segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Mãe mais nova

Adolescentes da Baixada sacrificam melhores anos de suas vidas para ajudar a mãe a criar irmãos mais novos
por Marina Rosa

Verão é a estação das marquinhas de biquini, das roupas mais ousadas e dos cabelos curtos. Muitas mulheres passam todas as outras estações se preparando para essa oportunidade de curtir as férias, 'torrarem' no sol, seja na praia ou na laje, só para conseguir a tão desejada 'marquinha'.

Mas o sol não nasceu para todas. Uma entre três mulheres da Baixada de 15 a 25 anos vive quase exclusivamente para tomar conta de crianças. Na maioria das vezes são irmãos, primos, mas há até casos em que são filhos de amigos ou de desconhecidos. Essas mulheres assumem a responsabilidade de outras pessoas que por algum motivo não têm tempo para ficar em casa ou dinheiro para mantê-los em creches.

Na maioria dos casos, quem cuida não tem filhos. No entanto, essas meninas acabam se sentindo como se tivessem, como é o caso da Patrícia Almeida, 21 anos, moradora do bairro Miguel Couto. Ela toma conta de Camila, 4 anos, desde que a menina completou 10 meses. "Às vezes me sinto como mãe dela porque ela fica o dia todo comigo e praticamente sou eu quem a educo, já que a mãe sai para o trabalho às oito horas e só volta às dez da noite quando, muitas das vezes, ela já dormiu", conta Patrícia.

Patrícia também tem um irmão de 6 anos, chamado Marcos. Antes de sua mãe tê-lo, ela era vendedora de uma loja de roupa no shopping. Como sua mãe também trabalhava, Patrícia teve que deixar o trabalho para cuidar do irmão tão logo a licença maternidade da mãe acabou. Logo depois veio a oportunidade de ganhar dinheiro cuidando de Camila e assim Patrícia ajuda a mãe tanto cuidando do irmão quanto nas despesas, sem ter que sair de casa para trabalhar.

A única preocupação de Patrícia é de não ter tempo para aprimorar seus estudos. "Quero fazer faculdade de administração mas por enquanto não tenho tempo e isso me atrapalha um pouco porque não faço nada além de cuidar das crianças. Só estou livre aos domingos, mas fico tão cansada que não tenho ânimo nem para me divertir", desabafa.

Nervos não aguentam mais
Já na situação de Camila Delfino, de 15 anos, moradora do bairro Comendador Soares, o que preocupa são os nervos. A adolescente tem duas irmãs, Marcelle, de 12 anos, e Bruna, de 10 anos. Apesar da pouca diferença de idade, ela começou nessa vida de "babá" há pouco tempo. "Tínhamos babá até o início do ano passado porque meus pais sempre trabalharam e chegam em casa lá pras dez da noite", conta a estudante. A queda no padrão de vida dos pais trouxe pelo menos dois sérios problemas para Camila: começou a brigar com as irmãs e, acima de tudo, a viver estressada. "Meus nervos não aguentam mais!"

Moradora de Belford Roxo, Kelly Cristina, de 20 anos, sempre foi uma 'dona de casa' porque sua mãe tem problemas de visão, o que a impede de realizar algumas tarefas. Aos 13 anos, teve seu primeiro irmãozinho, Júnior, que desejava mesmo sabendo da responsabilidade que iria enfrentar. Um ano depois veio mais um irmãozinho, Vinícius. Tanto ela quanto a mãe ficaram surpresas com a chegada do caçula, mas as duas desenvolveram as estratégias necessárias para enfrentar aquela situação. "De manhã eu ia a escola enquanto ela ficava com eles e assim que eu chegava trocava o 'posto' com ela", conta Kelly.

Esse revezamento não comprometeu nem o desempenho escolar nem a vida social de Kelly. "Quando tenho que estudar, tiro meu tempo certo e consigo lidar com tudo super bem. Além disso, sempre fui muito caseira." Com uma maturidade surpreendente para sua idade, Kelly não sentiu inveja nem ciúme da atenção que os meninos exigiam dos pais. "Até eu tenho minha atenção voltada para eles e apesar de eu ser irmã tenho responsabilidades de mãe pois tudo relacionado a estudo, medico, roupas e até diversão, sou eu quem cuido."

Um comentário:

  1. Poxa concrodo mesmo tem muitos jovens como eu que tem que deixar de estudar muitas das vezes faltar aula pra trabalahr e cesustentar!
    E chato + e mais um tempo perdido ganhando esperiencia proficinoal,e uma luta de dilemas!"se não trabalhar não quer nada se trabalhar não tem estudo" vai enteder cociedader!

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