explica Pedro Silva. A única noite que não caiu na simpatia do público GLS da Baixada foi a de sábado. “Nesses dias, nós vamos para uma boate gay na Califórnia”, lembra Pedro. Nos sábados, as noites da praça Santos Dumont são dominadas pelos heteros, e a música predominante é o pagode. Por curiosidade, Pedro já foi ao bar em dias de sábados, e comprovou as diferenças: “Não combina comigo, vi que aquilo não é pra mim”.

Apesar da tradição conservadora da Baixada, a diversidade sexual da Santos Dumont não perturba a paz das tribos que a frequentam. “Acaba que homossexuais e heteros se misturam. Nunca vi problema nenhum em relação a isso”, afirma Pedro. Essa democracia resiste inclusive a situações constrangedoras como as enfrentadas por Igor dos Santos, 16 anos, um morador hetero de Cabuçu. “Várias vezes os homossexuais não aceitaram um 'não' como resposta, quando disseram que queriam me beijar”, queixa-se Igor, que frequenta a praça há apenas três semanas. Apesar desses percalços, ele nunca presenciou brigas ali.

Fim da opressão
Moradora de Mesquita, e ex-seguidora do encontro de rock existente lá - atualmente localizado no antigo galpão da Visão de Águia - , Andressa de Souza, de 18 anos, encontrou mais aceitação no point da Santos Dumont: “Aqui é muito melhor. É um bar gay como nenhum outro é”, declara a moça, que bate ponto todas as noites de domingo na praça.

Tendo em comum com Andressa a troca do rock de Mesquita pelo bar, Osmar Luiz, 19 anos, morador do mesmo bairro, vai mais além na defesa do novo local: “No rock, os gays eram muito discriminados. Ficávamos escondidos, agrupados num cantinho demarcado pra nós. Quando viemos pro bar, encontramos um mundo só pra gente, foi totalmente diferente. Não precisamos mais ficar oprimidos nos cantinhos”. Ele já presenciou cenas de descriminação, por parte dos responsáveis pelo bar - que são todos heteros – nos horários diferentes dos voltados para os GLS. “Mas no nosso horário, eles respeitam totalmente.”

4 comentários:

  1. pow tenho saudades dai do point era legal quando eu saia da minha escola e passava a tarde todinha de sexta feira para ver a galera muito bom estes tempos de 2008 quando e fazia curso normal saudades

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  2. que tempos legais a Praça Santos Dumont era para a galera de varias tribos musicais la todos eram diferentes mas iguais no mesmo lugar se medo se ser ou de viver

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  3. Praça Santos Dumont quanto tempo

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  4. Pq não tem mais??? O q aconteceu?

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