sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Festa ambulante


Trabalhadores informais aproveitam o carnaval para fazer um dinheiro extra
por Marina Rosa

Pode ser que para a maioria das pessoas o carnaval represente dias de folia ou, para os que não curtam, alguns dias para descansar em casa. Mas o que seria do carnaval dos foliões sem os ambulantes, as barraquinhas, os guardadores de carro?

Pois é, o carnaval não é só folia pra todo mundo que gosta de curtir. Há muitas pessoas que fazem parte dessa festa trabalhando. Não se tratam de pessoas viciadas em trabalho. Elas apenas enxergam nas multidões arrastadas pelos blocos e escolas de samba uma possibilidade de fazer um trocado.

Até quem não tem idade para trabalhar e deveria se preocupar apenas com diversão acaba cedendo à tentação de ganhar uma grana nos dias de folia. O jovem estudante João Freitas, 16 anos, morador de Boa Esperança, incentivou o pai desempregado a comprar bebidas para ele próprio vender nas ruas. “É que eu quero comprar um tênis novo e minha família neste momento não está podendo”, explica o jovem.

Apesar da pouca idade, João Freitas gostaria de estar trabalhando para ajudar a mãe, que trabalha como auxiliar de limpeza para sustentar os três filhos. Mas o máximo que consegue é uns bicos de vez em quando. “Não dá pra ajudar nem em casa direto, imagine pra comprar algo pra mim". O adolescente curte o carnaval desde os 10 anos de idade e, assim que vender as mercadorias nas quais a família investiu, vai cair no samba. "Depois que eu conseguir o dinheiro que eu preciso pra comprar meu tênis, eu vou curtir um pouco.”

Tem que aturar
É possível que João Freitas cruze com a atendente de loja Lurdes, uma moradora de Jardim Pernambuco de 33 anos, que vende pipocas e bebidas no carnaval desde 2006. “Tenho emprego de carteira assinada há oito meses”, conta ela. Mas ela aproveita a época para completar renda, que no momento é de pouco mais de um salário mínimo. "Não gosto porque tem muita confusão de pessoas e uma agitação tremenda”, admite. “Mas tenho que aturar tudo isso só pra ganhar uma grana."

Apesar de serem apenas quatro dias, a grana extra não é único motivo para a dona de casa Lucia de Melo Santos, 29 anos, ganhar as ruas com as mãos cheias de mercadoria. Uma foliã desde o início da adolescência, ela tenta conciliar a necessidade de uma renda extra com a de estar junto do marido. "Eu não sei o que seria de mim sem o carnaval porque é só nessa época que eu e meu marido conseguimos ficar bem juntinhos mesmo trabalhando", afirma a dona de casa.

Mas não são apenas os comerciantes que aproveitam o carnaval para fazer um dinheiro extra. Que o diga o malabarista Leandro Furtado, que no ano passado pegou o seu material de trabalho e se mandou para o litoral sul do Rio de Janeiro, apresentando-se para públicos diversos em Paraty, Ilha Grande e Trindade. "Consegui R$90 em três bares de Ilha Grande”, lembra o malabarista. Mas ele sabe que o seu lucro nem sempre é garantido. “Passei o dia quase todo trabalhando em Trindade e só consegui R$30", confessa. Apesar dos altos e baixos da profissão, ele vai repetir a dose esse ano, dessa vez em Sana.

Um comentário:

  1. Vendedores assim facilitam o acesso das pessoas aos produtos,e conseguem aumentar sua renda mensal. Isso é bom e, quando os vendedores não são invasivos, traz lucro pros consumidores também.

    ResponderExcluir

Uma kombi que resiste ao tempo

II IGUACINE Exibido na sessão de homenagens do II Iguacine, 'Marcelo Zona Sul' continua encantando plateias 40 anos depois de sua es...