Por: Marcelle da Fonseca Lima
Imagens: cedidas pelos entrevistados.
Os celulares usados que o pai de Carolina Fernandes revende sempre despertaram a cobiça da estudante, mas ela só conseguiu realizar o seu sonho de consumo no dia em que ousou pegar um aparelho escondido. “Estou com ele até hoje”, revela com um ar maroto. O pai jamais desconfiou.
O também estudante Giovane Alves dos Santos não cometeu nenhum deslize ético, mas não foi menos trabalhosa a conquista do aparelho que com freqüência usa para fotografar a si mesmo e exibir sua beleza no Orkut para as pessoas que não o conhecem. “Consegui o meu celular com muito suor, juntando o dinheiro que recebia do programa Juventude Cidadã que fiz em
Também vão parar no Orkut as fotos tiradas pela também estudante Jéssica de Jesus Guimarães, mas as produz com a câmera digital que com freqüência traz em sua bolsa. “Uso a minha câmera para recordar momentos felizes, como passeios, festas, etc.”, conta. O registro mais recente foi feito em um passeio ao Parque Municipal de Nova Iguaçu, ao qual chegou depois de uma caminhada de quatro horas.
Uma das fotos de que mais gosta é a de um conjunto de árvores próximas a um paredão “esculpido pela mãe natureza”, que a deixaram encantada. “Toda vez que olho para aquela foto lembro o esforço que fiz para chegar até ali”, diz Jéssica. Também há histórias de obstinação por trás das fotos tiradas por Gracilene Ferreira Mattos, que tem como grande musa o cachorro Pretinho, da raça Pichi 2.“Eu sempre quis ter um cachorro”, conta Gracilene, cujo sonho de consumo esbarrava na intransigência do pai. Ela tentou driblar a vigilância dele, levando para casa um dos filhotes da ninhada da cadela de uma amiga. “O cachorro passava os dias na rua e, quando meu pai ia dormir, eu o colocava para dentro de casa.” Esse malabarismo quase acabou no dia em que o pai associou os latidos noturnos ao cheiro de fezes e urina que sentia quando acordava.
A depressão
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