Por Fernanda Dias de Oliveira, Kelly Cristina Bonfado de Araújo e Wallace Sant'Anna de Carvalho
Foto: Louise Teixeira
Diego Bion tem apenas 23 anos, mas já é um dos personagens mais ativos da cena cinematográfica que está se criando
Bion viveu intensamente o Iguacine, no qual encaixou dois filmes em três das quatro mostras. Embora considere uma vitória pessoal ter sido incluído em um festival com mais de 200 inscritos, viu o festival como mais uma etapa de uma história que no mínimo remonta aos primórdios do projeto Bairro Escola. "Com o Bairro-Escola e a Escola Livre de Cinema, ficou provada a possibilidade que o audiovisual nos da enquanto ferramenta de inclusão subjetiva no mundo contemporâneo." Para o cineasta, nada mais natural que uma cidade que produz cinema tenha em sua agenda um evento destinado ao escoamento dessa produção.
A simplicidade parece ser uma marca desse iguaçuano cinéfilo, que gosta de todos os gêneros cinematográficos e só evita os filmes de terror porque, confessa, tem medo. Sua simplicidade se manifesta nos filmes que vem produzindo numa média de quase um por ano. É assim que explica "Dia dos pais", exibido no festival. "Foi simples", diz. "Filmei o meu percurso até a casa do meu pai em 2007." Não foi muito diferente com "Noite aberta", que filmou entre 2005 e 2006. "A TV fala sobre ela mesma", resume. Em "Sobre as raízes das laranjeiras Real Raciocínio”, que também participou do Iguacine, um homem caminha pelas ruas de Nova Iguaçu com um texto de Ileci Ramos Filho, chamado Real Raciocínio, em off.
A violência, presença quase obrigatória na produção cinematográfica sobre a Baixada Fluminense, só foi discutida no filme "Julgamento", que dirigiu este ano. "O filme mostra o comportamento da imprensa no dia do julgamento dos policiais envolvidos na chacina de 2005", conta Bion. Essa variação temática lhe pareceu inevitável. "A imprensa só vem a Nova Iguaçu para falar sobre os episódios de violência", diz. Bion atribui a ela o estigma de pobreza e criminalidade, que evitou nos seus outros filmes. "Não é que eu evite”, explica. "Mas acredito que existem outras coisas para falar."
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