Texto e foto : Flávia Sá
Carlos Marques Rollo é uma importante rua de Nova Iguaçu, que durante muitos anos foi a mais importante ligação entre a cidade e a Dutra. Mas somente as pessoas mais antigas conseguem associar o nome da rua ao empresário Carlos Marques Rollo, um senhor de 86 anos que pode ser encontrado todos os fins de semana na Igreja Santo Antônio.
Esse senhor traz a história de Nova Iguaçu gravada em seu coração. “Amo essa cidade e não a trocaria nem mesmo se me dessem uma casa à beira-mar em Copacabana”, diz Rollo, como o chamam as pessoas que gozam de sua intimidade. Oportunidades não faltaram para que seguisse o exemplo das nossas elites, que têm uma queda toda especial pela Barra da Tijuca.
A história pessoal e profissional de Rollo praticamente se confunde com a de Nova Iguaçu. “Fui um dos maiores exportadores da cidade”, conta. Mas a guerra e a mosca do mediterrâneo arruinaram a economia da cidade e de Rollo.
Nascido em Austin, onde o seu pai era chefe de estação do trem que ligava a cidade a Deodoro, Rollo sonhava ser um grande empresário desde a época em que até estudar era um sacrifício para os moradores de Nova Iguaçu. “A gente ia de trem para Cascadura”, conta. Como se não bastasse a distância da escola, os jovens iguaçuanos tinham que formar uma corrente humana para sair do trem. “Para descer na estação, a gente tinha que dar as mãos para furar a massa que queria entrar no trem em Cascadura.”
Embora fosse um dos exportadores mais criativos da cidade, tendo inclusive ganhado um prêmio na Primeira Feira da Laranja de Nova Iguaçu, a vida de Rollo começou a mudar de verdade com a inauguração da Dutra. “Os nossos trens só andavam superlotados e vi na rodovia a oportunidade de explorar o transporte automobilístico”, conta o empresário.
Foi aí que surgiu um outro nome que é praticamente sinônimo de Nova Iguaçu: Evanil, cujo nome traz embutido o amor incondicional do empresário pela cidade. “Evanil é a sigla de Empresa de Viação Automobilística de Nova Iguaçu Limitada.” No fim da década de 1970, um problema de saúde o obrigaria a abrir mão da empresa que fez dele o maior empregador da Baixada Fluminense, com mais de mil funcionários.
Rollo sempre foi um homem pacato, que prefere não receber as inevitáveis homenagens para um homem com a sua projeção. “Pode parecer que estou querendo aparecer”, justifica. Mas o seu amor à pátria o levou a ter uma intensa vida partidária, que começou no PSD liderado por Getúlio de Moura. “Foi graças ao prestígio político de Getúlio de Moura que a cidade de Nova Iguaçu conseguiu as verbas com o governo federal para abrir o laranjal que existia na rua que leva meu nome”, exemplifica.
Para o empresário, somente um político assim poderia atrair os recursos que transformaram Nova Iguaçu num imenso canteiro de obras. “Não era uma questão de competência administrativa”, analisa. “Nem mesmo o mais competente dos políticos iguaçuanos poderia trazer tantos investimentos.”
O tempo se encarregou de mostrar que ele estava com a razão, mas Rollo sofreu por causa do apoio ostensivo à candidatura de Lindberg Farias. O empresário, no entanto, não perdia o bom humor nessas horas. “Fui um ótimo aluno de geografia”, lembra. “E no mapa que estudei são brasileiras todas as pessoas que nascem do Oiapoque ao Chuí.”
Mas não foi apenas por causa de uma obviedade geográfica que enfrentou galhardamente as críticas de que foi alvo. “Essa cidade cresceu por causa da Dutra”, lembra. É por ela que a imensa massa de trabalhadores de Nova Iguaçu pode chegar a seus empregos no Rio de Janeiro e foi por ela que chegaram os paus-de-arara que transformaram a nossa cidade numa das maiores capitais nordestinas. Lindberg Farias é apenas mais um.
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