Por Flávia Ferreira
Fotos: Felipe Rodrigo e site da Semuvv
O Pacto pela Paz é uma iniciativa que pretende reunir, através da internet, pessoas e instituições comprometidas com a segurança pública. O objetivo desse trabalho é reduzir o índice de violência letal. "Acreditamos que o sistema tradicional de combate a violência feito pela polícia com o enfrentamento direto não traz muitos resultados", diz Alexandre Machado, responsável pelo setor de comunicação e relacionamento da SEMUVV (Secretaria Municipal de Valorização da Vida e Prevenção da Violência). Essa rede está conectada por duas comunidades do GRAAL e um perfil do Pacto pela Paz no popular site de relacionamento Orkut, sendo que ainda está em pauta uma futura criação do Blog do GRAAL. Esse programa se aplica aos moradores de Nova Iguaçu, sendo seu foco principal os jovens na faixa etária entre 14 e 24 anos – principais alvos da violência, inclusive da violência letal.
Na internet, através do site de relacionamento Orkut, o trabalho é mapear a rede e trocar informações. "Vamos pegar o trabalho presencial na formação da rede real e estender isso na forma de um braço para a internet", diz Alexandre. Para mostrar como as comunidades do Orkut podem ser úteis aos jovens do grupo reflexivo, ele cita o exemplo dos jovens do Graal do bairro Miguel, que Couto estendem os debates dos grupos reflexivos na internet. "A idéia é usar o site institucional da secretaria e um de relacionamento". Segundo ele, a escolha do Orkut foi feita pensando na possibilidade de estreitar o convívio dos grupos. Desta forma, o projeto fomenta a participação dos jovens nos debates sobre segurança e formam uma rede virtual pela paz.
A internet vem se estabelecendo como um meio de interação privilegiada. "A sociedade funciona cada vez mais em rede", diz Rosa Lima, também responsável pelo setor de comunicação e relacionamento da SEMUVV. O Pacto pela Paz engloba todos os projetos da SEMUVV: o grupo reflexivo GRAAL, o FAVO (Atendimento a Famílias Vítimas de Violência) e o Lutando pela Paz. "A discussão é motivadora para se conseguir reduzir o clima de violência, as ações começam a acontecer", diz Alexandre.
Os projetos implementados foram testados em outros locais. Esse é o caso do Lutando pela Paz, que o secretário da SEMUVV, Luiz Eduardo Soares, implantou em Porto Alegre utilizando a mesma metodologia. A implementação deste projeto, que faz uso das artes marciais, gerou uma série de debates. "Ao contrário do que era exposto nos debates, onde muita gente achou que as artes maciais aumentariam a violência, essas aulas motivaram a disciplina, hierarquia e a moral". Com isso, concluía-se que a aulas de artes marciais não eram e nem geravam violência.
A prática mostra que não basta equipar a polícia para reduzir a violência. "Vemos que o crescimento da violência e o acesso facilitado às drogas têm se tornado cada vez mais universal", diz Alexandre. O mundo atual precisa de menos repressão e mais prevenção. "Precisamos proteger os nossos jovens, que são os que mais sofrem com as crueldades, não necessariamente de policiais, mas de todos os lados."
Para os coordenadores da SEMUVV, os jovens entram no crime por falta de oportunidades e opções. "É aí que esses projetos entram, uma vez que criam meios de competir com os traficantes", diz Alexandre. O GRAAL começou com os policiais do famoso Batalhão da Morte, através de Fernando Acosta, que é o mentor desta metodologia. "Os policiais participantes estavam tão envolvidos que fizeram outros policiais chorarem", lembra Alexandre.
O Pacto pela Paz também se alimenta dos grupos reflexivos criados para proteger as mulheres da violência dos homens. Nas ações deslanchadas a partir da entrada em vigor da Lei Maria da Penha, decidiu-se que o amparo legal dado às mulheres agredidas deveria ser somado a grupos reflexivos formados pelos agressores dessas mulheres. Outro projeto que amplia a rede do pacto é o Favo, um grupo reflexivo que atende familiares de vítimas de chacinas.
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