terça-feira, 15 de julho de 2008

Quarentões on-line

Cresce o número de coroas que procuram lan house
Por: Leo Venancio
Fotos retiradas da internet

As lan houses sempre foram consideradas redutos de jovens e adolescentes que têm intimidade com o uso do computador. Mas, de uns tempos para cá, essa realidade vem mudando gradativamente. As coroas estão se tornando figuras cada dia mais comuns na grande rede.

O servidor da Lan House Lyra's, Thiago Tobias Ferreira, 19 anos, já percebeu essa nova tendência. "Acho uma coisa legal, pois assim elas aprendem a mexer e a não depender das outras pessoas", elogia Thiago, que acha bastante interessante a presença das 'coroas' na lan house em que trabalha.

Moradora da Caioaba, a corretora de seguros de saúde Nair da Silva Oliveira, 45 anos freqüenta a lan house do bairro há três anos. Ela não sentiu dificuldade com o computador, que aprendeu a manipular na Amil. "Eu já tinha uma noção de computador devido ao meu trabalho", explica.

Nair também não teve nenhum problema de relacionamento com os jovens, pois é bastante extrovertida. Divorciada e mãe de dois filhos, ela procura a lan house para se relacionar com outras pessoas, entrando em sites de relacionamento como Orkut e MSN, entre outros. "Prefiro a lan house porque é um lugar mais divertido, descontraído. Poderia ficar em casa, mas não seria tão interessante quanto numa lan", diz ela.

Medo dos jovens

Outro exemplo desses novos tempos é a comerciante Tânia Gomes Leal, 40 anos, também moradora do bairro Caioaba. Dona de um bar há pouco mais de três anos, Tânia começou a freqüentar lan houses há quase um ano. No início, ficou um pouco receosa de ir a um lugar onde a maioria do público era jovem, mas se acostumou com o tempo. "O problema era mais comigo mesma", diz Tânia. "Eu tinha um pouco de receio, mas vi que era superdivertido e fui me adaptando."

Sua maior dificuldade foi fazer "amizade" com o computador, pois não sabia nada a respeito. Foi sua filha 14 anos que a ajudou a vencer as primeiras barreiras."Foi um sacrifício", lembra. "Eu não sabia nada e foi minha filhota quem me ensinou." Já os jovens a aceitaram muito bem. "Algumas vezes trocamos piadas", comenta. "É uma relação bem amigável.". Como Nair, Tânia procura se relacionar com as pessoas e conhecer gente nova, mas também utiliza a lan house para outros serviços, como imprimir boletos, fazer inscrições e conferir resultados.

Tânia acha maravilhosa a convivência de pessoas de idades diferentes na lan house do bairro. "A idade não tem nada a ver com a convivência ou não das pessoas", afirma. Segundo o servidor Thiago, há jovens solidários com os mais velhos, ajudando-os a ganhar familiaridade com o computador. Thiago explica que as "coroas", na grande maioria, procuram a lan house para resolver problemas de documentação, recadastramento de CPF e outros serviços. Porém, há coroas que vão atrás dos mesmos sites que os mais jovens. "Tem aquelas com espírito de jovem", comenta Thiago. "Algumas até fazem bagunça com os mais novos."
Intolerância

Infelizmente, ainda existem aqueles que são contra a presença de pessoas mais velhas em lan houses, achando "caretice". Mas, segundo Thiago, foram poucos os jovens que não se adaptaram aos novos tempos. "A lan house não determina idade, é livre para todos", afirma o funcionário da lan.

A professora primária Vilma Oliveira, 48 anos, freqüenta a lan house há pouco mais de dois anos e também mora na Caioaba. "Sofri preconceitos devido ao fato de estar fora da faixa etária dos freqüentadores da lan", diz Vilma. Para ela, a lan house serve como meio de pesquisa, mas ela também vai à procura de extrato bancário e contracheque, entre outros documentos. "Me sinto inseguro, mas acabo cedendo à praticidade dos serviços".

Ela aprendeu a manusear o computador com o filho Victor, 17 anos, ainda estudante. "No início foi muito difícil", lembra. Mesmo assim, ela ainda se sente um pouco deslocada em meio à massa de jovens que vão às lans. A mesma Vilma tem vontade de entrar em sites de relacionamento, mas não ousa. "Apesar de estarmos no 'barato' da globalização, gosto da vida real."

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