quarta-feira, 14 de maio de 2008

Coluna sobre política

Política ou político?
Nos tempos atuais, muitos buscam uma política totalmente participativa, mas não é isso que vemos no quadro político nacional. Devemos ter plena consciência de que, mesmo não gostando, fazemos e somos extremamente políticos.

Incidentalmente, neste momento e contexto político-histórico do país, a política parece contrariar seus próprios ideais. Como diz Mikhail Aleksandrovitch, filósofo anarquista russo: "Assim, sob qualquer ângulo, chega-se ao mesmo resultado abominável: o governo da imensa maioria das massas populares se faz por uma minoria privilegiada. Esta minoria, compor-se-á de antigos operários, mas que, tão logo se tornem governantes ou representantes do povo, cessarão de ser operários e de igual maneira se colocarão a observar o mundo proletário de cima do Estado; não mais representarão o povo, mas a si mesmos e de igual maneira suas pretensões de governá-lo. Quem duvida disso não conhece a natureza humana".

Sob esta visão, percebemos que a política está se tornando desfrutável, pois sua apropriação pelo capitalismo acaba com a sociedade e com os indivíduos. Ela está deixando de ser política para se transformar na mais insana politicagem.

A politicagem, por sua vez, mina a capacidade que a política sempre teve de corrigir as desigualdades sociais e de poder criadas pelo capitalismo. E na ausência da política, resta uma sociedade inerte, sem capacidade de intervenção.

O que mais me incomoda, talvez, seja o fato de que a crise política pela qual passamos não afetou em muito a economia do país. Mas se é assim para que serve a política?

Ao contrário do que se pensa, é na política que acontecem as lutas por igualdades. É ela que discute as decisões relevantes para o país e para os indivíduos que nele residem.

Nosso maior erro é pensar política como partidária, ou seja, na qual o outro te representa. Sabemos que, chegando ao poder, as classes sociais são o que menos importa . Assim, o conflito e as propostas alternativas se enfraquecem, e a política se torna um falso poder público. Uma falsa democracia.

Cada pessoa é política, mesmo não exercendo-a. Temos que ter em mente que política não se limita ao Senado ou à Câmara dos Deputados. Política é, sobretudo, alfabetizar-se para torna-se crítico, social e humano.

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